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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Escultor Kaws expõe obras em galeria londrina e dentro do game Fortnite

Artista diz que projeto virtual leva seu trabalho para milhares de pessoas em todo o mundo, sobretudo jovens e o público que não frequenta espaços como museus


20/01/2022 04:00 - atualizado 20/01/2022 15:45

Mulher acessa aplicativo do celular que lhe permite ver obra do artista Kaws que está invisível a olho nu na galeria Serpentine
"Kaws: New fiction" ganhou versão física, na galeria londrina Serpentine, e virtual, no Fortnite. Aplicativo dá acesso a obra que não se vê a olho nu (foto: Tolga Akmen/AFP)
O nova-iorquino Kaws expõe pinturas pop e esculturas coloridas na Serpentine Gallery de Londres, mas também dentro da versão virtual do museu ambientada no Fortnite, o videogame com centenas de milhões de seguidores.

Em meio ao gramado gelado de Hyde Park, no centro de Londres, espectadores apontam celulares para o teto da Serpentine Gallery. Não para tirar fotos do prédio de tijolos vermelhos e colunas brancas, mas porque, por meio dos dispositivos, é possível ver em realidade aumentada a grande escultura de um homem azul sentado no telhado, invisível a olho nu.


NOVA FICÇÃO 

A obra faz parte da mostra “Kaws: New fiction”, que mistura os mundos virtual e o real. A exposição é composta de três camadas, explica o diretor artístico Hans Ulrich Obrist. “A exposição física na Serpentine Gallery, com pinturas e esculturas, depois os elementos de realidade aumentada e também a Serpentine Gallery no Fortnite”, afirma, referindo-se ao popular videogame.

Cerca de 400 milhões de seguidores do jogo da Epic Games têm acesso à réplica exata do museu dentro do videogame, a qual podem visitar com seus avatares para ver as obras.

"Trata-se de chegar a públicos muito diferentes e criar um diálogo transgeracional"

Hans Ulrich Obrist, diretor artístico da Serpentine Gallery


A Epic Games colaborou de forma similar com cantores de renome internacional para que ofereçam shows dentro do jogo. “Porém, é a primeira vez que o Fortnite colabora com as artes visuais, com uma galeria pública”, diz Obrist.

Embora considere “muito diferente” ver uma exposição em um videogame e apreciá-la fisicamente, ele acredita que as experiências são complementares, sobretudo porque muitos visitantes não familiarizados com o mundo dos games podem se interessar por eles e vice-versa.

“Para nós, trata-se de chegar a públicos muito diferentes e criar um diálogo transgeracional”, acrescenta.”

“A idade média dos jogadores do Fortnite é muito menor do que a do visitante médio do museu”, destaca Hans Ulrich Obrist, dizendo esperar que a nova geração se aproxime da galeria.

"Me interessa saber que minha obra pode ser vista por uma criança na Índia e também em Londres. É fascinante"

Kaws, artista visual



O projeto deve atingir um público que provavelmente seja 10 vezes maior do que o da Bienal de Veneza, afirma o comissário da exposição, Daniel Birnbaum.

Para o artista Brian Donnelly, o Kaws, esse interesse fará com que seu trabalho se torne mais acessível. “Me interessa saber que minha obra pode ser vista por uma criança na Índia e também em Londres. É fascinante”, afirma o pintor e escultor, de 47 anos.

“Uma comunidade tão grande vai poder ir ao museu, ver essas pinturas e esculturas”, comemora o ex-grafiteiro, convertido em artista visual. “No caso de algumas crianças, será a primeira vez que se sentirão confortáveis dentro de uma exposição.”

Os personagens estilizados com cabeça de caveira de Kaws já percorreram o mundo em instalações gigantes e produtos promocionais. Agora poderão atrair o público mais jovem do Fortnite com seu aspecto pop, acessível e colorido.

Artista plástico Kaws, de roupa preta, posa ao lado de escultura azul exposta por ele em galeria de Londres
Brian Donnelly, o Kaws, posa ao lado de uma de suas esculturas na Serpentine Gallery, em Londres (foto: Tolga Akmen/AFP)

SEM LUTA E TIROS 

Kaws, que colabora pela segunda vez com o Fortnite, explica que suas obras serão expostas no “creative hub”, modo específico do game, distanciado das partidas, em que jogadores lutam para ser o último sobrevivente.

“Não haverá tiroteios na exposição”, brinca, assegurando que a comunidade de jogadores é “diferente do que pensamos”. Mas admite: “é difícil dizer” se a garotada vai realmente parar para apreciar suas obras dentro do game.

“Se você leva uma criança de 11 anos a um museu tradicional, não sabe se ela vai olhar as obras. É a mesma coisa”, assegura Kaws. 


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