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Estado de Minas MÚSICA

Versão de luxo do primeiro disco de Luiza Brina chega às plataformas

"A toada vem é pelo vento", gravado em 2011 de modo "muito caseiro, num estúdio amador, com os equipamentos que nós tínhamos disponíveis na época", diz ela


28/03/2022 04:00 - atualizado 27/03/2022 19:50

de calça e blusa brancas, segurando chapéu de palha, Luiza Brina sentada num banco numa sala com obra de arte na parede
Luiza Brina está no elenco do musical "Língua brasileira", já apresentado em São Paulo. Ela espera que a montagem venha a BH (foto: Sillas H./Divulgação)

Luiza Brina se apresentava como Luiza Brina e o Liquidificador quando, em março de 2011, lançou seu primeiro álbum, "A toada vem é pelo vento", com oito músicas inéditas e autorais. Passados 11 anos do lançamento, a cantora e compositora mineira, hoje integrante da banda Graveola, conseguiu se consolidar como uma das principais cantautoras de Minas Gerais por meio de seu trabalho solo e de parcerias sólidas com artistas locais e de fora do estado.

Como forma de celebrar a primeira década do álbum, completada em 2021, a artista lançou uma edição de luxo pelo selo Dobra Discos, disponível nas plataformas digitais desde o último dia 18. Com as oito faixas remasterizadas e versões inéditas feitas exclusivamente para a reedição, o álbum totaliza 19 músicas em mais de uma hora de duração. "O disco está fazendo 10 anos e nele estão canções importantes para mim, que representam o embrião de como eu sou hoje", diz a artista.

"A toada vem é pelo vento" nasceu do desejo de Luiza Brina lançar um registro com músicas autorais. Naquela época, com 20 anos, ela se apresentava junto com a banda Liquidificador (formada por Ana Estrela, João Paulo Prazeres, Thais Montanari, Ariane Rovesse, Larissa Matos, Di Souza, Analu Braga e Flora Lopes).

Quando conheceu o músico mineiro Luiz Gabriel Lopes, ex-integrante das bandas Graveola e Rosa Neon, ela contou para o amigo sobre a vontade de registrar em estúdio suas canções autorais. Ele, que na época também era iniciante nesse universo, aceitou entrar na empreitada.
 
GRAVAÇÃO
 "Ele me disse que nunca tinha produzido nada para ninguém, mas que topava o desafio. As gravações foram feitas na Casa Azul, onde moravam alguns cantautores mineiros da época, que já estavam com vontade de transformar um dos quartos em estúdio. E foi assim que fizemos a gravação: com pouquíssima experiência e muita vontade", ela conta.

Luiza Brina define o primeiro álbum como "muito caseiro, gravado dentro de um estúdio amador, com os equipamentos que nós tínhamos disponíveis na época". Por conta disso, ela também alimentava o desejo de relançá-lo com melhor qualidade de som. A nova versão conta com mixagem de Bruno Corrêa e masterização de Kiko Klaus, que desempenhou essa mesma função na versão original do disco.

De certa forma, dá para dizer que o trabalho tem forte inspiração nordestina. O disco começou a nascer depois que Luiza fez uma viagem para a Bahia e para o Maranhão, onde conheceu as toadas.

"A música-título, uma parceria minha com o [cantor e compositor] César Lacerda, foi feita depois que voltei do Maranhão. Lá eu conheci o Bumba Meu Boi e voltei com um DVD do Boi de Maracanã. Em uma das músicas desse DVD, o filho do mestre falava a frase 'a toada vem é pelo vento'. Mostrei o DVD para o César, e ele me presenteou com a letra dessa música", conta a artista.

Além da faixa que dá título ao registro, a versão deluxe conta com as versões originais e remasterizadas das músicas "A praça do meio do mundo", "Somos só", "Catamarã", "A menina que flutuava dentro d'água", "Aurora" e "Back in Bahia".

Algumas músicas também contam com versões acústicas no formato de voz e piano e de voz e violão, gravadas no contexto da pandemia, nos últimos dois anos. Para tornar o relançamento ainda mais especial, Luiza Brina convidou três artistas para participarem de novas versões de três músicas do disco.

"Back in Bahia", composição em inglês assinada em parceria com Gabriel da Luz, conta com a participação do cantor e compositor carioca Castello Branco. "Somos só" teve como convidada a cantora e compositora Ana Frango Elétrico, também carioca.

Já "A toada vem é pelo vento" ganha a voz e o piano do cantor e compositor pernambucano Zé Manoel, além de samples do Bumba Meu Boi de Maracanã. Nos registros inseridos na música, há falas e toadas cantadas por Seu Humberto de Maracanã (1939-2015).
 
SONHO 
"Todas as músicas que fazem parte desse álbum estão muito presentes na minha vida até hoje. Então eu estava algo viciada ao tocá-las. Quando chamei o Castello, a Ana e o Zé, a proposta era que eles dessem o start para a regravação, justamente para que eu saísse do lugar comum e pudesse criar novas interpretações para essas canções", ela afirma.

Figura presente na cena autoral de BH, Luiza Brina avalia que a cidade sempre foi um reduto de bons artistas. "Respeito e admiro todos os que vieram antes de mim e também os que surgiram depois. Belo Horizonte é muito rica em relação à arte, música e composição. Naquela época, estava rolando um movimento muito legal, com o surgimento da Praia da Estação, o Graveola fazia shows grandes e vários cantautores estavam em destaque. Hoje em dia, a cena está mais nacionalizada, o que é um sonho para nós artistas."

Prova disso é que hoje Luiza Brina tem vivido entre BH e São Paulo. Seu trabalho mais recente na capital paulista foi no musical "Língua brasileira", com direção de Felipe Hirsch, produzido pelo coletivo Ultralíricos e cujo repertório é composto por músicas inéditas de Tom Zé. A peça acabou de cumprir temporada na capital paulista e em breve deve iniciar turnê pelo Brasil.

"Ficamos em cartaz até o primeiro fim de semana de março e agora vamos fazer uma pausa. É uma peça que conta um pouco da história das línguas no Brasil. E são várias: a africana, a índigena, a portuguesa...", ela conta.

Ainda não há previsão de quando o espetáculo chega a BH, mas Luiza não esconde a vontade de apresentá-lo em casa. "Torço muito para que isso aconteça em breve. Quero muito poder convidar amigos, família e pessoas queridas para assistir."
Já em relação aos projetos musicais, a artista se prepara para lançar o quarto disco da carreira, com patrocínio da Natura Musical, e dedicado às "Orações" que ela já mostrou nos discos "Tão tá" (2017) e "Tenho saudades mas já passou" (2019).

Ainda sem previsão de lançamento, Luiza trabalha nos arranjos e pretende montar uma orquestra de câmara para as gravações, com início previsto para o segundo semestre.

Antes disso, "A toada vem é pelo vento" ganhará edição em LP por meio de uma parceria da Dobra Discos com a Goma Gringa. Não há uma data exata para o lançamento, mas ele deve ocorrer até o fim deste ano.

“A TOADA VEM É PELO VENTO 
(DELUXE EDITION)”
De Luiza Brina
19 faixas
Dobra Discos
Disponível nas plataformas digitais


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