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Estado de Minas MEMÓRIA

Dramaturgo e escritor Antonio Bivar morre de COVID-19

Autor de textos teatrais importantes da década de 1960 e nome fundamental para a difusão do punk no Brasil, ele teve complicações respiratórias depois de contrair o novo coronavírus, aos 81 anos


postado em 06/07/2020 04:00

Nesse registro de 2013, Antonio Bivar (à dir.) encontra o amigo Celso Cury em estreia teatral, em São Paulo(foto: Estadão Conteúdo)
Nesse registro de 2013, Antonio Bivar (à dir.) encontra o amigo Celso Cury em estreia teatral, em São Paulo (foto: Estadão Conteúdo)

O dramaturgo e escritor Antonio Bivar morreu ontem, aos 81 anos, em São Paulo, vítima da COVID-19. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiori desde o último dia 23 de junho.

Bivar, que ganhou projeção no final dos anos 1960, é autor de textos importantes do teatro nacional, como Cordélia Brasil (1967), Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã (1968) e O cão siamês ou Alzira Power (1969).

Sua estreia no teatro se deu com um texto escrito a quatro mãos com Carlos Aquino e montado em 1967, Simone de Beauvoir, pare de fumar, siga o exemplo de Gildinha Saraiva e comece a trabalhar. O tom crítico e mordaz era um desafio aos limites impostos à época pela censura à produção artística vigente no regime militar.

EXÍLIO

Ele lançou também livros como Chic-A-Boom e Yolanda, uma biografia da socialite Yolanda Penteado.  EmVerdes vales do fim do mundo (L&PM), relatou seu período de exílio em Londres, ao lado de grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Décadas mais tarde, a trajetória de Bivar voltaria a se cruzar com a da música popular brasileira, quando ele passou a assinar a direção de shows.

Mas é no território do punk que sua influência foi mais decisiva. Ele é o autor, pela coleção Primeiros Passos, da editora Brasiliense, do volume O que é punk, que apresentou a toda uma geração no Brasil essa expressão da contracultura pela qual Bivar também se tornaria conhecido. O livro foi reeditado recentemente pelas Edições Barbatana com o título Punk.

Após o anúncio de sua morte, jornalistas e críticos, como André Barcinski e André Forastieri homenagearam Bivar em suas redes sociais, reconhecendo seu papel como autor de um livro “pioneiro e fundamental para quem buscava informação sobre os sons alternativos, numa época em que não havia literatura nacional sobre o tema”, conforme escreveu Barcinski.

Bivar contribuiu também para divulgar o trabalho de bandas brasileiras associadas ao punk. Em 1982, ele organizou em São Paulo o festival O Começo do Fim do Mundo, dedicado ao gênero. Atuou no jornalismo, como editor e diretor de revistas.

O contato de Bivar com a contracultura se deu em sua temporada londrina, cidade que escolheu para escapar da perseguição da ditadura militar brasileira e onde estudou literatura.

Nascido em São Paulo, Bivar havia feito no Rio de Janeiro seu curso de teatro, para onde se mudou depois de ter vivido no interior de São Paulo, embora tivesse nascido na capital. De seu interesse pela obra de Virgina Woolf originou-se o volume Bivar na corte de Bloomsbury, que resume seus estudos sobre a escritora e seus contemporâneos.

Além da narrativa sobre o exílio em Londres, Bivar publicou um volume biográfico, sobre seus primeiros 30 anos de vida, Mundo adentro vida afora, lançado em 2014 pela L&PM. No ano passado, pela Humana Letra lançou Perseverança, que seria o quinto volume sobre sua trajetória, abarcando o período de 1982 a 1993. Ele preparava, com o amigo Aimar Labaki, um filme também de cunho autobiográfico.

Bivar estava de viagem marcada para Londres, mas contraiu o novo coronavírus e teve complicações respiratórias que o levaram à internação.


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