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Instigante metáfora

Acostumados a contar estórias para adultos, escritores abrem as portas do universo infantojuvenil. Em abordagens distintas, livros tratam do encontro com o desconhecido


postado em 02/06/2019 04:12

Santiago Nazarian compara A festa do dragão morto a uma %u2018fábula cínica%u2019 e afirma: %u201CIntenção é provocar as crianças%u201D(foto: DIVULGAÇÃO %u2013 1/8/17)
Santiago Nazarian compara A festa do dragão morto a uma %u2018fábula cínica%u2019 e afirma: %u201CIntenção é provocar as crianças%u201D (foto: DIVULGAÇÃO %u2013 1/8/17)

Paula Fábrio estreou na literatura em 2012, com Desnorteio, um romance sobre família e loucura que conta a história de três irmãos que viram mendigos, e ganhou, aos 43 anos, o Prêmio São Paulo. Depois, veio o elogiado Um dia toparei comigo. Santiago Nazarian lançou seu primeiro livro quase uma década antes de Paula, em 2003, aos 25. Olívio conquistou o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Literatura e abriu as portas para o escritor e sua abordagem feita de temas existenciais, olhar pop underground, fantasmas, vampiros e jacarés.

Agora, os dois autores experimentam um novo gênero e uma nova linguagem e lançam trabalhos para os pequenos leitores. Aos 49, Paula Fábrio apresenta o juvenil No corredor dos cobogós (SM). E, aos 42, Santiago lança o infantil A festa do dragão morto (Melhoramentos). São duas histórias muito diferentes entre si, mas que abordam o encontro com o desconhecido – a vida, a adolescência, a família, no caso dela; o monstro, o mal, no caso dele.

A festa do dragão morto acompanha a saga de uma vila que um dia amanhece em paz porque o dragão que perturbava seus moradores foi vencido. Todos querem agradecer ao assassino e vão, em grupos, à sua casa. De dentro, uma voz pede que vão embora, que não é preciso agradecer. A vila se revolta com a falta de educação de seu novo ídolo e vai em peso tentar mais uma vez cumprimentá-lo pelo feito. E então vem o desfecho.

“Chamo essa história de uma fábula cínica”, explica o autor. “Não é uma história confortável, mas é algo que eu como criança gostaria de ler”, completa. Santiago conta que foi um menino medroso, que não gostava de brincar na rua, era tímido e apreciava videogame e filmes de terror. “Eu me sentia confortável nesse universo do terror e dos monstros. Eu sabia que era um medo fantasioso, diferente de sair sozinho, de ser assaltado. Fui um nerd com um lado trevoso, protegido pela ficção”, relembra. Por isso, não espere um final feliz em sua estreia na literatura infantil.

“Acho que a intenção é provocar as crianças, ir abrindo a cabeça. Elas são muito protegidas. Tenho isso de provocar, mostrar que a vida também é ruim e que o lado ruim da vida também pode ser divertido”, diz Santiago, que era chamado de “tio vampiro” por sua sobrinha, que se assustava com ele quando era pequena, e para quem ele dedica o livro.

CRÍTICA VELADA Essa história foi escrita há quase uma década não pensando exatamente nos pequenos leitores, mas quando a Melhoramentos perguntou se ele tinha algo para esse público, achou que o conto servia. Mexeu muito pouco, enfatizou repetições, e aproximou ligeiramente o texto, atemporal, do presente. No original, a certa altura, escreveu: “Ninguém decepciona nossas crianças”. No livro, saiu: “Somos gente de bem! Protegemos nossa família!”.

“Mexi em algumas coisas para dar uma alfinetada nos tempos de hoje. As pessoas de bem se unindo para linchar o mal imaginário. Alterei para provocar”, explica. Não há, porém, pelo menos para o autor, uma mensagem, uma lição. “Coloco valores lá que são questionáveis. A história permite interpretações dos dois lados. Não vejo muito claramente qual é a mensagem, e não gosto de literatura desse tipo. Não quero doutrinar as crianças; quero provocar”, diz Santiago Nazarian, que soma 10 títulos em seu currículo.


A FESTA DO DRAGÃO MORTO
De Santiago Nazarian
Ilustração: Rogério Coelho
Melhoramentos
40 páginas
R$ 55


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