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Estado de Minas AUDIOVISUAL

Drama norueguês 'Ficaremos bem' chega ao streaming

'Filme se baseia na experiência da diretora Maria Sodahl com câncer e é uma história que celebra a luta de um amor para se manter vivo', segundo ela


21/10/2021 04:00 - atualizado 21/10/2021 07:34

Os atores Stellan Skarsgard e Andrea Braein Hovig em cena do longa 'Ficaremos bem'
Os atores Stellan Skarsgard e Andrea Braein Hovig vivem o casal de protagonistas do longa, 'uma história que celebra a luta de um amor para se manter vivo', segundo a diretora (foto: Divulgação)
Durante a elogiada passagem do drama familiar “Ficaremos bem” pelo Festival de Berlim de 2020, sob o aplauso da crítica para a aspereza de sua narrativa, sua diretora, a norueguesa Maria Sodahl, hoje com 55 anos, já havia se recuperado de uma doença que, por pouco, não lhe custou a vida – embora tenha lhe deixado uma premissa para um filme. Durante o calvário para se recuperar, ela pensou em escrever a saga de uma paixão que teve o prazo de validade reduzido.

"Nicole Kidman vai estrelar uma refilmagem americana dessa história. É engraçado que a produtora do remake, que comprou os direitos, viu o filme em iPhone e se deixou tocar. É divertido ver que uma experiência de efeito catártico, que pensei para as dimensões do cinema, possa funcionar em outro suporte", afirma a diretora em entrevista via Zoom.

“Ficaremos bem” está disponível no Brasil em plataformas digitais (Claro Now, Amazon Prime, Vivo Play, iTunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes). Ao saber disso, Maria comenta: "O mundo audiovisual não é mais o mesmo. É cedo para saber se as pessoas ainda vão ao cinema, mas é bom que os filmes cheguem até elas de alguma forma".

MEMÓRIAS

Muito do que se vê em  “Ficaremos bem” saiu de suas memórias. É o caso da parceria no dia a dia entre ela e o marido, o também cineasta Hans Petter Moland (que filmou o cult “O cidadão do ano” e rodou seu remake americano “Vingança a sangue-frio”). 

Cuidadoso no período de sua convalescência, Moland inspirou a ideia de ela escolher um casal de artistas para protagonizar a love story em estágio terminal. Também foi oportuno para o processo criativo – que a diretora não vê como um exorcismo – tomar emprestado para a personagem principal uma peculiaridade da própria Maria: fazer aniversário em 31 de dezembro. 

Para arrematar as similaridades entre fatos e ficção, a cineasta escalou o ator constante na obra de Moland, o sueco Stellan Skarsgard, para viver o companheiro devotado – e devastado – de sua protagonista, Anja, interpretada pela atriz Andrea Braein Hovig.
 
 

ESTEROIDES 


"Há uma sequência do filme em que Anja devora comida, sob efeitos de esteroides que aumentam seu apetite. Essa sequência entrou ali para realçar o lado tátil do que eu experimentei, um sensorialismo excessivo, que demarca um apego desenfreado por tudo o que é sólido. A gente se agarra. E eu quis discutir isso numa história que celebra a luta de um amor para se manter vivo. Não poderia fazer um filme sobre o câncer e, sim, um longa sobre o querer", diz Maria.

Conhecida nos festivais por “Limbo” (2010), rodado em Trinidad e Tobago, a realizadora trabalhou com o fotógrafo habitual de Lars von Trier, o chileno Manuel Alberto Claro, na busca por uma paleta de cores que traduzisse as angústias do casal Anja e Tomas nas festas de fim de ano. 

"O cinema escandinavo carrega um certo rótulo de sombrio, que vem de outras manifestações artísticas, como a nossa literatura. E, de fato, pelo frio, o Natal norueguês é mesmo monocromático. Mas Manuel é um artista de cabeça aberta, que sabe oferecer soluções inusitadas, mesmo para um filme de visual tenebroso” diz a diretora. 

Segundo ela, “o ponto central desse processo é que ele deveria compartilhar algo sentimental, pois há uma despedida sendo desenhada ali. E ele deveria ter algo universal. No set, Manuel trabalhava como se fosse um dos atores, movendo-se em resposta aos corpos dos protagonistas, como se respondesse às ações deles".

"Eu nunca quis que esse filme fosse a minha biografia, mesmo tendo muito do que vivi. Tampouco eu desejava uma sessão de terapia. Escrever sobre essas pessoas foi terapêutico, pois fez com que eu me olhasse e soubesse me distanciar. Mas o filme precisava se libertar disso. Não poderia ser uma história sobre mim e, sim, sobre como pessoas tocam sua vida quando são confrontadas com uma situação de perda que parece irreparável."

O clima intimista com que Maria narra caiu como iguaria no paladar de Skasrgard, um fã do silêncio. "O que dá um diferencial ao cinema em relação à atuação é a verdade que existe nas brechas entre as palavras", disse o ator, em Berlim. "É pela quietude que as imagens falam. É nelas que encontro o norte que o personagem busca para além do que as causalidades do roteiro impõem." 


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