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Estado de Minas LITERATURA

Fabrício Carpinejar autografa hoje livro de ideias inspiradas pela pandemia

Escritor autografa na manhã desta quarta-feira (8/12), na Livraria Quixote, 'Depois é nunca'


08/12/2021 04:00 - atualizado 08/12/2021 08:29

Fabrício Carpinejar sentado no chão numa biblioteca 360 graus, cabisbaixo e de bermuda
O escritor gaúcho, radicado em Belo Horizonte, Fabrício Carpinejar autografa seu novo livro na Livraria Quixote (foto: Rodrigo Rocha / Divulgação)

O escritor Fabrício Carpinejar lança, com uma manhã de autógrafos, nesta quarta-feira (8/12), às 11h, na Livraria Quixote, “Depois é nunca”, um livro que, conforme diz, foi motivado pela pandemia. Já tendo focado, ao longo de sua trajetória, as relações entre amigos; entre pais e filhos; entre marido e mulher, ele agora se detém sobre a morte e o luto, em textos que são um misto de crônica e reflexões acerca desta que é a única certeza que o ser humano pode ter na vida.

Carpinejar diz que, provavelmente, nunca teria escolhido escrever sobre a morte se não fosse pela chegada da pandemia, que fez com que o luto passasse a rondar a rotina das pessoas. “É um livro que eu dedico às mais de 600 mil vítimas da COVID-19. Eu falo dos enlutados, de quem fica, e tento mostrar que o luto, diferentemente de uma doença, é algo incurável, que vai fazer você passar o resto da vida zelando por uma ausência”, afirma.

“Depois é nunca” – título que alude à importância de não se adiar afetos – se propõe a examinar a morte e o luto por diferentes ângulos, segundo seu autor. “Parto do princípio de que nossos olhos mudam com a morte, nós passamos a enxergar memórias que nem julgávamos ter, tudo é lembrança, tudo é evocação. Você não olha uma cadeira vazia, você olha um lugar guardado. Se você era casado e torna-se viúvo, vai continuar durante um bom tempo cozinhando para dois, vivendo para dois, ocupando metade da cama”, observa.

Para tratar de um assunto tão denso sem soar muito áspero, Carpinejar ressalta que optou por ser sincero, sem subterfúgios, dispensando um tratamento direto e altivo para o tema. “Trata-se de falar olhando para os olhos da dor, encarando o sofrimento sem piedade, sabendo o quanto ele é sério”, diz. 

Ele aponta que não foi preciso perder alguém diretamente para a COVID-19 para que as emoções sobre o assunto viessem à tona. Para ele, diante do número de mortos no Brasil, não houve quem não se sentisse tocado pelo sofrimento de tantas famílias.

CONFINAMENTO 

Carpinejar diz que os períodos de confinamento impostos pelos momentos mais severos da pandemia representaram um ciclo de transformação em sua vida. “Tem a ver com ficar sozinho para se fortalecer, para poder se dar, para ter o que oferecer, o que repartir. Dentro de um isolamento forçado, optar pela solidão, uma solidão voluntária, porque você precisa se conectar a essa teia de confissões, de lamúrias, de lágrimas sem nunca achar que aquilo que o outro está sofrendo é uma bobagem”, ressalta.

Ele concorda que empatia é uma palavra que define bem o sentimento que perpassa o livro, mas pondera que é menos uma questão de se colocar no lugar do outro do que estar perto do outro, disponível, sem querer reprimir a tristeza. 

“É dar a liberdade para a pessoa se emocionar. Se quer gritar por uma perda, que grite, quer pular, que pule. Nós somos muito polidos com os cortejos, nós não nos damos conta de que precisamos formar uma rede de proteção e de afeto para quem foi ferido com uma morte repentina. Não tem como uma única pessoa carregar um caixão”, observa.

Em sua opinião, a pandemia instaurou uma espécie de infância da humanidade, na medida em que, assim como as crianças, os adultos tiveram que se ater ao presente, na impossibilidade de fazer planejamentos a médio e longo prazos. Carpinejar aponta que o título da obra tem essa dimensão, da necessidade de viver o agora, já que deixar para depois significa, muitas vezes, deixar para que nunca seja feito.

INTEIRO 

“O que você adia, você não quer fazer. Numa situação de pandemia, de incertezas, não existe mais o futuro, não tem como fazer muitos planejamentos, não tem como salvar o casamento com as férias que virão, não tem como aliviar abstenções com promessas. Ou você é inteiro, no sentido de estar presente, ou você não está vivendo”, diz.

Ele considera que o período de isolamento social e as reflexões que ele proporcionou o tornaram mais pragmático e menos idealista. “Prefiro visitar meus pais durante 15 minutos a não visitá-los e ficar programando passar um dia inteiro com eles, o que não vai acontecer. Eu combato o esquecimento com pequenas presenças. Melhor um cafezinho quente do que um vinho sempre protelado”, opina.

“DEPOIS É NUNCA”

Capa do livro 'DEPOIS É NUNCA'

Fabrício Carpinejar
Ed. Bertrand Brasil (128 págs.)
R$ 39,90
• Lançamento do livro nesta quarta-feira (8/12), às 11h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi, 31.3227 3077), com a presença do autor


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