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Cartas de Mãe África

Escritores e escritoras nascidos no continente ou afrodescendentes viram novo fenômeno de editoras. Pegada contemporânea e também mergulho místico estão presentes nas obras


postado em 21/05/2019 04:12

Condições nervosas, romance da zimbabuense Tsitsi Dangarembga, tem lançamento programado para novembro(foto: DANIEL ROLAND/AFP %u2013 12/10/18)
Condições nervosas, romance da zimbabuense Tsitsi Dangarembga, tem lançamento programado para novembro (foto: DANIEL ROLAND/AFP %u2013 12/10/18)




A literatura feita por uma nova geração de escritores africanos e afrodescendentes está em alta. Eles escrevem em inglês e em português, têm média de idade entre 30 e 35 anos e tratam de temas contemporâneos. No caso dos africanos, há fortes referências a um cenário pós-independência. Alguns desses nomes são novos nos catálogos das editoras brasileiras — e estão surpreendendo, como Angie Thomas, cujo O ódio que você semeia já está na nona edição — e muitos são apostas para feiras e bienais ao longo do ano.

Na lista de convidadas da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), marcada para 10 de julho, estão a nigeriana Ayobami Adebayo, a brasileira Jarid Arraes e a portuguesa Grada Kilomba. Para a Bienal do Rio, em setembro, a Galera Record queria trazer Angie Thomas, da qual publica um segundo livro, Na hora da virada, mas a editora Rafaella Machado ainda não se ela estará presente. A autora não sai da lista dos mais vendidos do New York Times e tem agenda para lá de disputada depois do sucesso.

Na Galera Record, a aposta é na produção para jovens leitores e, nessa seara, Angie Thomas é um dos maiores sucessos recentes da editora. Para Rafaella Machado, responsável pelo selo, Thomas fez tanto sucesso no Brasil porque conta histórias com as quais o público brasileiro se identifica.

No primeiro romance, a protagonista, Star, uma menina negra moradora de um bairro cheio de problemas, testemunha o assassinato do melhor amigo, também negro, pela polícia. “Esse livro é muito importante para nossa realidade. Apesar de ser juvenil, precisa ser lido por todos os adultos, porque tem esse recorte social e racial muito importante. É um tapa na cara. Muito pertinente para a realidade brasileira, com a violência policial com relação a negros”, diz Rafaella.

A Record publica também neste ano o segundo volume de Bruxa akata, da norte-americana de origem nigeriana Nnedi Okorafor. O romance é uma fantasia repleta de mitos africanos. A intenção foi fazer um contraponto às narrativas fantásticas de origem nórdica e europeia, que vendem muito bem e têm leitores aficionados.

JOVENS ESCRITORES Na Kapulana, editora dedicada à literatura ausente dos catálogos das grandes casas, 2019 é um ano marcado por lançamentos de jovens autores africanos de língua inglesa, uma descoberta na qual Rosana Weg, fundadora da empresa, começou a mergulhar no ano passado. Com um acervo bem representativo da produção africana em português, a Kapulana agora aposta em nomes como Akwaeke Emezi, da Nigéria, e Tsitsi Dangarembga, do Zimbábue.

“Uma característica é que eles são muito jovens”, indica Rosana. “E é um universo muito contemporâneo. A Nigéria está com uma farta literatura, os autores conversam muito entre eles, tem workshops, prêmios de residência e todo um trabalho de formação. As reflexões que esses escritores fazem são muito pertinentes. Não é uma literatura fácil, é uma literatura muito bem estruturada”, comenta.

Gustavo Faraon, da Dublinense, está surpreso até hoje com o sucesso da nigeriana Buchi Emecheta. Indicada pela conterrânea Chimamanda Adichie em uma curadoria do clube de livros TAG, no ano passado, a autora entrou definitivamente para o catálogo da editora. Em parceria com a TAG, em 2018, a Dublinense lançou As alegrias da maternidade, romance cheio de ironia inspirado na vtrajetória da própria autora. “A partir daí, a resposta dos leitores foi incrível e, depois da edição específica para o clube, seguimos publicando para as edições normais. Vendeu superbem. Os livros da Buchi estão sempre sendo lidos, há um boca a boca forte”, aponta Faraon.

Em junho, a Dublinense lança No fundo do poço, o livro mais autobiográfico de Buchi, mãe de cinco filhos, imigrante e divorciada em uma Londres nada receptiva à integração racial. A editora adquiriu também os direitos de O preço da noiva, programado para o fim do ano.


  Fique de olho

»  Água doce, de Akwaeke Emezi, Kapulana

Escritor(a) não binário, Akwaeke Emezi traz para a literatura uma história de conflito de gêneros na figura da personagem Ada, enviada para estudar nos Estados Unidos, onde a identidade não binária acaba por emergir após um episódio traumático. É por meio dos espíritos, com os quais conversa e troca papéis, que Ada vai lidar com a situação. Tradição e contemporaneidade se misturam na narrativa de Emezi, que tem lançamento marcado para julho.


»  Condições nervosas,
Tsitsi Dangarembga, Kapulana

Papéis de gênero e racismo estão no centro dessa história, na qual a narradora explica por que não ficou desolada com a morte do irmão e como isso possibilitou que ela, uma menina moradora de uma comunidade no interior do Zimbábue, crescesse e estudasse. O romance da zimbabuense está programado para novembro.



»  Também os brancos sabem dançar, de Kalaf Epalang, Todavia

Escritor e integrante da banda Buraka Som Sistema, Epalanga desembarca no Brasil em julho para a Flip, mas Também os brancos sabem dançar já está disponível no catálogo da Todavia, que acaba de lançá-lo. No romance, um músico nascido em Angola, e que escapou da guerra, tenta chegar à Suécia com um passaporte inválido. Ele vai participar de um concerto, mas acaba detido por imigração ilegal. Memórias pessoais do próprio autor, de Benguela (Angola), permeiam o romance.


»  Fique comigo, de Ayobami Adebayo, Harpper Collins

Indicado como finalista do Baileys Women’s Prize for Fiction, o romance da autora nigeriana traz uma história típica das tradições africanas. Depois de se casar, Akin não consegue engravidar. A família do marido encontra então uma solução: uma segunda esposa. A autora, que foi aluna de Chimamanda Adichie e de Margaret Atwood, já foi apontada como o próximo grande nome da literatura nigeriana.



»  Uma orquestra de minorias, de Chigozie Obioma, Globo Livros

Depois de fazer sucesso com Os pescadores, o escritor nigeriano está de volta com romance sobre um rapaz que se apaixona por uma moça rica e tenta provar que é merecedor de atenção. A mitologia africana permeia toda a narrativa que, segundo a crítica, mistura tragédia grega com a tradição do continente.


»  Redemoinho em dia quente, de Jarid Arraes, Alfaguara

Descrita como uma mistura de Lady Gaga com Cariri pela curadora da Flip, Fernanda Diamant, Jarid tem três livros publicados e aguarda, para junho, o lançamento do quarto. Redemoinho em dia quente é uma coletânea de contos com histórias que se passam no Cariri e são contadas por narradoras mulheres. “É o ponto de vista das mulheres do Cariri sobre o Cariri. Mulheres idosas, jovens, crianças, de contextos sociais diferentes, sexualidades diferentes. Há realismo, há uma fantasia um pouco esquisita, há muita dor, há humor, mas um humor bem característico meu”, avisa a autora.


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