(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTES CÊNICAS

Peça escocesa que 'previu' a pandemia estreia no Brasil

Texto de 2016 descreve situação de confinamento devido a uma doença de origem animal que afeta os humanos. Sessões de 'Human animals' são on-line e gratuitas


10/03/2021 04:00 - atualizado 10/03/2021 07:32

Os atores Debora Gomez e Reggis Silva estão no elenco da peça, que terá apresentações desta quarta (10/3) ao próximo dia 26 (foto: Flávio Barollo/Divulgação)
Os atores Debora Gomez e Reggis Silva estão no elenco da peça, que terá apresentações desta quarta (10/3) ao próximo dia 26 (foto: Flávio Barollo/Divulgação)
Quando foi encenada pela primeira vez em Londres, em 2016, ''Human animals'' causou estranhamento no público. Naquela época, parecia bastante irreal que uma doença poderia trancar as pessoas em casa, como imaginou a dramaturga escocesa Stef Smith. A COVID-19 mudou essa percepção, e o texto ganhou tamanha atualidade que chamou a atenção da produtora Carla Estefan e da dramaturga Silvia Gomez. As duas convidaram Michelle Ferreira para adaptar e dirigir a versão brasileira da peça. A temporada on-line estreia nesta quarta-feira (10/3), às 22h, via YouTube.

A trama se passa numa metrópole onde quatro núcleos familiares estão confinados. A morte de alguns pets os leva a crer que a doença que gerou a pandemia tem origem animal. Isoladas, as pessoas precisam lidar com o colapso iminente do mundo como o conhecem.

''A arte tem isso de contar o futuro, sem saber. Claro que a Stef [Smith] não previa que a gente ia chegar num coronavírus. Ela fala de uma pandemia em que as autoridades culpam os bichos, então é um pouco diferente da que estamos vivendo. Mas esse estado distópico, pré-apocalíptico, eu diria que é o mesmo'', afirma Michelle Ferreira.

O primeiro contato que ela teve com o texto foi quando participou de uma residência de dramaturgia na Escócia. Por lá, conheceu a autora de ''Human animals'', que foi convidada para vir ao Brasil, em 2020, e trabalhar na adaptação da peça junto com a diretora e o elenco – composto pelos atores Noemi Marinho, Luís Mármora, Clayton Mariano, Flow Kountouriotis, Debora Gomez e Réggis Silva. A pandemia (a real) impediu a viagem, e todo o trabalho foi transferido para o ambiente virtual.

Transmissões on-line causaram reinvenção nas artes cênicas

Por ser roteirista com experiência no audiovisual, Michelle conta que teve facilidade para adaptar o texto para o on-line. ''A obra teatral merece uma roteirização para esse novo universo. E esse meu trânsito por outras linguagens me ajudou a ter uma visão ampliada. Foi um caminho de muitos desafios, mas quando você tem uma equipe profissional que sabe trabalhar, tudo fica mais divertido'', diz.

A diretora também aposta que o público vai se identificar com os personagens. ''Cada um lida com o confinamento de um jeito. Tem gente que bebe, tem gente que transa, dorme, lê um livro e etc. São vários espectros, cada um vive esse momento de uma maneira. E apesar de ser um pouco distópico, a gente procurou manter a beleza e passar uma certa esperança.''

Em cartaz até o próximo dia 26, de terça a sexta-feira, ''Human animals'' será encenada em tempo real, captada por meio da plataforma Zoom. Durante a transmissão, o videoartista Flavio Barollo irá realizar intervenções visuais nas imagens. ''Por isso a montagem flerta com a videoarte nessa mescla de imagem, som e narrativa'', explica a diretora.

Para ela, as falhas que podem ocorrer durante a transmissão, bastante comuns em chamadas de vídeo, são o que aproxima o teatro virtual do presencial. ''Muitas coisas podem dar errado, assim como no palco, diante do público. E isso é adrenalina também. É o risco inerente ao teatro.''

Às vésperas de a pandemia completar um ano no Brasil, Michelle Ferreira avalia como positiva a maneira como as artes cênicas se reinventaram durante esse período, por meio de lives e gravações de peças para serem transmitidas pela internet.

''Nasceu uma nova forma de dramaturgia e de trabalhar. Uma vez que elas foram descobertas, não tem volta. São novas linguagens. E eu não me preocupo em dar nome. Eu me preocupo em fazer o meu trabalho e comover o público de alguma maneira. Nem que seja na tela do celular.''

Ainda assim, ela não acredita que o teatro presencial tenha acabado e espera poder encenar diante da plateia o quanto antes possível. ''Quando for seguro aglomerar de novo, o teatro vai mostrar mais uma vez que tem uma responsabilidade civilizatória muito importante, ainda mais em um país em pedaços como o nosso. Vai ser um frisson gigante. Eu mal posso esperar.''

“HUMAN ANIMALS”
Estreia nesta quarta-feira (10/03), às 22h, no canal da Metropolitana Gestão Cultural. A peça segue em cartaz até o próximo dia 26, de terça a sexta-feira, sempre às 22h. Duração: 55min. Gratuito.  


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)