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Estado de Minas INAUGURADO EM 1932

Noventa anos do Cine Theatro Brasil celebrados com programação gratuita

Espaço artístico, inaugurado em 1932, marcou época e continua como importante símbolo cultural no Centro de BH


11/07/2022 04:00 - atualizado 11/07/2022 09:10

 Cine Theatro Brasil Vallourec, na Praça Sete,
Cine Theatro Brasil Vallourec, na Praça Sete, se tornou espaço para vários eventos artísticos (foto: Gabriel Araujo/Divulgação)

Lançada nos EUA em dezembro de 1931, “Deliciosa”, comédia romântica de David Butler, tinha um atrativo e tanto para os brasileiros. No elenco estava o ator carioca Raul Roulien (1905-2000), que naquele mesmo ano havia chegado a Hollywood para tentar a sorte. No filme, o segundo de sua carreira, interpretou um russo, Sascha, integrante de um grupo de artistas europeus que tentava a sorte na América.

Em 14 de julho de 1932, uma quinta-feira, Roulien esteve em Belo Horizonte, mais especificamente na Praça Sete. Naquela noite foram exibidas duas sessões de “Deliciosa” para um público de 5 mil pessoas. A multidão (a cidade, na época, tinha cerca de 120 mil habitantes) estava ali para a inauguração do Cine Theatro Brasil.

É também numa quinta-feira que o espaço – que até 1943 foi o prédio mais alto de BH, além de ter sido o primeiro em estilo art déco – celebrará seus 90 anos. Neste 14 de julho, o Cine Theatro Brasil Vallourec terá uma comemoração gratuita que vai se estender por mais de 12 horas.

A programação terá início às 8h e irá para além dos domínios da edificação que inaugurou a era do concreto armado na cidade. Além de sessões de cinema no teatro de câmara e espetáculo no Grande Teatro, haverá apresentações de música no hall de entrada e show no quarteirão da Rua dos Carijós.

“Hoje, ele é um espaço que atende a todos os públicos. Para além do teatro, conseguimos fazer com que se tornasse um centro cultural vigoroso”, comenta Sandra Campos, gerente do Cine Theatro Brasil Vallourec. Em 31 de outubro de 2020, foi ainda o primeiro teatro de BH a reabrir na pandemia. “Foi um período de muita luta. Reabrimos, depois fechamos novamente e cancelamos a programação de quase um ano”, continua ela.

Boa parte dos eventos foi reagendada e até hoje há um rescaldo do período da crise sanitária. Em 30 e 31 deste mês, por exemplo, finalmente serão realizados os shows Metallica S&M Brasil, marcados dois anos atrás. “O público voltou. No fim de semana, tivemos três sessões no sábado (9/7) e três no domingo (10/7) do (comediante) Thiago Ventura esgotadas. As pessoas estão sentindo mais segurança em ir ao teatro”, afirma Sandra.
Cine Theatro Brasil, na praça sete, quando foi inaugurado em 1932
Em 14 de julho de 1932, o Cine Theatro Brasil foi inaugurado e considerado o primeiro prédio em estilo art déco da capital (foto: Projeto Sempre Vivo/divulgação)

AMPLIAÇÃO 
Com a vida retornando à normalidade, a ideia, diz a gestora cultural, é ampliar em 2023 a atuação do Cine Theatro Brasil. “Uma das intenções é abrir as portas. Em vez de tudo acontecer no teatro (o principal conta com 1 mil lugares), a ideia é realizar projetos do lado de fora, como um quarteirão das artes”, acrescenta.

No próximo ano, inclusive o espaço, como o conhecemos hoje, completará sua primeira década. Fechado em 1999, o cinema, após seis anos de reforma, foi reinaugurado em outubro de 2013 como um centro cultural – na época, foram expostos os murais “Guerra e paz”, que Cândido Portinari (1903-1962) fez para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

A ação desta semana começa às 8h com uma apresentação da Banda da Guarda Municipal na entrada principal, na Praça Sete. Ao longo do dia, e no mesmo local, haverá apresentações do Coral Lírico de Minas Gerais, do Coral Black to Black, de gospel, e do Baile da Dri, da cantora Adrianna.

Quando a noite cair, haverá forró com o Trio Lampião, no quarteirão fechado e, no Grande Teatro, o espetáculo “Francisco – Do rio ao riso”, protagonizado e dirigido por Carlos Nunes. No final deste mês, encerrando a temporada, haverá concerto com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, com trilhas do compositor John Williams.
Foto da pedra fundamental do Cine Brasil, em 1930
Matéria no Estado de Minas de 21 de maio de 1930 anunciou a colocação da pedra fundamental do Cine Brasil (foto: Igino Bonfioli/Arquivo EM %u2013 1930)

RETORNO DO CINEMA 
A vocação de cinema só foi retomada a partir de 2016, quando o Teatro de Câmara recebeu equipamentos de som e de exibição. O espaço, que comporta 250 espectadores, teve diferentes funções no passado (nos anos 1950 abrigou o primeiro restaurante popular de Minas Gerais). As poltronas, recuperadas, são do Cine Brasil original.

O local abriga anualmente uma mostra de cinema. Nesta semana, vai exibir quatro títulos clássicos, como “O garoto”, de Charles Chaplin, que completou seu centenário em 2021; e “Scarface”, de Howard Hawks, que é da mesma idade do Cine Brasil.

“Uma realização architectonica moderna em Bello Horizonte”. Foi desta maneira que o Estado de Minas de 21 de maio de 1930 anunciou a colocação da pedra fundamental do Cine Brasil, o primeiro cinema da Empresa Cine-Theatral, fundada alguns meses antes. A obra consumiu os dois anos seguintes. Em 20 de maio de 1932, o EM noticiou que o “arranha-céo” da cidade estava quase pronto.
os murais 'Guerra e paz', de Cândido Portinari, em exposição no Cine Theatro Brasil Vallourec,
Em 2013, espaço foi reinaugurado como centro cultural e, à época, os murais "Guerra e paz", de Cândido Portinari, foram expostos (foto: Marcos Vieira/EM/D. A Press %u2013 8/10/13)

A edificação foi projetada pelo arquiteto Alberto Murgel e pelo calculista Emilio Baumgart. O custo total da construção, de acordo com a matéria de 90 anos atrás, foi de 4 mil contos de réis. A matéria destacou ainda que o prédio teria dois elevadores da marca Otis. “Um detalhe que desperta curiosidade de quantos o vêm é o ângulo formado pelo prédio fazendo a frente à Praça Sete, lisa, côncava, dando a impressão de um casco de navio.”

PROGRAMAÇÃO
  
Quinta-feira (14/7)

8h – Banda da Guarda Municipal (Entrada da Praça Sete)
9h, 13h, 15h, 17h e 19h –Visitas guiadas com o educativo
 Filme 'O garoto, de Charles Chaplin
(foto: Chaplin Studios/reprodução)

10h – Filme “O garoto”, de Charles Chaplin (1921)  
11h –Café com memória (Entrada da Praça Sete)
12h –Coral Lírico de Minas Gerais (Entrada da Praça Sete)
15h – Coral Black to Black (Entrada da Praça Sete)
Filme “Scarface”, Howard Hawks (1932) (Teatro de Câmara)
Cantora Adrianna
(foto: Marcos Leaum/Divulgação)

18h – Baile da Dri (Entrada da Praça Sete)  
Filme “M, o vampiro de Dusseldorf”, de Fritz Lang (1931) (Teatro de Câmara)
19h – Trio Lampião (Quarteirão da Rua dos Carijós)
20h30 – Filme “Festim diabólico”, de Alfred Hitchcock (1948) (Teatro de Câmara)
21h – Espetáculo “Francisco – Do rio ao riso”, com Carlos Nunes (Grande Teatro)

Dia 29 de julho, 20h30
Encerramento da comemoração com o concerto “Música de cinema”, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), sob a regência de Sérgio Gomes, no Grande Teatro. Repertório traz trilhas de John Williams para “Harry Potter”, “Star Wars”, “Superman”, “Parque dos dinossauros” e “A lista de Schindler”. Imagens dos filmes serão exibidas simultaneamente com a música. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)


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