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Estado de Minas MARCA SENSÍVEL

Artistas da dança estudam os efeitos da pandemia no corpo

Esse foi um dos temas tratados nos trabalhos de um laboratório que deram origem à mostra 'Cartografias sensíveis', disponível no YouTube


17/03/2021 04:00 - atualizado 17/03/2021 08:01

Cena da videoperformance 'Encantografar: estado de verbo desconhecido', que trata dos impactos do isolamento social na estrutura corporal(foto: Helena Cooper/Divulgação)
Cena da videoperformance 'Encantografar: estado de verbo desconhecido', que trata dos impactos do isolamento social na estrutura corporal (foto: Helena Cooper/Divulgação)
A relação entre corpo, palavra e dança é o tema da mostra “Cartografias sensíveis”, que tem início nesta quarta-feira (17/3), no formato virtual. O evento reúne obras produzidas ao longo da residência artística do Laboratório Corpo Palavra, do espaço Celeiro Moebius, no Rio de Janeiro.  

O trabalho de formação imersiva investigou o elo entre a escrita e os movimentos cotidianos, com a participação de artistas, educadores e pesquisadores. O formato virtual possibilitou alcançar 33 alunos de todas as regiões do Brasil, sem o custo do deslocamento próprio dos eventos presenciais, inviabilizados pelo avanço da pandemia da COVID-19. 

A residência foi coordenada pela coreógrafa Aline Bernardi, diretora artística do Celeiro Moebius e pesquisadora das artes do corpo. Ela conta que seu interesse pelo tema surgiu ainda na infância, inspirado pelas aulas de balé e a paixão pelos livros.  

“Sempre tive uma relação muito viva com a escrita e a dança, ao mesmo tempo. A palavra me ativava emoções, sentimentos e sensações, para o corpo se dilatar e gerar a intensidade cênica. Quando comecei a investigar essa relação entre pensamento e movimento, tanto no espaço cênico como no palco, me devolvia um estado de consciência corporal e de estar viva no meu cotidiano”, conta Aline.

Criada coletivamente, a videoperformance 'foi uma conexão vital de perceber como somos muito mais coletivos do que indivíduos', segundo a coreógrafa Aline Bernardi(foto: Lia Petrelli/Divulgação)
Criada coletivamente, a videoperformance 'foi uma conexão vital de perceber como somos muito mais coletivos do que indivíduos', segundo a coreógrafa Aline Bernardi (foto: Lia Petrelli/Divulgação)

Programação 

A residência do Laboratório Corpo Palavra durou sete semanas. A programação da mostra contempla a apresentação dos trabalhos produzidos nesse período e também o lançamento de dois projetos audiovisuais e do e-book “Forças intermoleculares”. Haverá ainda palestras com especialistas. 

As dores e as marcas do período de isolamento social vivenciado pelos brasileiros nos últimos 12 meses foram exploradas na videoperformance “Encantografar: estado de verbo desconhecido”. O trabalho é fruto da escuta das experiências dos alunos, que gerou uma criação coletiva de múltiplas linguagens, entrelaçando o corpo, imagem, sensação e a escrita. 

“Foi uma conexão vital de perceber como somos muito mais coletivos do que indivíduos. Nesse processo, descobrimos essas múltiplas linguagens e grafias que foram gerando imagens muito sensórias e resultou nessa videoperformance”, comenta Aline. 

A obra, de 45 minutos, mostra possíveis caminhos para o ser humano se afetar coletivamente e permitir um reencantamento com a vida, mesmo diante de um cotidiano de desesperança em meio à pandemia da COVID-19. “É um caminho para a gente poder expressar, estudar e praticar o corpo e as escritas somáticas. É um meio de liberar essas dores, expressar e comunicar esses afetos”, aponta a diretora artística.   

A videoarte “Mãoebius”, por sua vez, promove um trabalho monocromático e minimalista com o movimento das mãos. Os ritmos e gestos dialogam com a  “Fita de Moebius”, superfície topológica que une dentro-fora, muito utilizada nos estudos da dança. 

“Isso está muito ligado à maneira de se relacionar com a vida, o ambiente e o corpo em movimento no espaço. A nossa pele não estabelece uma fronteira entre o que está dentro e fora. Ela é um lugar de trânsito, de fluxos que se confundem. A arte é uma afetação desses trânsitos entre nós. É esse lugar da fita de Moebius como uma experiência estética, poética e sensorial." 

Os dois vídeos contam com a participação dos 33 artistas. O formato audiovisual possibilitou unir os corpos em meio às restrições para impedir a disseminação do coronavírus, sendo uma novidade para parte dos alunos. “Esse campo da linguagem audiovisual ganhou uma força de comunicação imagética na pandemia e, com certeza, vem sendo uma descoberta nova para muitos estudantes do laboratório”, alega Aline.

O livro “Forças intermoleculares” será lançado nesta quarta (17/3) com textos e imagens produzidos durante a residência artística, que se articulam com a capacidade dobrável do corpo e as camadas da pele. Também serão apresentadas ações do projeto “Decopulagem”, de autoria de Aline Bernardi, que se desdobra em literatura, solo de dança, show e videodança. 

Toda a programação será transmitida de forma gratuita no canal de YouTube do projeto Celeiro Moebius, das 19h às 20h30, até o próximo sábado (20/3). “A expectativa é que a gente possa receber o público com muito carinho para compartilhar essas sete semanas que a gente viveu, nos reencantar entre nós e expandir esse processo de ativar o encantografar em nossa vida”, diz Aline Bernardi. 

*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes
 
Mostra Cartografias Sensíveis
Desta quarta (17/3) a sábado (20/3), das 19h às 20h30, no YouTube do Celeiro Moebius. Gratuito


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