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Estado de Minas MÚSICA

Fleet Foxes convoca Tim Bernardes e expande fronteiras em 'Shore'

Quarto disco da banda norte-americana traz experimentações na seara do folk. Os brasileiros João Gilberto e Tim Maia influenciaram o álbum


06/10/2020 04:00 - atualizado 06/10/2020 08:55

O cantor Robin Pecknold diz que foi
O cantor Robin Pecknold diz que foi "uma honra" ter versos em português em Shore (foto: Emily Johnston/divulgação)

O exato momento em que o sol cruza a linha do Equador é chamado de equinócio, fenômeno que ocorre duas vezes por ano. O mais recente ocorreu em 22 de setembro, quando, no Hemisfério Sul, se iniciou a primavera e, no Norte, o outono. Essa data, pontualmente às 10h30 (horário de Brasília), foi a escolhida da banda estadunidense Fleet Foxes para lançar o disco Shore.

Esse é o quarto registro de estúdio do grupo, liderado pelo músico Robin Pecknold. A última vez que o Fleet Foxes lançou um trabalho inédito foi em 2017, quando ainda estava em hiato e se reagrupou para produzir o disco Crack-up.

MARCA 

Acessível, Shore traz 15 faixas que exploram elementos considerados a marca da banda. A guitarra melódica e os instrumentais de piano estão lá, assim como as letras brilhantes e os arranjos milimetricamente pensados.

Um de seus trunfos é a presença de uma série de convidados, o que enche a jornada pelo disco de surpresas. A faixa de abertura, Wading waist-high water traz os vocais das irmãs Georgiana e Frederika Leithauser, além de Juliet e Faye Butters.

Sunblind, a segunda canção, ecoa o autointitulado disco de estreia do grupo, lançado em 2008. As quatro faixas seguintes – Can I believe you, Jara, Featherweight e A long way past the past – exemplificam a evolução do Fleet Foxes como banda. O grupo ainda busca criar um folk barroco, só que agora não se prende ao lugar-comum, procurando expandir esse estilo com a adição de sintetizadores, guitarras e percussões.

É irônico que a bateria seja tão predominante no álbum, considerando que o ex-baterista do grupo Josh Tillman alcançou rapidamente o sucesso com seu projeto solo sob a alcunha Father John Misty. O último disco do Fleet Foxes de que ele participou foi Helplessness blues (2011), cujas faixas têm pouca ou nenhuma percussão.

For a week or two e Maestranza são as canções mais emocionalmente ressonantes e bem produzidas do novo álbum do Foxes. A primeira, basicamente a capella, conta com acompanhamento de piano. Já a segunda traz uma introdução forte e cresce no refrão.

Outro destaque, Quiet air/Gioia apresenta progressão de sons digna de uma odisseia. Já Thymia reitera o talento da banda para criar harmonias, enquanto a melancólica faixa-título, responsável por encerrar o disco, prova que o grupo é capaz de experimentar no gênero em que atua há mais de uma década: o folk.

Um pouco perdidas nos mais de 50 minutos de disco, It's not my season e Cradling mother, cradling woman são canções que não apresentam qualquer tipo de evolução para a sonoridade da banda. Poderiam ter ficado de fora, caso fosse interesse do grupo enxugar a quantidade de faixas.

O brasileiro Tim Bernardes aparece nos segundos finais da 12ª faixa, Going-to-the-sun road. Vocalista da banda O Terno e autor do elogiado disco solo Recomeçar (2017), ele canta versos em português: “A estrada do sol/ O começo de tudo/ E as nuvens que agora se afastam/ Mostrando um caminho que está sempre lá/ E que é qualquer lado que a gente quiser caminhar.”

DESCRENTE 

“Fiquei até meio descrente quando o Robin Pecknold me convidou para cantar em uma faixa. Quem me conhece sabe que sempre o achei um dos grandes do nosso tempo, especialmente por quão atemporal a música pode e consegue ser. Às vezes identifico em alguns artistas pelo mundo e pelo tempo um tipo de devoção e entrega que eu sinto pela música. Os Fleet Foxes compartilham desse tipo de entrega”, comemorou o paulistano em suas redes sociais.

Pecknold retribuiu o agradecimento: “Obrigado por cantar tão bem em português no disco. Sou um grande admirador seu e espero que possamos colaborar mais no futuro. É uma honra!”

Shore guarda outras relações com o Brasil. No texto para divulgar o disco, em que apresenta suas influências, Robin Pecknold cita, além de Tim Bernardes, João Gilberto (1931-2019) e Tim Maia (1942-1998).

Ainda que tenha sido gravado durante a quarentena, o álbum ganhou registro audiovisual produzido em 16mm que exibe uma verdadeira road-trip pelos Estados Unidos. O filme está disponível no site oficial da banda e no YouTube.

SHORE
De Fleet Foxes
Selo Anti-
15 faixas
Disponível nas plataformas digitais


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