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Estado de Minas TELEVISÃO

Série sobre os abusos do médium João de Deus estreia nesta terça

Globo e Globoplay exibem seriado documental sobre o médium, celebridade mundial, condenado a 19 anos de prisão por abusar sexualmente de fiéis, em Goiás.


postado em 23/06/2020 04:00

João de Deus atendia na Casa Dom Inácio de Loyola, na cidade goiana de Abadiânia(foto: Ed Alves/CB/D.A Press %u2013 20/4/17)
João de Deus atendia na Casa Dom Inácio de Loyola, na cidade goiana de Abadiânia (foto: Ed Alves/CB/D.A Press %u2013 20/4/17)
A história de João de Deus, médium condenado a 19 anos de prisão por abusos sexuais e outros crimes, será o tema da nova série documental da Globoplay. O programa estreia nesta terça-feira (23), na TV Globo, depois de Aruanas, e na plataforma de streaming. Ele também será exibido pelo Canal Brasil, parceiro do projeto, a partir de quarta-feira (24).

Com seis episódios, a série começa mostrando a fama do médium (amigo dos poderosos, bon vivant entre os famosos e com trânsito entre personalidades internacionais). Depois, explica as descobertas da produtora e roteirista Camila Appel, do programa Conversa com Bial, sobre indícios de abuso sexual por parte do médium.

FÉ 

A apuração começou quando Bial se recusou a ir a Abadiânia, em Goiás, onde o médium mantinha um centro de atendimentos espirituais, como condição para a entrevista de João de Deus a seu programa. “Ele falava que tudo o que pedia para quem ia até lá era fé, e isso eu não podia dar”, diz o apresentador, no documentário.

Camila Appel conversou com uma conhecida que havia trabalhado no centro, que lhe revelou informações sobre abusos sexuais cometidos pelo médium. A produtora localizou vítimas brasileiras, que não se mostraram à vontade para aparecer em frente às câmeras. Várias se sentiam ameaçadas pela estrutura de poder (criminosa, como ficou comprovado mais tarde) e até pela espiritualidade de João de Deus.

A produtora e roteirista entrou em contato com a bailarina holandesa Zahira Lieneke Mous, que deu um depoimento corajoso sobre abusos que sofrera nas mãos do médium, exibido no programa Conversa com o Bial, em 7 de dezembro de 2018. Essa revelação fez com que João Teixeira de Faria, o João de Deus, fosse investigado, condenado e preso. Em março deste ano, ele foi autorizado a mudar para o regime domiciliar devido à pandemia do novo coronavírus.

Posteriormente, o documentário reuniu outras vítimas em uma roda de conversa, certamente um dos momentos mais emocionantes da série. “Fazer o convite para essas mulheres falarem era fazer um convite para relembrar a dor”, explica Camila Appel. “É um convite difícil. O mínimo é ter empatia, tentar entender. Não oferecemos cura, não temos esse objetivo, mas acreditamos que mostramos que esse compartilhar da dor pode ser algo bonito.”

Camila se sente orgulhosa de seu trabalho. “As mulheres questionavam que a gente não ia conseguir colocar, que não seria feito da maneira adequada. Mas foi – e foi um orgulho imenso.”

Bial ainda tenta entrevistar o médium. Segundo o jornalista, João de Deus se comprometeu a conversar com ele em seu programa. De acordo com o apresentador, é improvável que uma história assim ocorresse em outro lugar que não o Brasil.

“Temos a tradição histórica sebastianista de buscar um salvador da pátria. O fato de as pessoas que iam até lá buscar ajuda se encontrarem em uma situação de desespero acrescenta mais uma camada de horror, ou seja, ele se aproveitou das pessoas no momento mais vulnerável delas”, observa.

MEDO 

Camila Appel diz que as brasileiras vítimas da violência sexual do médium tinham muito medo da rede de proteção ao redor de João de Deus, de sua influência política e da possível violência contra suas famílias. “Até hoje existe o medo de retaliação espiritual. É muito difícil lidar com esse tipo de medo. Exige delicadeza lidar com a fé das pessoas. Foi um processo paciente, de muito tempo conversando sobre como a quebra do silêncio pode ser importante e sobre consequências positivas (dos depoimentos). No Brasil, existe uma cultura muito forte de descredibilizar as vítimas”, lamenta.

Camila ficou impressionada ao descobrir que as mulheres já haviam tentado, sem sucesso, denunciar os fatos no passado. “Elas não foram ouvidas. Temos o caso de uma menina que há mais de 10 anos o processou e ele foi inocentado. Uma mulher, em 2016, confrontou João de Deus e seu círculo mais próximo, fez boletim de ocorrência, fez denúncia on-line ao Ministério Público e não houve consequências”, relata a produtora.

Em nome de Deus tem direção de conteúdo de Fellipe Awi e direção de Monica Almeida, Gian Carlo Bellotti e Ricardo Calil.

EM NOME DE DEUS
Série documental
Seis episódios
Nesta terça-feira (23), às 23h15, na TV Globo e no Globoplay
A partir de quarta-feira (24), no Canal Brasil


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