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Estado de Minas CINEMA

Documentário revela a infância de Roman Polanski sob o terror nazista

Em 'Polanski, Horowitz. Hometown', o diretor relembra momentos traumáticos e se emociona ao encontrar o neto de camponeses que o esconderam dos alemães


03/06/2021 04:00 - atualizado 03/06/2021 11:56

Nas ruas da Cracóvia, o cineasta Roman Polanski e o fotógrafo Ryszard Horowitz relembram os dias no gueto (foto: Robert Sluszniak/KRKFILM/REPRODUÇÃO)
Nas ruas da Cracóvia, o cineasta Roman Polanski e o fotógrafo Ryszard Horowitz relembram os dias no gueto (foto: Robert Sluszniak/KRKFILM/REPRODUÇÃO)

O cineasta Roman Polanski revisita o “horror” de sua infância durante o Holocausto em um documentário que estreou domingo (30/5), na Cracóvia, onde ele nasceu.

O filme segue Polanski enquanto ele percorre a cidade com o fotógrafo Ryszard Horowitz, um velho amigo sobrevivente do Holocausto, a quem conheceu no gueto judaico durante a Segunda Guerra Mundial.

O documentário trata “da memória, confrontos com o passado, transitoriedade, trauma e destino”, afirma Mateusz Kudla, que dirigiu e produziu o filme em parceria com Anna Kokoszka-Romer.

“Por meio desses dois personagens que tiveram sorte e sobreviveram, queremos mostrar a tragédia de todos os residentes do gueto de Cracóvia que não conseguiram sobreviver”, diz Kudla.

Stanislaw Buchala, neto do casal que escondeu o cineasta dos nazistas, com Horowitz e Polanski(foto: Robert Sluszniak/KRKFILM/REPRODUÇÃO)
Stanislaw Buchala, neto do casal que escondeu o cineasta dos nazistas, com Horowitz e Polanski (foto: Robert Sluszniak/KRKFILM/REPRODUÇÃO)

SANGUE

Numa das cenas de “Polanski, Horowitz. Hometown”, que abriu a edição deste ano do Festival de Cinema da Cracóvia, Polanski relembra o momento em que viu um oficial nazista atirando em uma idosa pelas costas e o sangue jorrando como uma fonte.

“Apavorado, corri pela porta que estava atrás de mim... Me escondi por trás das escadas”, diz o cineasta, que tinha 6 anos quando começou a Segunda Guerra. “Foi o meu primeiro encontro com o horror”, explica a Horowitz, que o observa com atenção.

Horowitz é um dos judeus que receberam ajuda do industrial alemão Oskar Schindler para escapar dos nazistas. Numa das cenas, ele arregaça a manga da camisa para mostrar o número que foi tatuado em seu antebraço, aos 5 anos, quando chegou ao campo de extermínio de Auschwitz.

“Às vezes, fico olhando para o vazio e penso que não pode ser certo, que deve se tratar de uma brincadeira estúpida. É possível ter estado lá e sobrevivido?”, comenta o fotógrafo americano, nascido na Polônia.

O filme também exibe o momento em que Polanski, visivelmente emocionado, se reúne com Stanislaw, neto do casal Stefania e Jan Buchala, camponeses católicos poloneses que o esconderam dos nazistas.

O documentário não faz qualquer menção às acusações de agressão sexual contra Polanski, que foi declarado persona non grata em Hollywood e não pode voltar aos Estados Unidos, onde há uma ordem de prisão contra ele.

“Esse não era nosso enfoque, não era nossa intenção defender ou acusar ninguém. Este filme trata de outro capítulo da vida de Roman Polanski”, afirma a cineasta Anna Kokoszka-Romer.

Os diretores de “Polanski, Horowitz. Hometown” esperam que o documentário possa ser disponibilizado on-line ou em plataformas de streaming. 


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