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Estado de Minas

"Quero chorar, não tenho lágrimas..."


31/05/2019 04:09


Perdi amigo de longos e longos anos nesta semana e passei pelo mesmo constrangimento em seu sepultamento: não derramei uma lágrima. Não é fato novo, acontece sempre, não importa o grau de amizade e amor pelo falecido. Sofro de um problema que não consigo resolver e que é pura agonia: não consigo chorar. Já chorei muito ao longo da vida e sei como um bom choro pode consolar e aliviar corpo e alma. Soube que existe um tipo de desentupimento de canal lagrimal que possibilita a volta das lágrimas, mas quem entende do assunto não recomenda muito. Tenho um sobrinho e afilhado, médico craquíssimo, David Lanna, que me desaconselhou a tentar liberar o canal lacrimal. Há muitos anos. Agora, através de outro profissional, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, de Campinas, fico sabendo de outros problemas que “secam o olho”.

Um deles é provocado pelas oscilações da temperatura e a baixa umidade do ar no inverno, que estão entre as principais causas da síndrome do olho seco. A doença atinge 12% dos brasileiros e aumenta no frio por causa dessas duas variáveis ambientais. Sensação de areia nos olhos, vermelhidão, fotofobia, visão embaçada e, em alguns casos, lacrimejamento frequente são os principais sintomas. Por causa desse problema, meu especialista que me acompanha há mais de 20 anos aconselha o uso do colírio várias vezes ao dia. Ajuda, mas está longe de ser o ideal. E o profissional de Campinas acrescenta que o olho seco não está entre as principais causas de cegueira no país, mas a falta de tratamento pode causar cicatrizes na córnea que levam à diminuição permanente da visão, sobretudo entre alérgicos e pessoas com ceratocone.

Ele conta que parte dos portadores não conseguem perceber a síndrome logo no início. É o que mostra um estudo realizado em Milão, com 715 participantes. No grupo, 11% foram diagnosticados com a síndrome, mas não percebiam o ressecamento dos olhos. O especialista esclarece que geralmente estes casos sem sintomas estão associados a alguma disfunção inicial nas glândulas de meibômio que ficam localizadas nas bordas das pálpebras superior e inferior. Isso ocorre porque estas glândulas produzem a camada gordurosa da lágrima que impede a evaporação da lágrima. Como 98% do filme lacrimal é formado por água, a evaporação passa despercebida quando é pequena.

A boa notícia é que já está disponível no Brasil a tecnologia usada pelos pesquisadores italianos no diagnóstico de portadores sem sintomas. Queiroz Neto afirma que o olho seco é uma doença multifatorial que envolve alterações do filme lacrimal, distúrbios visuais, lesões e inflamações na superfície ocular. O exame tradicional, observa, dificulta medir o volume e a qualidade real da lágrima. Isso porque requer uso de colírio ou contato direto com o olho que pode ficar irritado e lacrimejar como reação de defesa.

O oftalmologista explica que o exame automatizado é feito com uma câmera que emite luz infravermelha e é teleguiada por um software para avaliar sem interferência na superfície colar as três camadas da lágrima – aquosa, gordurosa e proteica. O exame ainda inclui a avaliação das pálpebras inferior e superior e das glândulas de meibômio. Por isso, permite flagrar logo no início uma blefarite, inflamação na pálpebra que está relaciona a alterações nas glândulas de meibômio

As causas conhecidas do problema são exposição ao frio, clima seco, ar-condicionado, vento e poluição; envelhecimento, sobretudo a menopausa que reduz a lubrificação das mucosas; síndrome de Steven Johnson, doença de Sjögren, que reduzem a produção lacrimal; artrite reumatoide, hipertensão arterial, diabetes e conjuntivite; muito tempo no computador, celular ou tablet; uso de anti-histamínicos, descongestionantes, medicamento para hipertensão arterial, antidepressivos; e uso prolongado de lentes de contato. O tratamento varia de acordo com a causa e a gravidade do olho seco. Algumas pessoas precisam usar colírio imunossupressor, mas como todos os demais só deve ser usado sob prescrição médica para evitar outros problemas de saúde. Até os colírios lubrificantes só devem ser instilados no olho conforme prescrição. Isso porque, explica, cada fórmula age sobre uma camada da lágrima.


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