Luísa Lagoeiro como Evita Perón em 'Balada para sofrer con gusto'

Luísa Lagoeiro como Evita Perón em 'Balada para sofrer con gusto', que faz curta temporada em BH

Matheus Lustosa/divulgação

O grupo Mulheres Míticas revive dois ícones argentinos – a ex-primeira-dama Eva Perón e o dramaturgo Copi – em seu quarto espetáculo, que ficará em cartaz de hoje (29/6) a domingo (2/7), na Funarte MG.

“Balada para sofrer con gusto” se inspira na peça de Copi sobre Evita. Dirigida pela chilena Sara Rojo e escrita por Éder Rodrigues, Ibi Monte e Marina Viana, a montagem mineira traz Eva Perón (1919-1952) como precursora da voz feminina na América Latina.

“Eva Perón é uma figura muito importante para nós, mulheres. Ela criou a imagem de mulher forte e entrou na política no momento em que estávamos bem longe dali. Criou programas sociais e desafiou o patriarcado”, explica a diretora Sara Rojo.
 
 
Por sua vez, Copi (1939-1987) foi um dos primeiros autores latino-americanos a retratar a homossexualidade em seus livros e peças. O dramaturgo não conheceu Evita pessoalmente.

“Copi era obcecado com Eva Perón, então criamos dramaturgia que cruza essas histórias, que começam e terminam em épocas diferentes”, afirma Sara Rojo.
 
 Felipe Cordeiro como Evita na peça Balada para sofrer con gusto

Felipe Cordeiro como a Evita interpretada pelo dramaturgo Copi em Paris

Matheus Lustosa/divulgação
 

Momento autoral

Depois de anos interpretando textos de grandes nomes da dramaturgia latino-americana, o grupo Mulheres Míticas decidiu voltar às origens e montar uma peça autoral. A motivação surgiu do fascínio dos atores pelas duas personagens.

“Eu e Luísa Lagoeiro, que também é protagonista da peça, assistimos em Buenos Aires a uma montagem de ‘Eva Perón’, do Copi. Não conhecíamos nenhum dos dois, mas fiquei fissurado com aquilo”, conta o ator Felipe Cordeiro.

Além de dramaturgo, Raul Damonte Botana, o Copi, era poeta, ator e cartunista. O argentino vivia em Paris, onde apresentou “Eva Perón” pela primeira vez.

Seu espetáculo traz Evita em diversas fases de sua vida, da precoce carreira de atriz, na adolescência em Buenos Aires, a ícone do peronismo no governo do marido, o então presidente da Argentina, Juan Domingo Perón (1895-1974).
 

'Ela (Evita) criou a imagem de mulher forte e entrou na política no momento em que estávamos bem longe dali'

Sara Rojo, diretora

 

Na montagem mineira, Eva é interpretada por Jéssica Ribas e Luísa Lagoeiro. 

O ator Felipe Cordeiro faz o papel de Copi e também de Evita na peça que ele escreveu.

“O diferencial é que trazemos Copi para a história. Como as pessoas não o conhecem no Brasil, acreditamos que seria interessante apresentar não só a obra, mas a personalidade em si”, diz Felipe Cordeiro, adiantando que a trama se dá nos contextos do Brasil e de Belo Horizonte.

No universo lúdico de “Balada para sofrer com gusto”, o Mulheres Míticas é acusado de roubar o corpo de Eva Perón, assim como foi sequestrado o cadáver embalsamado da primeira-dama, em 1955. Três anos antes, ela havia morrido de câncer no útero.
 

'Trazemos Copi para a história. Como as pessoas não o conhecem no Brasil, acreditamos que seria interessante apresentar não só a obra, mas a personalidade em si'

Felipe Cordeiro, ator

 

Cercado de mistérios, o corpo foi escondido em vários lugares de Buenos Aires e enterrado secretamente na Itália, em 1957. Apenas em 1976, cinco anos após a morte de Juan Perón, Evita retornou à Argentina, onde está enterrada no cemitério da Recoleta, na capital. 

“BALADA PARA SOFRER CON GUSTO”

• Peça do grupo Mulheres Míticas
• Desta quinta-feira (29/6) a domingo (2/7), às 20h, na Funarte MG (Rua Januária, 68, Centro)
• Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), disponíveis na plataforma Sympla e na bilheteria do teatro
• Informações: (31) 3213-3084
 
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria