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Helvécio Carlos


postado em 26/05/2019 04:09

(foto: Paulo Lacerda/FCS/Divulgação)
(foto: Paulo Lacerda/FCS/Divulgação)
“Gosto de música boa e benfeita”

O primeiro contato de Lara Tanaka com o Coral Lírico da Fundação Clóvis Salgado foi há cinco anos como regente assistente do maestro Lincoln Andrade. No segundo semestre de 2016, ela assumiu a regência titular. “O Coral Lírico é um coro de solistas. Ali encontramos a ‘nata’ do canto lírico de Minas Gerais e, portanto, quando somamos 50 cantores líricos, temos uma ‘massa sonora’ incrível!”, diz ela, lembrando o impacto do primeiro momento com o coral. “Senti uma sonoridade enorme e avassaladora! Este grupo se supera a cada nova montagem de ópera, a cada novo concerto, seja camerístico ou sinfônico coral. Temos músicos cantores altamente gabaritados e tecnicamente muito preparados para fazer um repertório que, em uma semana, apresenta música barroca e, na semana seguinte, trabalha uma ópera alemã”, elogia.

A comemoração pelos 40 anos do coro lírico será dividida em dois concertos: ao meio-dia, na terça-feira, e no dia seguinte, em sessão de gala. Para a maestrina, oferecer espetáculos que atraiam plateias diferentes é gratificante à medida que favorece a formação de público. “Existe uma diversidade nas apresentações do meio-dia, pois conseguimos atrair um público que estaria apenas de passagem pelo Palácio das Artes na hora do almoço. Aí, a pessoa entra de graça no teatro e escuta música de qualidade. À noite, temos uma plateia que já acompanha nossos concertos há mais tempo. Porém, muitas vezes há o acréscimo de quem teve um gostinho da nossa apresentação no dia anterior, gostou muito do que ouviu e viu e volta para assistir novamente.”

Lara não esconde o desejo de levar o grupo para uma turnê internacional com repertório exclusivamente brasileiro. “A música brasileira é uma das mais ricas, não só pelo ritmo, mas pela melodia e poesias. E acho que, por melhor que seja o grupo, nenhum grupo estrangeiro consegue interpretar com o nosso swing brasileiro”. Outro desejo da maestrina é aumentar o número de cantores no coro, de 52 para 80 vozes. “Todos são funcionários públicos concursados e passaram por uma criteriosa avaliação técnica. Existe muita procura. Todo ano temos vários cantores se formando em graduação de canto que, infelizmente, não encontram oportunidade de trabalho. Creio que é uma infeliz realidade que atravessamos atualmente. Gostaríamos muito de ter um grande coro, de 80 vozes, mas, infelizmente, ainda não é possível”.

COM A PALAVRA
Lara tanaka, maestrina


Como é reger o coral nas apresentações comemorativas de seus 40 anos de fundação?
O Coral Lírico de Minas Gerais é um grupo de excelência no canto coral, não somente no estado, mas no país. Trabalhar com arte, sobreviver da música, não é tarefa muito fácil em qualquer lugar no mundo. Portanto, estar à frente de um grupo artístico que celebra 40 anos de existência ininterrupta é uma grande vitória, uma grande conquista para todos nós que, diariamente, nos esforçamos para levar ao público um repertório que contemple diversos movimentos, períodos e estilos da música coral.

Qual foi o critério para a escolha do repertório: são músicas emblemáticas para o canto coral, elas têm uma relação com a história do Coral Lírico ou foi uma seleção aleatória?
Para este concerto, teremos o maestro convidado Hernán Sanchéz, que atualmente dirige o Coral estável do teatro argentino de La Plata. Portanto, como de praxe, grande parte das obras escolhidas foi sugerida por ele. Serão apresentadas obras que priorizam o período romântico de três compositores emblemáticos: Felix Mendelssohn, Franz Schubert e Johannes Brahms. Pensamos num repertório que proporcionasse ao público uma experiência que fosse além da sonoridade. Para isso, convidamos o professor Ernani Maletta, que propõe criar uma poesia sonora e visual no palco, com diferentes disposições dos coristas e uma iluminação muito especial e surpreendente.

Ao longo de quatro décadas você é a terceira mulher que rege o coral. Existem poucas maestrinas ou o mercado é machista? O que fazer para mudar esse quadro?
Não é um mercado machista. Vai além. Infelizmente, vivemos numa sociedade machista. Não vejo nenhuma distinção nessa profissão que determine o gênero. Acho que é um posto de chefia e, assim como todos os postos de chefia, infelizmente, vemos mais homens atuando do que mulheres. Mas acredito que este quadro tem mudado. Atualmente, na Fundação Clóvis Salgado temos uma grande maioria de mulheres na diretoria e gerências, a começar pela nossa presidente, Eliane Parreiras. Esse grupo gestor é quase que integralmente formado por mulheres fortes e atuantes na área cultural. É uma mudança positiva, um início, o que me deixa muito feliz!

Ano passado, o coral apresentou-se ao lado da banda Happy Feet. Qual a importância que você vê nesse tipo de união?

Acho que trazer outros grupos para somar com os nossos espetáculos é um ganho enorme, não só para o coro e para a Happy Feet Jazz Band, mas, principalmente, para o nosso público. Hoje em dia temos uma concorrência muito grande de ofertas de espetáculos, sejam populares ou eruditos. Por isso, acho que devemos procurar oferecer novidades sem, obviamente, perder a qualidade e o foco da música erudita. E no ano passado nós também montamos um belíssimo espetáculo com a Cia. de Dança Palácio das Artes, em que apresentamos um repertório basicamente de compositores impressionistas e a companhia criou várias cenas baseadas nos quadros impressionistas. Outro aspecto positivo em somar grupos em um só espetáculo é a fusão de plateias diversificadas. No espetáculo que fizemos com a Happy Feet, por exemplo, contamos com a participação dos dançarinos da BeHoppers. Foi muito gratificante e espero poder repetir este espetáculo!

O canto coral é uma atividade popular ou precisa ser popularizada. Nesse caso, o que fazer?
Minas gerais carrega com muito orgulho a tradição das bandas de música e dos corais. Infelizmente, pela crise que vivemos há alguns anos, alguns grupos estão sendo extintos. Mas, por outro lado, ainda temos grandes iniciativas, como a do Lindomar Gomes, com o Festival Internacional de Corais (FIC), que ajudam a manter e a valorizar a arte do canto coral em nosso estado. E também estimular e divulgar o trabalho desses grupos é importante. A Fundação Clóvis Salgado tem essa missão importante de democratizar a cultura. Então, para o Coral Lírico de Minas Gerais é muito importante que nossos concertos sejam diversificados, em horários alternativos... em espaços diferentes. Tudo isso conta muito para a divulgação, o acesso à arte.

Quantas obras já regeu e qual a sua preferida?
Difícil enumerar. Foram muitas! Estudo música desde os 4 anos, e não posso deixar de citar que tive o privilégio de ter minha mãe como primeira professora de piano!! Por isso já fiz muita música, em várias formações. Como sou cravista, tenho um afeto especial com a música barroca. Mas sempre fui apaixonada com os impressionistas também. E amo a boa e velha música popular brasileira, especialmente os compositores mineiros. Resumindo, gosto de música boa e benfeita!


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