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Estado de Minas MÚSICA

As cinco rainhas que derrotaram o machismo no samba

Jornalista Leonardo Bruno lança livro sobre as vitoriosas trajetórias de Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Elza Soares


02/02/2022 04:00 - atualizado 02/02/2022 02:06

A cantora Clara Nunes sorri, de perfil, com flores no cabelo
A mineira Clara Nunes está entre as cinco cantoras pioneiras do livro de Leonardo Bruno (foto: Wilton Montenegro/divulgação)

Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Elza Soares são nomes incontestáveis no abecedário da música popular brasileira. Mais que isso, elas podem – e devem – ser consideradas autênticas rainhas do samba.


Donas de vozes potentes e intérpretes personalíssimas, elas ultrapassaram as barreiras do machismo e do racismo para alcançar o patamar mais alto da MPB, lado a lado com artistas não menos importantes, como Clementina de Jesus, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa e Nara Leão.

As cinco sucessoras de Tia Ciata, Chiquinha Gonzaga, Marília Batista e Nora Ney são referência para a nova geração, formada por Marisa Monte, Teresa Cristina, Fabiana Cozza, Nilze Carvalho, Mart'nália e Mariene de Castro.

Jornalista com presença frequente em rodas de samba e na cobertura dos desfiles das escolas no carnaval do Rio de Janeiro, Leonardo Bruno é autor de livros sobre o Salgueiro e a Unidos de Vila Isabel, além de coautor da biografia de Zeca Pagodinho.

Em seu novo trabalho, ele demonstra profundo conhecimento sobre as trajetórias de Alcione, Beth, Clara, Elza e Ivone. Leonardo entrevistou dezenas de mulheres ligadas ao samba e recorreu a vasta bibliografia. Com sua prosa quase coloquial, propõe-se a construir um retrato da música brasileira nas últimas décadas ao mapear caminhadas, vivências, lutas e conquistas do quinteto.

“Que bom saber que Alcione apreciava a voz de Núbia Lafayette, Beth era fã de Marlene, Clara admirava Elizeth Cardoso, Elza gravou Dona Ivone, antes mesmo que essa tivesse seu primeiro disco lançado. A leitura de 'Canto das rainhas' mostrou que cada voz, cada mulher foi importante para forjar a voz feminina no samba”, afirma a cantora e compositora Teresa Cristina na orelha do livro.

Capa do livro Canto de rainhas traz fotos de Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Elza Soares
(foto: Wilton Montenegro/divulgação)

“CANTO DE RAINHAS: O PODER DAS MULHERES QUE ESCREVERAM A HISTÓRIA DO SAMBA”

• De Leonardo Bruno
• Editora Agir
• 416 páginas
• R$ 89,90
 
 
 
 
 
 
 

ENTREVISTA/LEONARDO BRUNO

O jornalista Leonardo Bruno olha para a câmera
Leonardo fez pesquisas durante três anos para seu livro (foto: Youtube/reprodução)


“A trilha sonora da minha vida”


Como surgiu “Canto de rainhas”?
O livro nasce de minha paixão pelas cantoras de samba. Observando essas trajetórias mais de perto, senti a necessidade de mostrar as barreiras que elas enfrentaram por ser mulheres num ambiente machista. O mundo do samba é historicamente dominado pelos homens, e as mulheres que conseguiram chegar ao topo, apesar de tantas dificuldades, são vitoriosas. Evidenciar a opressão que elas sofreram é uma forma de evitar que as novas gerações passem pelas mesmas situações.

Qual é o significado da escolha de Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Elza Soares?
Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Elza Soares são figuras muito marcantes para quem acompanha o samba dos anos 1970 pra cá. Elas são a trilha sonora da minha vida e, acredito, de boa parte dos brasileiros. Muitas vieram antes, como Elizeth e Clementina; muitas vieram depois, como Jovelina e Teresa Cristina; mas acabei focando nesse “a, b, c, d, e” porque queria investigar algumas histórias mais a fundo. As trajetórias das cinco são fantásticas.

Por quanto tempo você se deteve na apuração de fatos ligados à trajetória das cinco?
O processo todo do livro demorou três anos. A pesquisa foi muito extensa, por precisar reconstituir as trajetórias de muitas personagens. Foram dezenas de entrevistas, um mergulho gigante em jornais e documentos antigos, além de trabalho longo de escrita. O livro trata de questões muito delicadas – machismo, racismo, elitismo, etc. –, e me apoiei numa literatura consagrada para dar conta do entendimento de trajetórias tão complexas.

Teve mais dificuldade com alguma das cinco?
Não, a tristeza que tive foi nunca ter conversado com Clara, a única das cinco com quem não tive contato. Estar com a pessoa e senti-la é muito importante para um trabalho desses.


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