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Estado de Minas VISÃO PESSIMISTA

Michel Houellebecq diz que pandemia deixará o mundo pior

Para escritor francês, 'nunca antes havíamos expressado com uma indecência tão serena o fato de que as vidas de todos os indivíduos não têm o mesmo valor'


postado em 05/05/2020 04:00

Morador de Paris assiste a filme projetado em fachada de prédio, na sexta passada, quando país completou 46 dias de quarentena. Total de mortes na França chega a 25 mil(foto: Martin Bureau/AFP)
Morador de Paris assiste a filme projetado em fachada de prédio, na sexta passada, quando país completou 46 dias de quarentena. Total de mortes na França chega a 25 mil (foto: Martin Bureau/AFP)
O escritor francês Michel Houellebecq não acredita em absoluto que o mundo pós-coronavírus será diferente, pelo contrário, ele afirma que será o mesmo, "mas um pouco pior". Autor de obras como Plataforma, Submissão, A possibilidade de uma ilha, O mapa e o território e Serotonina,  Houellebecq é o escritor francês contemporâneo mais lido no exterior.

Nascido em 1956 (segundo sua certidão de nascimento) ou em 1958 (segundo afirma), Holellebecq escreveu uma carta para a emissora France Inter a respeito da pandemia do novo coronavírus. Suas observações foram lidas nessa segunda-feira (4).

"Não acredito nem por um segundo nas declarações do tipo 'nada será como antes'. Pelo contrário, acredito que será exatamente igual. Não vamos acordar depois do confinamento em um novo mundo, será o mesmo, mas um pouco pior", afirma.

A epidemia do novo coronavírus, na opinião do escritor, "deveria ter como principal resultado a aceleração de algumas mudanças em curso, em particular a diminuição do contato humano".

"A crise oferece uma magnífica razão de ser para esta tendência acentuada: uma certa obsolescência que parece afetar as relações humanas", diz.

"Seria falso afirmar, além disso, que redescobrimos o trágico, a morte, a finitude, etc.", prossegue o escritor, apontando em sua carta os autores que se confinaram em suas segundas residências.

A epidemia de COVID-19 matou quase 25 mil pessoas na França, mas Houellebecq afirma que "nunca antes a morte foi tão discreta como nas últimas semanas".

"As vítimas se resumem a uma unidade na estatística de mortes diárias, e a angústia que se propaga entre a população à medida que o número total aumenta tem algo de estranhamente abstrato", diz.

"Outro número teve grande importância nessas semanas – a idade dos enfermos. Até quando eles devem ser reanimados, curados? Até os 70, 75, 80 anos?", indaga.

"Nunca antes havíamos expressado com uma indecência tão serena o fato de que as vidas de todos os indivíduos não têm o mesmo valor", conclui. (AFP)


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