Mulher negra está de perfil e olha para cima em cena do filme A negra de

Filme "A negra de..." será exibido nesta quinta (1/6), no Cine Humberto Mauro

Reprodução


Mostra inédita dedicada a Ousmane Sembène (1923-2007) entra em cartaz no Cine Humberto Mauro nesta quinta-feira (1º/6). Até o próximo dia 8, serão exibidos nove longas-metragens e quatro curtas do senegalês, considerado um dos precursores do cinema na África.
 
Sua obra é marcada pelo olhar crítico em relação a questões políticas e sociais. O público verá também curtas mineiros e brasileiros que dialogam com o pan-africanismo de Ousmane Sembène.

O diretor iniciou sua carreira nos anos 1950, por meio da literatura. Escreveu 10 romances e migrou para o cinema com o propósito de mostrar a África pelos olhos do povo daquele continente.
 
 

Literatura e cinema

Vítor Miranda, gerente do Cine Humberto Mauro, destaca que Sembène registrou a memória, o pensamento e as vivências do povo senegalês.

“Ele nasceu em país francófono, viajou para a França e lá aprendeu técnicas para fazer cinema da forma como a gente conhece. Depois, voltou para o Senegal e passou a realizar seus próprios filmes, com críticas profundas ao sistema social do país. De certa forma, foi uma figura emancipadora”, afirma Miranda.

Em 2023, comemora-se o centenário do diretor senegalês. A mostra também tem o objetivo de divulgar as diversas faces do cinema realizado na África.
 
“É um continente muito extenso e extremamente rico culturalmente, não existe só um tipo de cinema sendo feito lá.  Apesar de ser uma técnica que demorou a se realizar por falta de recursos e de oportunidades, a partir de figuras como Ousmane surgiram cinemas próprios de cada região africana”, diz o gerente do Cine Humberto Mauro.

“A negra de.../La noire de…”, filme que será exibido hoje, é um dos principais trabalhos do diretor, premiado no Festival de Cannes em 1967. O longa acompanha a história de uma jovem senegalesa que sonha com uma vida melhor e emigra para a Riviera Francesa para ser babá. Porém, vê-se confinada na França e tem todos os seus direitos negados.

Alain Sembène, filho do cineasta, fará participação em vídeo na noite desta quinta-feira, para falar sobre o legado do pai. A programação da mostra terá sessões comentadas e curso ministrado pela pesquisadora e curadora Janaína Oliveira.

O CINEMA DE OUSMANE SEMBÈNE

HOJE (1º/6)
19h: Sessão de abertura
“Morde & assopra” (2020), de Stanley Albano; e “A negra de…” (1966), de Ousmane Sembène

SEXTA (2/6)
17h: Diálogos pan-africanos
“Niaye” (1964), de Ousmane Sembène; “As lavadeiras do Rio Acaraú transformam a embarcação em nave de condução” (2022), de Kulumym-açu; e “Moolaadé” (2004), de Ousmane Sembène

• Até 8 de junho, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca. Programação completa: fcs.mg.gov.br
 
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria