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Estado de Minas CINEMA

Documentário aborda a pandemia no Brasil pela perspectiva dos médicos

'SARS-CoV-2 / O tempo da pandemia', que estreia nesta quinta-feira (18/11), é uma iniciativa do movimento Todos Pela Saúde e propõe uma reflexão sobre o SUS


18/11/2021 04:00 - atualizado 18/11/2021 07:45

Eduardo Escorel, Lauro Escorel e Drauzio Varella, de pé e suando máscara, num set de filmagens, próximos de uma câmera
Os diretores Eduardo e Lauro Escorel se preparam para entrevistar o médico Drauzio Varella, um dos sete especialistas em saúde ouvidos no documentário, que estreia hoje (foto: Gustavo Michelin/Divulgação)
Rodado entre abril e maio deste ano, o documentário “SARS-CoV-2 / O tempo da pandemia”, que teve pré-estreia mundial na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e chega aos cinemas de todo o país nesta quinta-feira (18/11), lança um olhar cirúrgico sobre a tragédia que, até o momento, causou mais de 600 mil mortes no Brasil. 

Dirigido pelos irmãos Eduardo e Lauro Escorel, o filme se estrutura a partir de entrevistas com médicos que integram o comitê gestor da iniciativa Todos pela Saúde, capitaneada pelo ex-diretor do hospital Sírio Libanês Paulo Chapchap, e sete profissionais que atuaram na linha de frente no combate à COVID-19, em São Paulo e em Manaus.

Drauzio Varella, Eugênio Vilaça, Gonzalo Vecina, Maurício Ceschin, Pedro Barbosa e Sidney Klajner, além do próprio Chapchap, são os especialistas que depõem para as lentes dos diretores. Segundo Lauro Escorel, a realização do documentário partiu de uma demanda dos próprios integrantes do Todos pela Saúde. 

“Eles queriam que a experiência deles fosse documentada. Surgiu a ideia de fazer um documentário, Eduardo foi convidado para dirigir e me chamou. Nós nos aproximamos do Todos pela Saúde e, gradualmente, ampliamos o escopo, porque além de incluirmos esse grupo de médicos, percebemos a necessidade de colher também os depoimentos dos profissionais de saúde que estavam na linha de frente”, diz.

DIMENSÃO


Ele explica que, para se chegar a esses profissionais, a equipe do filme foi em busca de pessoas que atuaram nas ILPIs (Instituições de Longa Permanência de Idosos) e nas UTIs em São Paulo e em Manaus, que foi o epicentro da tragédia no Norte do país.  

“Fomos atrás desses profissionais que traduzem a dimensão real do que ocorreu”, diz o cineasta. Além das entrevistas, imagens dos locais em São Paulo e no Amazonas relacionados aos eventos – desde a nova fábrica de vacina do Instituto Butantan ao cemitério na capital do Amazonas, passando pela usina de oxigênio em Tefé, entre outros – também compõem o documentário.

Dos sete integrantes do comitê gestor que dão depoimento para o documentário, seis foram entrevistados em São Paulo e um – o doutor Eugênio Vilaça – em um estúdio em Belo Horizonte, onde atua. Lauro explica que o médico já tem mais de 80 anos e, como o filme foi rodado num momento ainda agudo da pandemia, quando a vacinação era incipiente, ele não pôde viajar. Da mesma forma, a equipe central do documentário não saiu de São Paulo e, como diz o cineasta, contou com o apoio de parceiros tanto para as filmagens em Belo Horizonte quanto em Manaus.

“Para colher o depoimento do doutor Eugênio, recorremos ao nosso colega Helvécio Ratton. Preparamos a pauta e ele conduziu essa entrevista em Belo Horizonte. Também mobilizamos uma pequena equipe de produção em Manaus, composta por Orlando Lima Jr., Fernando Crispin e Lídia Ferreira. Discutimos a situação no Amazonas, mostramos o que desejaríamos registrar e eles foram a campo”, diz o diretor, acrescentando que, nos três polos de realização do filme, todos trabalharam dentro dos mais estritos protocolos.

DESIGUALDADE


Numa determinada passagem do documentário, Gonzalo Vecina avalia que “o vírus veio nos mostrar como nós somos uma sociedade desigual e o que mata não é ele, é a desigualdade”. Em outra, Drauzio Varella ressalta a necessidade de “entendermos que a desigualdade social não é um destino final do Brasil”. Já Paulo Chapchap relembra o colapso da saúde ocorrido em Manaus devido à falta de um simples equipamento.

Assim, para além da questão da saúde, o documentário contempla um viés político e social. “Não tem como tratar da pandemia e não se dar conta da situação política e social do país. Uma das coisas que o filme nos revelou foi essa relação direta entre saúde, política e a questão social. O documentário apresenta todo o panorama da saúde pública no Brasil. Antes da pandemia tinha gente querendo acabar com o SUS. O filme propõe uma reflexão sobre isso também”, diz Lauro Escorel.

No atual cenário de diminuição dos índices de contágio e das mortes, devido ao avanço da vacinação, o cineasta considera que o momento é de certo alívio, mas observa que é importante não baixar a guarda. 

“Enfrentamos uma tragédia de uma dimensão inacreditável. Esse documentário é um registro da maior importância para o futuro. Estamos num momento de retração, mas a pandemia ainda está aí e vamos ter que continuar a conviver com ela. Não podemos nos iludir que ela simplesmente passou; ela vai virar uma endemia, e teremos que conviver com outras que virão. As questões levantadas pelo filme servem para a gente pensar a saúde pública daqui para a frente”, ressalta.

“SARS-COV-2 / O TEMPO DA PANDEMIA”

(Brasil, 2021, 88 min.) Documentário
 de Lauro e Eduardo Escorel. Em 
cartaz no Cine UNA Belas Artes 
(Sala 3, 14h40, 18h30), a partir 
desta quinta-feira (18/11)


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