Crianças pequenas caminham na rua sozinhas na rua na série Crescidinhos

Crianças japonesas surgem sozinhas na rua em cenas da série "Crescidinhos"

Netflix/divulgação


Se a primeira temporad a do reality “Crescidinhos” (Netflix) gerou discussão sobre como ocidentais lidam com a cultura oriental – houve críticas ao fato de pais japoneses incentivarem os filhos, desde muito pequenos, a assumir tarefas dentro e fora de casa –, a segunda leva de episódios reforça os laços comunitários da sociedade nipônica.

Produzido pela NipponTV desde 1991, o reality exibe crianças pequenas indo às compras e realizando pequenas tarefas, tudo supervisionado pela equipe do programa e pré-combinado com vizinhos e demais envolvidos. Agora, o atrativo está no extra.
 
Como os episódios vêm sendo produzidos há quatro décadas, a produção convidou os pequenos de outrora a retornarem para contar sua experiência no programa.

Há casos em que toda a família está de volta. Isso ocorreu com os irmãos Sho e Ayano, que participaram do reality em 1991 e, em 2016, acompanham o filho de Ayano durante a missão dada pela mãe e pelo tio.

Rígida hierarquia

Outro ponto forte de “Crescidinhos” 2 é o foco nas tarefas realizadas por irmãos, além do senso de hierarquia nas famílias japonesas, com respeito profundo aos mais velhos. A segunda temporada conta com 10 episódios de 15 minuto, metade da antecessora.

Bem diferentes de “Crescidinhos”, outras produções japonesas disponíveis na plataforma são “Alice in Borderland”, em segunda temporada, e a animação “Junji Ito: Histórias macabras do Japão”.

O suspense de ficção “Alice” acompanha as aventuras de Arisu (Kento Yamazaki) numa Tóquio onde se desenrolam jogos mortais. Fenômeno da Netflix na esteira do sucesso da sul-coreana “Round 6”, a série se assemelha a uma versão macabra de “Alice no País das Maravilhas”.
 
Animação mostra rosto de figura bizarra masculina em frente a pregos

Cenas bizarras são o forte de "Junji Ito: Histórias macabras do Japão"

Netflix/divulgação
 

Também macabras são as histórias adaptadas da obra de Junji Ito, mestre do horror contemporâneo japonês. Vinte contos deram origem a 12 episódios, que não seguem linha narrativa sequencial e podem ser vistos da forma como o espectador quiser.

Com cores frias que variam entre tons de azul-escuro, cinza, preto e branco, o anime reproduz o clima de tensão dos mangás. Destaca-se o episódio “Balões no ar”, em que as pessoas são perseguidas por balões gigantes.
 
 

A gema e o pintinho

Para quem prefere opção mais leve, “As aventuras de Gudetama” traz a jornada de uma gema de ovo preguiçosa e de seu irmão fecundado, o pintinho Shakipiyo, em busca da mãe.

A forte aposta da Netflix no audiovisual japonês demonstra o vigor do soft power da cultura pop nipônica no imaginário ocidental. A disponibilização das obras na língua original torna esse processo ainda mais interessante.

* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria