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Estado de Minas

'Amor de mãe' chega à metade com promessas não cumpridas

Lançada com a proposta de ser uma novela fincada na realidade, trama deixa de lado temas importantes do debate atual


12/02/2020 04:00 - atualizado 11/02/2020 20:16

Taís Araújo interpreta Vitória, uma das protagonistas da trama, que tem também Regina Casé (Lurdes) e Adriana Esteves (Thelma) como personagens principais(foto: Estevam Avellar/Divulgação)
Taís Araújo interpreta Vitória, uma das protagonistas da trama, que tem também Regina Casé (Lurdes) e Adriana Esteves (Thelma) como personagens principais (foto: Estevam Avellar/Divulgação)
A novela Amor de mãe estreou na faixa das 21h da Globo no fim de novembro passado, trazendo várias inovações. A começar por sua autora, Manuela Dias, que chegou ao horário mais nobre da teledramaturgia brasileira depois de ter assinado séries aclamadas pela crítica, como Ligações perigosas e Justiça, ambas de 2016.

O objetivo do folhetim é conquistar a audiência com um texto esmerado e uma trama envolvente, fincada em questões que estão na pauta do dia, como a educação (ocupação de escolas), a violência urbana (milícias) e a mudança climática (ativismo ambiental).
 
Para contar a história, o diretor mineiro José Luiz Villamarim optou por um estilo que se aproxima do cinema, tendo ao seu lado o fotógrafo Walter Carvalho, que assina a fotografia de alguns dos mais elogiados longas brasileiros. O elenco é capitaneado por Regina Casé (Lurdes), Adriana Esteves (Thelma) e Taís Araújo (Vitória).

Um aspecto ousado de Amor de mãe, que Manuela Dias fez questão de ressaltar quando o folhetim estreou, é que a história não teria um vilão. A escolha seria uma forma de evitar o maniqueísmo e dar a cada personagem a complexidade humana, que inclui aspectos positivos e negativos e a capacidade de fazer tanto o bem quanto o mal.
 
No entanto, Álvaro, papel de Irandhir Santos, e Belizário, interpretado por Tuca Andrada, se mostraram até aqui personagens capazes somente de atitudes negativas, como os típicos vilões.
 
O diretor José Luiz Villamarim e o fotógrafo Walter Carvalho procuram dar tratamento cinematográfico à novela(foto: Globo/Divulgação)
O diretor José Luiz Villamarim e o fotógrafo Walter Carvalho procuram dar tratamento cinematográfico à novela (foto: Globo/Divulgação)
É notório, porém, que “existe uma teia de conexões entre os personagens, cuidadosamente planejada pela autora, que já havia feito algo semelhante em Justiça. Cada coadjuvante orbita a história de uma das protagonistas, por vezes influenciando o desenrolar da novela, sem que tudo se transforme numa confusão. É um trabalho difícil e minucioso, mas que, até agora, tem trazido boas surpresas”, como afirma o jornalista carioca e fã da novela Guilherme Alves, que criou um organograma explicando as múltiplas conexões entre os personagens. Alves publicou o organograma em suas redes sociais (@guilhotinas) e teve sua postagem curtida até pela autora de Amor de mãe.

Um dos pontos altos da novela é a representatividade negra. Além de Taís Araújo no papel de uma das protagonistas, os atores Jéssica Ellen (Camila), Erika Januza (Marina), Dan Ferreira (Wesley), Douglas Silva (Marconi) e a estreante Maria (Verena) têm papéis relevantes na história, como observa Rafael Barbosa Fialho Martins, doutorando em comunicação social e um dos realizadores do podcast TV ao cubo.

Ele, no entanto, aponta um viés na escalação da estrela principal. “É sempre positivo, mas parece que só existem a Taís e a Camila Pitanga para ser a protagonista negra. Mais do que colocar atores negros na tela, tem que se atentar para que tipo de personagens eles estão sendo escalados. O personagem do Douglas Silva é um bandido e cai naquele velho estereótipo”, observa.

Quanto à representatividade das pessoas LGBT, a novela já é mais tímida. Há apenas um personagem gay, o advogado Miguel (Giulio Lopes), pai de Davi (Vladimir Brichta) e melhor amigo de Lídia (Malu Galli). Uma queixa dos telespectadores que tem reverberado na internet é a ausência de idosos na trama. A atriz mais velha em cena é Regina Casé, de 65 anos.








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