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Estado de Minas CANTO LÍRICO

Desafios da ópera são tema de webnário da Fundação Clóvis Salgado

Programação começa nesta terça (13) e inclui debates, oficinas, exposição e mostra de filmes on-line


12/10/2020 04:00 - atualizado 12/10/2020 07:49

La traviata, de Verdi, foi a mais recente montagem da Fundação Clóvis Salgado a estar em cartaz no Palácio das Artes, em outubro do ano passado (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
La traviata, de Verdi, foi a mais recente montagem da Fundação Clóvis Salgado a estar em cartaz no Palácio das Artes, em outubro do ano passado  (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)


Estruturada em torno da aglomeração de orquestra e cantores (no palco) e a plateia diante dele, a ópera vive um compasso de espera peculiar nesta pandemia do novo coronavírus. Nesse contexto, a Fundação Clóvis Salgado, que tradicionalmente realiza montagens operísticas envolvendo seus corpos estáveis (Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico e Companhia de Dança), promove a partir desta terça-feira (13) a 1ª Temporada Digital de Ópera da Fundação, focada em incentivar a discussão sobre as circunstâncias atuais da ópera no Brasil e no mundo. 
 
A programação, gratuita e a ser transmitida no site e nas redes sociais da Fundação, será aberta com o Webinário #ÓPERAHOJE, que se estende até domingo (18). Divididos em 10 mesas de conversa, uma palestra e duas apresentações de caso, os debates incluem temas relacionados à formação de novos públicos, diversidade de gênero e raça dentro da ópera e investimentos do poder público na área. 
 
O elixir do amor, que teve temporada em abril de 2019, adaptou a obra de Donizetti com história ambientada no século 18 para o contexto de uma escola americana nos anos 1960 (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
O elixir do amor, que teve temporada em abril de 2019, adaptou a obra de Donizetti com história ambientada no século 18 para o contexto de uma escola americana nos anos 1960  (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
 
 
Participam especialistas como Paulo Abrão Ésper, diretor-geral e artístico da Cia. Ópera São Paulo; João Luiz Sampaio, editor-executivo da revista Concerto; Roberto Minczuk, maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo; João Guilherme Ripper, compositor e maestro brasileiro; Henrique Passini, diretor cênico especializado em produções operísticas; Gisele Ganade, diretora artística da Cia. Minaz e do Teatro Minaz; e Edna d’Oliveira, cantora lírica; entre diversos outros profissionais.

DIFICULDADES Flávia Furtado, diretora-executiva do Festival Amazonas de Ópera e uma das fundadoras do Fórum Brasileiro de Ópera, divide a curadoria do Webinário com Nelson Rubens Kunze. Para ela, as dificuldades impostas pela pandemia vêm de encontro a um momento muito promissor da ópera em todo o mundo, por renovações em vários sentidos. Segundo Flávia, já havia um movimento de convergência global da ópera, que resultou, em 2018, no 1º Fórum Mundial da Ópera, em Madri, na Espanha.
 
“Os Estados Unidos já têm um fórum há 50 anos, mais de 70 países aderiram ao fórum europeu, e aqui há nosso filhote, que é a OLA , a Ópera Latinoamérica,  com 12 anos”, cita. 
Ela aponta que, há dois anos, “pela primeira vez o mercado se reuniu em nível mundial  para discutir o que estamos vivendo, que é um renascimento da ópera. Ela nunca chegou a morrer, mas temos hoje a China investindo pesado nos últimos 20 anos, os países vizinhos com resultados importantes, novos mercados surgindo, com novas tecnologias e discussões sobre a ópera voltar a ser popular no século 21, sobre o que é compor ópera hoje. Esse webinar tenta trazer essas grandes discussões de nível mundial para o Brasil”.
 
O maestro Silvio Viegas durante ensaio de La traviata(foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
O maestro Silvio Viegas durante ensaio de La traviata (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)
 
 
A curadora também é otimista em relação à participação dos profissionais diretamente ligados à ópera na definição dos rumos da atividade. “Antes era um setor desarticulado. Muito do preconceito em torno da ópera no Brasil, considerada como uma atividade muito elitista, é fruto dessa desarticulação entre o pessoal da música, do teatro e de outras áreas, que atuava separadamente. Porém, quanto mais se dá voz para quem promove e acompanha o setor, mais quebramos essa barreira que existe para a ópera no Brasil.”

COMPOSITORES Em favor da tradição brasileira, ela argumenta que “os três maiores compositores da América Latina nos séculos 18, 19 e 20 são brasileiros”, referindo-se a José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), Carlos Gomes (1836-1896) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959). “Temos uma responsabilidade com a cultura brasileira de fazer esse patrimônio chegar ao público”, comenta.
Apesar do otimismo, a curadora também destaca as preocupações ocasionadas pela pandemia e a consequente suspensão de espetáculos em todo o mundo. “A maior preocupação é conseguir que haja investimentos nesse setor. A ópera se justifica pela economia criativa, mas não dá lucro. Nem aqui nem em lugar nenhum. Nenhuma ópera se mantém só com bilheteria. É um setor que precisa de investimento, privado ou público, e especialmente por isso são tão necessárias essas articulações que temos atualmente. A pandemia deu um empurrão nesse sentido, pois reforçou essa necessidade de nos organizarmos melhor como setor produtivo.”
 
Além do webinário, haverá uma Academia de Ópera virtual, com cursos, oficinas e palestras, de segunda-feira (19) até 22 de novembro. As inscrições podem ser feitas no site da Fundação Clóvis Salgado (www.fcs.mg.gov.br).
 
No próximo dia 21, será a vez do Encontro com a Cia Dança, também virtual, que procura discutir a produção operística pela perspectiva dos profissionais da dança. Uma semana depois, o público poderá rever o Coral Lírico e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais interpretando Cavalleria rusticana, de Pietro Mascagni, em vídeo gravado a ser exibido no dia 28.  
 
No dia 29, deve ser aberta a exposição Ópera em cartaz, reunindo cartazes e livretos produzidos pela FCS desde a década de 1970. O acesso à versão digital da mostra estará disponível no site da Fundação. A visitação poderá ser feita na PQNA Galeria Pedro Moraleida, no Palácio das Artes.
A presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras, garante que os protocolos sanitários já estão em dia para que o Palácio das Artes volte a receber o público. “Como nossos espaços culturais abrigam muitas atividades de várias linguagens, preparamos protocolos para cada uma delas – teatro, bilheteria, café, sala de cinema”, diz Eliane. 
 
Segundo Eliane, as medidas de segurança passam por estratégias de distanciamento entre o público, controle de capacidade, do fluxo de entrada e saída no teatro e instalação nas galerias de equipamentos como tapete higienizador, além do uso de baias acrílicas. Por outro lado, os protocolos referentes ao retorno dos alunos de formação artística ainda estão sendo elaborados, assim como para o retorno das atividades presenciais dos corpos artísticos, ainda sem previsão. 
 
1ª Temporada Digital de 
Ópera da Fundação 

Desta terça (13) a 29 de novembro. Gratuito. Programação completa em: www.fcs.mg.gov.br. Transmissões em:  www.fcs.mg.gov.br, www.instagram.com/fcs.
palaciodasartes, www.youtube.com/c/
palaciodasartesmg, 
www.facebook.com/
fundacaoclovissalgado. 


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