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Estado de Minas

Nelson Ângelo, 'sócio' do Clube da Esquina, quer cantar para o povão

Compositor mineiro lança o single 'Fogo lento', lamenta ser classificado como 'sofisticado' e adorou ser comparado a Roberto Carlos


29/04/2021 04:00 - atualizado 29/04/2021 08:01

Nelson Ângelo diz que seu objetivo é o mesmo de Milton Nascimento: ir aonde o povo está
Nelson Ângelo diz que seu objetivo é o mesmo de Milton Nascimento: ir aonde o povo está (foto: João Atala/Divulgação)

Inspirar o dia a dia das pessoas, chegar mais perto do cotidiano delas. Esse é o objetivo do cantor, compositor, violonista e guitarrista Nelson Ângelo com o single “Fogo lento” (Quae Persona), que estará nas plataformas digitais nesta sexta-feira (30/4).
“Canção, arranjo e interpretação são de minha autoria direto para o coração de quem está aqui e agora, neste novo mundo que temos de enfrentar”, afirma o parceiro de Milton Nascimento, Cacaso, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Murilo Antunes e Márcio Borges.

Nelson escreveu belas canções como “Fazenda”, gravada por Milton Nascimento no disco “Geraes” (1976) – aquela do verso “água de beber/ bica no quintal/ sede de viver tudo”. Aos 71 anos, o compositor afirma que o que mais deseja neste momento é alcançar o grande público.

“Uma coisa que nunca consegui é ir ao encontro daquele povão pelo qual me interesso tanto. Meu trabalho é sempre apresentado como caro, rebuscado, sofisticado, não sei o quê do movimento tal”, comenta.

PESQUISA 
O single dá continuidade à parceria de Nelson com o selo Quae Persona em busca de estratégias para alcançar ouvintes diferentes daqueles que já o conhecem. “O dono, meu amigo Eugênio de Castro, e sua equipe fizeram uma pesquisa com o intuito de projetar nova ideia de mídia sobre meu trabalho. Foram ouvidas pessoas mais humildes, gente que ainda não se identifica comigo, não me conhece”, conta Nelson.

A estratégia deu certo, segundo ele. “As pessoas ouviram ‘Fogo lento’ e gostaram. Alguns disseram: ‘Nossa, esse rapaz é muito bom. Ele canta legal, parece com o Roberto Carlos’. Fiquei muito honrado ao ser comparado com o rei”, conta, mas pondera: “Não quero me comparar ao Roberto, claro, mas tentar chegar ao coração das pessoas mais simples.”

Há muitas barreiras entre o compositor e o grande público. E essa distância não se deve à música propriamente dita. “Quando vou tocar em algum lugar, o ingresso custa não sei quanto, tem de pagar passagem de avião, cachê, hospedagem... Poxa, estou aqui há tanto tempo, tenho tanta coisa produzida”, desabafa.

A pesquisa incluiu até a capa do single de Nelson. “Teve gente que falou: ‘Não estou gostando disso não. Essa capa está parecendo um cemitério’”, diverte-se. Ninguém se identificou com a foto daquele cantor de óculos escuros posando atrás de flores no Central Park, em Nova York.

“Um cara disse que parecia sepultura. E até mandou recado: 'A música é boa, mas a capa não pode ser assim. Fala com o rapaz que posso até ajudar a fazer um negócio mais alegre, porque está muito triste'. Recebi 20 opiniões e fiquei fascinado com as histórias”, revela Nelson Ângelo.

A letra de “Fogo lento” tem tudo a ver com o atual momento, afirma seu autor. Ela diz assim: “Cada um tem uma dor para levar pela estrada/ Quem roubou o meu amor, me deixou quase sem nada/ E a dor ninguém escolhe, não avisa quando vem/ O amor sai lá de dentro, fogo lento, tempo além”. Para Nelson, este mundo “dilacerado” vem desnorteando as pessoas. “Quem sabe a gente começa uma nova esperança? Não que tudo vá mudar, mas podemos nos aproximar mais”, defende.

Na verdade, “Fogo lento” ganha releitura depois de ser gravada por Nelson e Tadeu Franco, em 2018. “Era algo mais orquestrado, mais intelectualizado, embora não fosse complicado. Fiz agora uma versão mais pop, eu mesmo canto”, conta. “Não estou mudando melodia nem harmonia, muito menos a minha maneira de pensar com relação a ela”, avisa.

OPERETA 
“Fogo lento” faz parte da opereta popular “Trilha sonora de uma viagem” e do disco homônimo. “Gravei com Vander Lee, Tadeu Franco, Cobra Coral, o baixista Enéias Xavier e o baterista Neném, um monte de feras. Conta a história de uma banda que viaja pelo interior e toca nos coretos. Infelizmente, a gravação ficou incógnita”, lamenta. “Como dizia Bituca, o artista tem de ir aonde o povo está. E esse é meu objetivo agora.”

Nelson Ângelo, aliás, está cheio de planos. “Não vou ficar de braços cruzados, reclamando desse horror que estamos vivendo”, avisa. Um outro projeto dele é mais amplo, com disco, filme e livro. “Absoluto segredo”, diz.

Nascido em BH, Nelson trabalhou na noite de BH com Milton Nascimento, nos anos 1960. Integrante do Clube da Esquina, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou teoria musical e participou de festivais.

Parceiro do poeta Cacaso, foi casado com a cantora e compositora Joyce, com quem teve as filhas Clara Moreno e Ana Martins. Em quatro décadas de carreira, lançou 17 discos. Tocou com Elis Regina, Milton Nascimento, Edu Lobo, Johnny Alf, Alaíde Costa, Nana Caymmi, Beto Guedes, Simone, Sérgio Mendes e Francis Hime (AP)

 “FOGO LENTO”
Single de Nelson Ângelo
Quae Persona
Disponível nas plataformas digitais a partir de sexta-feira (30/4)


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