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Estado de Minas MÚSICA

O cantor e compositor Pedro Luís se reinventa no palco on-line

Impedido de fazer shows presenciais, músico carioca criou série on-line para ensinar o público a tocar suas canções, recebe cantoras em canal no YouTube e anuncia 'lives' para setembro


30/08/2020 19:57

Pedro Luís diz que faz %u201Cmágica%u201D para enfrentar as limitações impostas pela pandemia aos artistas(foto: Nana Moraes/divulgação)
Pedro Luís diz que faz %u201Cmágica%u201D para enfrentar as limitações impostas pela pandemia aos artistas (foto: Nana Moraes/divulgação)
 
“Virei mágico! Agora não sou mais músico, sou mágico. Readaptei contas e hábitos, umas coisas e outras deixei de fazer. Estou pegando outros eventos, mesmo que o cachê seja menor. O importante é seguir e esperar que as coisas melhorem”, afirma o cantor e compositor carioca Pedro Luís.
Na estrada desde a década de 1980, o fundador do Monobloco e da banda Pedro Luís e A Parede (Plap) teve de se reinventar nestes dias de pandemia para manter a conexão com o público. O músico, de 60 anos, passa a quarentena numa fazenda no interior fluminense, onde aprende a tocar novos instrumentos. “Até compus algumas coisas. Mais consegui começar composições do que concluí-las”, brinca.

AULAS Nesta temporada longe dos palcos por imposição do coronavírus, Pedro investe em projetos on-line. Um deles é a série Como eu toco essa canção, disponibilizada em seu canal oficial no YouTube. De maneira simples, ele ensina o público a executar as músicas dele.
Pedro disponibiliza partituras, toca violão e cavaquinho, conta um pouco da histórias por trás de cada canção. “Está sendo surpreendente. Descobri até amigos assistindo aos vídeos. Eles me falam: tô aprendendo lá, depois vamos tocar juntos.”
 

"Readaptei contas e hábitos, umas coisas e outras deixei de fazer. Estou pegando outros eventos, mesmo que o cachê seja menor. O importante é seguir"

Pedro Luís, cantor e compositor

 
 
O aprendizado não se restringe aos alunos. “A série acaba me impondo a disciplina de arrumar melhor as canções. Ali, tenho o cuidado de entregar algo menos flutuante para que qualquer pessoa, mesmo se for muito iniciante, consiga pegar a melodia”, explica.
 
Outro projeto on-line de Pedro Luís é a série Encantado por elas. Nas quartas-feiras de junho, o carioca lançou vídeos cantando suas músicas ao lado de Fernanda Abreu, Zélia Duncan, Roberta Sá, Mart'nália e Elba Ramalho. Esse material também está disponível no canal dele no YouTube.
“Sou encantado não só pela música, mas pelas atitudes dessas mulheres. Comecei a pensar com o meu time de fadas como poderia mostrar a relação que tenho com as intérpretes”, explica. As fadas, no caso, são as produtoras que trabalham com Pedro.

LIVES A agenda do cantor e compositor, claro, está cheia de lives. “Antes, elas eram coisa bem rara. Como projeto meu, não me lembro de ter feito live antes. Esse exercício começou agora, durante o isolamento”, comenta.
 

"Está sendo surpreendente. Descobri até amigos assistindo aos vídeos. Eles me falam: tô aprendendo lá, depois vamos tocar juntos"

Pedro Luís, cantor e compositor

 
 
Em 5 e 11 de setembro, Pedro Luís vai fazer shows ao vivo, cujo repertório reunirá composições dele e de Luiz Melodia (1951-2017). As lives serão transmitidas pelas redes sociais do músico e pelos canais do Sesc e do Teatro Municipal de Niterói, respectivamente.
 
Outro projeto é o Inspiração Solidária, cujo objetivo é ajudar sua equipe técnica a enfrentar a falta de trabalho, devido ao cancelamento de shows. Pedro fez rifa on-line para arrecadar recursos. O prêmio é uma canção inédita composta por ele.
 
“Coincidentemente, foi uma sobrinha minha que ganhou. Fizemos uma live para que o público pudesse conhecê-la. A Carol tem um filho autista e demorou um pouquinho para encarar isso. Ela topou falar sobre isso também”, diz. Durante a live, conta Pedro, as pessoas se emocionaram com a história de Bernardo, de 6 anos.
 
A letra do “prêmio” está quase concluída, mas sem data de estreia. “A missão de criar uma música para alguém conhecido é difícil, mas despertou em mim a vontade de fazer isso mais vezes”, revela.

INHOTIM Quando o isolamento social foi decretado, Pedro Luís teve de cancelar a turnê de lançamento da edição de luxo do álbum Vale quanto pesa, dedicado a Luiz Melodia. Um dos shows estava marcado para abril em Inhotim, centro de arte contemporânea em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte.
 
Entre as canções do repertório se destaca a inédita Feto, poeta do morro, censurada durante a ditadura militar, que estrearia ao vivo em Minas. O single foi lançado em março nas plataformas digitais.
 
Pedro conta que Jane Reis, viúva de Melodia, cantarolou um trecho de Feto para ele. Depois, enviou a foto da letra escrita e rabiscada pelo marido, com o carimbo “censurada” em vermelho. “Foi um presente que a Jane me deu para mostrar ao mundo”, agradece.
 
Resgatar aquele tesouro deu trabalho, pois não havia registro da melodia de Feto, poeta do morro. “Luiz não deixou nada para eu me basear. Então, usei outras composições dele como base. Espero que o poeta, onde quer que esteja brilhando, goste do que eu fiz”, afirma Pedro.
 
“Essa música fala do poeta do morro, da Guanabara. Recebi a canção quando aconteceu aquela atrocidade do cara que sequestrou um ônibus e o governador saiu comemorando os dois tiros que o mataram. Para mim, ali estava uma imagem muito icônica e cruel. Estava construindo o arranjo quando ele foi arrebatado por aquela cena brutal”, recorda.
 
Pedro se refere à morte de William Augusto da Silva, em 2019. Ele foi baleado por um atirador de elite, depois de fazer 37 reféns num coletivo que atravessava a Ponte Rio-Niterói. Acenando para a multidão e para as câmeras de TV, o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, surgiu no local de helicóptero, após o desfecho do sequestro.
 
Em 2018, Pedro Luís estreou seu projeto em homenagem ao Poeta do Estácio. Mandou para as plataformas digitais o single Juventude transviada e lançou o álbum Vale quanto pesa – Pérolas de Luiz Melodia, com 13 faixas.

DIVERSIDADE A ideia havia tido o aval do próprio Luiz Melodia. “Pena que ele não conseguiu ver o resultado”, lamenta Pedro, que regravou, à sua maneira, canções de Pérola negra (1973), disco clássico da MPB. “É um álbum de diversidade muito interessante e ao mesmo tempo com muita personalidade. Que músicas são aquelas? Que pessoa, poeta, músico incrível ele era”, comenta.
 
O propósito de Pedro Luís é divulgar a obra do Poeta do Estácio para as novas gerações. Ele conta que aos 12 anos se apaixonou pelo LP Pérola negra. Aliás, o garoto da Tijuca foi um ouvinte privilegiado da obra-prima graças ao marido da irmã. Representante de vendas da gravadora, o cunhado levou para casa o disco, que só algum tempo depois chegaria às lojas.

* Estagiária sob supervisão da 
editora-assistente Ângela Faria


NA REDE

. Canal oficial – youtube.com/pedroluis
. Instagram – @pedroluisoficial


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