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Estado de Minas

'Houve certa intolerância', diz Maurinho, sobre saída do Tianastácia

'Racha' na banda Tianastácia cumpre a tradição da cena pop, repleta de crises causadas pelo descompasso entre os interesses dos grupos e o desejo de músicos de seguir carreira solo


21/06/2019 07:00 - atualizado 21/06/2019 09:14

Depois de 22 anos, está desfeita a parceria entre Beto, Podé, Maurinho e Antônio Júlio Nastácia
Depois de 22 anos, está desfeita a parceria entre Beto, Podé, Maurinho e Antônio Júlio Nastácia (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Esta semana, um “divórcio” abalou a cena pop de BH. Maurinho Nastácia deixou o Tianastácia em plena gravação do novo álbum da banda. De acordo com o vocalista, o desentendimento se deve ao “desencontro de datas”, pois ele precisa se dedicar ao DVD de Maurinho e Os Mauditos, seu projeto solo.


“Acredito que houve uma certa intolerância, pois certas datas poderiam ter sido melhor organizadas se tivéssemos sentado e conversado direitinho. Assim, achei melhor deixar a banda e prosseguir com o outro trabalho”, afirmou Maurinho.

Maurinho e Tianastácia dividiram palcos, microfones e estúdios por 22 anos. Agora, experimentam a “síndrome da carreira solo” – impasse já traumatizou várias bandas de renome nacional e internacional.


Exemplo disso ocorreu na década de 1980, quando Mick Jagger, ao decidir brilhar sozinho em disco e shows, travou a famosa “terceira guerra mundial” com Keith Richards e quase pôs fim ao Rolling Stones. A coisa esfriou porque Jagger não emplacou a carreira solo.

No Brasil, O Rappa sobreviveu à saída de seu maior letrista, Marcelo Yuka (1965-2019), depois de muito ressentimento. O “racha” ocorreu no início dos anos 2000, quando o baterista ficou tetraplégico, vítima de um assalto. Em 2018, o cantor Marcelo Falcão assumiu de vez a carreira solo e a banda chegou ao fim.

SILÊNCIO Maurinho diz que a gravação do novo disco do Tianastácia “bateu” com a do DVD dos Mauditos, viabilizado por recursos das leis de incentivo. Como seu projeto paralelo já estava programado, achou melhor deixar a banda. Procurados pelo Estado de Minas, os integrantes do Tianastácia preferiram o silêncio. Alegam estar concentrados em uma fazenda na Região Metropolitana de Belo Horizonte, focados no novo álbum.


O DVD dos Mauditos será gravado no Estúdio Caracol, em BH, de 8 a 10 de julho. “Serão duas semanas de pré-produção”, explica Maurinho. Para finalizar o novo álbum, Tianastácia contratou o guitarrista e técnico de som André “Cabelo” Tavares, fundador do Estúdio Engenho. A parafernália eletrônica já está instalada na fazenda-estúdio.


Não é a primeira crise do Tianastácia. E Maurinho não é a primeira baixa. Ele lembra que André, Leozinho e Glauco deixaram o grupo. O baterista Cadu morreu em 1997. “A banda já passou por demissões, perdas e muitas formações, mas continuou sua trajetória. Acho pouco provável voltar neste momento pela forma como tudo aconteceu. Talvez isso seja resolvido pelo tempo, que ajuda muito as pessoas a entender e resolver seus conflitos”, diz o vocalista. “Fica difícil uma volta, pois ambos ainda estão um pouco machucados.”

TRAUMA Realmente, a história do pop é marcada por crises, mas muitas bandas superaram o trauma da perda. Em 1985, Cazuza abraçou a bem-sucedida carreira solo e pediu baixa no Barão Vermelho, linha de frente do BRock. “A saída dele não foi exatamente numa boa. Não houve brigas, mas também não estamos adorando”, declarou Roberto Frejat na época.
Pois Frejat assumiu os microfones e mandou bem por três décadas. Em 2017, ele próprio trocou a banda pela carreira solo. Em seu lugar entrou Rodrigo Suricato. O Barão continua na estrada, comandado pelos fundadores Guto Goffi e Mauricio Barros, além do fiel escudeiro Fernando Magalhães.


Nesta sexta-feira (21), aliás, o Barão se apresenta com Os Paralamas de Sucesso no Funn Festival, em Brasília. Aliás, não custa lembrar: os Paralamas – Hebert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro – são um raríssimo exemplo de casamento fiel na cena brasileira. O trio está junto desde o início, há 37 anos.


Outro “divórcio” que deu o que falar ocorreu em 2001. Rodolfo Abrantes se tornou evangélico e deixou o Raimundos, no auge do sucesso da banda. Magoado com o amigo, seu “vizinho de porta” Digão assumiu os microfones. Atualmente, o grupo faz turnê para comemorar os 25 anos.

FAMÍLIA Em Minas, a briga foi de família – e abalou o Sepultura, ícone mundial do thrash metal. Surgida no início da década de 1980 no Bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, a banda reunia inicialmente os irmãos Igor e Max Cavalera e os amigos Paulo Júnior e Jairo Guedz (que saiu do grupo). Tempos depois, chegou o paulista Andreas Kisser, que se mudou para BH.
Max, Igor, Andreas e Paulo conquistaram legiões de fãs, apresentaram-se em vários países. Em 1996, a bomba: após uma bela turnê na Europa, Max e a mulher, a norte-americana Gloria, entraram em conflito com a banda. Os irmãos Cavalera romperam. Só voltaram a se ver nove anos depois.


Max se mudou para os Estados Unidos e formou o Soufly. Sepultura prosseguiu, agora com o americano Derrick Green nos vocais. Em 2006, foi a vez de Igor deixar o grupo, que atualmente reúne Kisser, Green, Paulo Jr. e Eloy Casagrande.
O clã Cavalera se entendeu de vez. Atualmente, Max e Igor correm o mundo com a turnê Return to Beneath arise, celebrando o legado do Sepultura e os 30 anos do disco Beneath the remains. Em outubro de 2018, a dupla fez um show memorável em B elo Horizonte, onde tudo começou.
(Com Ângela Faria)


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