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Streaming é o novo paraíso de desenhos animados para adultos

'The midnight gospel',que estreia nesta segunda (20) na Netflix, é mais um exemplo de produções que tratam de temas sérios em tom bem-humorado


postado em 20/04/2020 04:00 / atualizado em 20/04/2020 11:21

O esquisito Clancy é o protagonista de 'The midnight gospel', que viaja por distintos universos entrevistando pessoas com histórias singulares.(foto: Netflix/Divulgação)
O esquisito Clancy é o protagonista de 'The midnight gospel', que viaja por distintos universos entrevistando pessoas com histórias singulares. (foto: Netflix/Divulgação)

Não é de hoje que as animações agradam não só às crianças, como também aos adultos, teoria comprovada pelo sucesso de séries como Os Simpsons, Family guy, Futurama, South Park, entre outras, cuja pegada satírica as transformou em fenômeno cultural, tamanha sua popularidade.

Atualmente, as plataformas de streaming abrigam a maior variedade desse gênero, em mais uma comprovação de que desenhos animados para adultos se tornaram uma coisa séria. Ou nem tanto, já que piadas, comédias e fantasias nonsense dão o tom dessas produções, como é o caso de The midnight gospel, que estreia nesta segunda-feira (20), na Netflix.

Criada por Padleton Ward, mente por trás de Hora de aventura – exibida originalmente pelo Cartoon Network entre 2010 e 2018 –, em parceria com o comediante Duncan Trussell, do podcast Duncan Trussell family hour, a minissérie conta como Clancy, um garoto de pele rosa e cabelos roxos que atravessa múltiplos universos por meio de um simulador defeituoso para entrevistar criaturas tão estranhas quanto ele e tirar disso alguma vantagem, sobretudo financeira.

Apesar da premissa aparentemente simples, a série incorpora à história, como personagens animados, algumas das entrevistas realizadas pelo podcast de Trussell, que já acumula mais de 360 edições, com participações de Dan Harmon (criador da animação Rick & Morty), Rob Schrab (criador de The suits) e muitas outras figuras esotéricas, em discussões metafísicas sobre o sentido do universo. Ou seja, bastante pano pra manga.

A estética psicodélica do desenho é um show à parte. Quem assina a direção de arte é Jesse Moynihan, que também trabalhou nas aventuras de Finn e Jake para o Cartoon Network. A diferença desse trabalho é que não há economia de cores vibrantes e criaturas fantásticas vindas direto dos sonhos mais surreais, ou seja, também não há limites para o bizarro. Tudo isso regado a uma trilha sonora igualmente lisérgica.

A produção não poupa o público de imagens sangrentas, palavrões e situações sexualmente sugestivas. A primeira temporada conta com oito episódios de 30 minutos cada um.

Utilizar desenhos para falar sobre sexo tem sido a estratégia da Netflix em Big mouth. Criada por Nick Kroll, Andrew Goldberg, Mark Levin e Jennifer Flackett, a série sobre amadurecimento chegou ao catálogo da plataforma em 2017 e atualmente está em sua terceira temporada.


DEBOCHE

Diferentemente das temáticas fantásticas que em geral norteiam os desenhos voltados para adultos, Big mouth mostra um grupo de pré-adolescentes passando pela puberdade e enfrentando as dificuldades típicas dessa fase. Ela se diferencia também de Sex education, que adota uma abordagem educacional para a temática. O desenho apela para o deboche, enquanto os personagens interagem com seus traiçoeiros monstros hormonais, que fazem de tudo para constrangê-los.

A comédia abusa de piadas sobre sexo e, apesar da abordagem mais realista, mostra as crianças interagindo com um fantasma do compositor de jazz Duke Ellington (1899-1974), uma Estátua da Liberdade com sotaque francês, um travesseiro que é capaz de engravidar e, também, com suas próprias genitálias. A cereja do bolo é a muito bem pensada música de abertura, o clássico Changes, de Charles Bradley.

Falar de desenhos animados para adultos sem citar BoJack Horseman pode ser considerado pecado para quem acompanha as novidades do gênero. Avaliada como uma das melhores produções da Netflix, a série é ambientada em um mundo no qual humanos e animais antropomórficos vivem lado a lado, enfocando especificamente a vida decadente do astro do seriado dos anos 1990 BoJack Horseman (Will Arnett), enquanto ele planeja realizar um triunfal retorno à fama, com uma biografia escrita pela ghostwriter Diane Nguyen (Alisson Brie).

A sexta e última temporada, lançada em janeiro passado, segue como um bom retrato das angústias e medos dos millenials. Num primeiro momento, a produção parece apenas mais um desenho irônico para adultos, mas ela consegue tratar com profundidade de temas como vida, morte, erros e acertos, sem soar presunçosa a ponto de trazer repostas.

Outra que aborda com desenvoltura uma série de questões existenciais é (Des)encanto, criação de Matt Groening (Os Simpsons) ambientada em uma Idade Média fictícia, tendo como protagonista a princesa Bean, herdeira do reino mágico Dreamland. Rebelde, alcoólatra e cheia de problemas com a família, a jovem busca uma saída para um casamento forçado e encontra novos amigos: Elfo e Luci, o demônio que a acompanha por todo lugar. Duas temporadas já estão disponíveis na Netflix e a terceira deve chegar ainda neste ano.

EPISÓDIOS

A plataforma de streaming é responsável pela maior produção de desenhos com temáticas adultas. No catálogo, também está a estranha Love, death & robots, série que consiste em 18 episódios independentes, todos com menos de 20 minutos de duração e produzidos por diferentes elencos e equipes. David Fincher e Tim Miller assinam a produção geral.

Opção para quem procura algo animado, mas distante de qualquer temática pueril, a série Undone, da Amazon Prime Video, é um deleite no que diz respeito a técnica e roteiro.

Depois de sofrer um acidente de carro, a protagonista Alma (Rosa Salazar) passa a ter habilidades para controlar o tempo e usa seus poderes para descobrir a verdade sobre a morte de seu pai. O resultado é um misto de delírio e espiritualidade, que, em determinado momento, ganha ares de viagem psicodélica.

Para dar vida à história, a animação utiliza uma técnica que mescla a atuação dos atores com cenários pintados a óleo e desenvolvidos pelo artista holandês Hisko Hulsing.

The midnight gospel
• Série de animação
• 8 episódios
• Disponível na Netflix a partir desta segunda (20)

O longa 'A viagem de Chihiro', vencedor do Oscar de animação, é um dos 21 títulos do estúdio Ghibli agora disponíveis na Netflix.(foto: Estúdio Ghibli/Divulgação)
O longa 'A viagem de Chihiro', vencedor do Oscar de animação, é um dos 21 títulos do estúdio Ghibli agora disponíveis na Netflix. (foto: Estúdio Ghibli/Divulgação)

PÉROLAS JAPONESAS


Os aficionados pelo mundo da animação podem comemorar. Todos os filmes do icônico estúdio japonês Ghibli estão disponíveis no catálogo da Netflix. A novidade é fruto de um reposicionamento da companhia asiática, que vinha resistindo à ideia de seus filmes serem disponibilizados em plataformas digitais.

Ao todo, são 21 produções, incluindo o vencedor do Oscar de Melhor Animação, A viagem de Chihiro (2001), além de títulos como Meu amigo Totoro (1988), Princesa Mononoke (1997), O castelo animado (2004) e o mais recente, As memórias de Marnie (2014). Os filmes estão disponíveis em japonês com legenda.

Fundado em 1985 por Hayao Miyazaki, em parceria com Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma, o estúdio é responsável por criar mundos oníricos que não subestimam os adultos que os assistem, ainda que, em geral, eles sejam voltados para as crianças. A beleza dos desenhos e a personalidade dos personagens são outro diferencial dos longas, que passaram a fazer sucesso no Ocidente a partir da aclamação de A viagem de Chihiro.

Para quem está curioso para adentrar nesse universo, O castelo no ceú (1986), O serviço de entregas da Kiki (1989) e Ponyo - Uma amizade que veio do mar (2008) são boas pedidas.

Clássico definitivo do Stúdio Ghibli, o belo drama de guerra Túmulo dos vagalumes (1988) é o único filme do estúdio não disponibilizado na Netflix, já que não faz parte do acordo com a distribuidora dos títulos, a Wild Bunch International. Isso porque os direitos dessa animação pertencem a outra distribuidora. 

A única forma de assistir ao filme de forma legalmente no Brasil é em DVD e Blu-Ray lançado pela Versátil Home Video. No entanto, esses produtos estão fora de catálogo e agora só são encontrados a preços bem salgados em sites de comércio.

Túmulo dos vagalumes é ambientado nos meses finais da Segunda Guerra Mundial. O jovem Seita e sua irmã Setsuko se esforçam para sobreviver no caótico Japão daquela época.


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