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Helvécio Carlos


postado em 12/05/2019 05:07

(foto: Marina Mitre/Divulgação)
(foto: Marina Mitre/Divulgação)

“Nunca imaginei minha vida sem o piano”

Em 15 edições do Prêmio Marco Antônio Araújo, do BDMG, Luísa Mitre é a primeira mulher a levar a honraria para casa. Ela reconhece que é um importante incentivo para continuar, mas, considerando o “ineditismo” da premiação, o prêmio leva a outra questão. “É só mais uma amostra de como o meio da música instrumental ainda é desequilibrado na questão de gênero, e o meu sentimento é de alegria em poder mostrar que nós, mulheres, também podemos ocupar este espaço. Espero que esta conquista incentive outras instrumentistas e compositoras a produzir e participar dessa premiação e de outros eventos desse meio”, diz a instrumentista.A predominância dos homens nessa área é, em sua avaliação, uma questão histórica.

“Há também, claro, a questão do machismo, que, infelizmente, ainda existe muito na nossa sociedade como um todo e, em alguns nichos do meio musical, isso não é diferente”, pondera. “Mas vejo que esse cenário está mudando muito de um tempo para cá e vejo cada vez mais mulheres atuantes no meio instrumental, mais curadores e programadores de festivais e casas de música preocupados em dar espaço para artistas mulheres. Acredito que o caminho seja esse e que, aos poucos, o equilíbrio vai acontecer.”

Luísa ganhou o prêmio Marco Antônio Araújo com o CD Oferenda, resultado de um projeto de comissionamento de composições do Savassi Festival, o Música Nova, de 2017. “Foi um momento de grande desafio para mim, pois nunca tinha feito um trabalho autoral. E estrear um show inteiro de composições minhas com prazo apertado foi um processo bem intenso e de muito aprendizado. Mas, no final, foi uma satisfação muito grande ver o resultado. E esse show se tornou o repertório do disco.” O disco tem participação de Camila Rocha (baixo), Natália Mitre (vibrafone), Marcela Nunes (flauta) e Paulo Fróis (bateria), além da participação especial de Abel Borges nas congas em uma das faixas.

Lucas Telles (direção), Alexandre Andrés na gravação – “Gravamos no estúdio dele, Fazenda das Macieiras, um lugar delicioso, no interior do estado – e Christiano Caldas na mixagem e masterização.


COM A PALAVRA...
LUÍSA MITRE
Instrumentista

Além de ser a primeira mulher a conquistar o prêmio Marco Antônio Araújo, você foi a segunda mulher vencedora do Prêmio BDMG Instrumental, nos 18 anos de existência da premiação. Qual a importância desses prêmios para você?
Hoje vejo que esses prêmios são importantes para nos darem uma visibilidade no meio em que trabalhamos. O Prêmio BDMG Instrumental, assim como o Marco Antônio Araújo, é uma referência para todo músico que atua em Minas Gerais. Fica todo mundo ligado em quem participou, quem ganhou, etc. Sinto que algumas pessoas passaram a se interessar mais pelo que eu faço e a me ver de forma diferente depois do prêmio. Vejo a minha participação e a de outras mulheres nesses prêmios como um incentivo para outras musicistas, para se sentirem também capazes e confiantes de que podem conquistar esse espaço, se um dia também tiverem essa vontade.


Qual a importância do seu tio, o contrabaixista Kiko Mitre, em sua formação e carreira?
Meu tio, assim como meus pais, sempre foi um grande incentivador. Tenho muitas lembranças de encontros de família em que todos tocávamos juntos. Nossa família é muito musical, minha mãe e muitos tios e primos também tocam algum instrumento. E ele sempre me ensinava algo novo. Lembro-me também de assistir a shows em que meu tio tocava, desde muito pequena. Sempre fui sua fã e acompanhei sua carreira com muita admiração! Além disso, ele sempre me ajudou em questões musicais. Foi ele quem me deu as primeiras noções de como ler “cifra”, por exemplo. E também técnicas, como na hora de comprar um instrumento ou equipamento. E hoje tenho a imensa alegria de tocar com ele no nosso trio – eu ao piano, ele no baixo e Natália Mitre, minha irmã, na bateria – e também em outros projetos.

Sua paixão pelo piano começou aos 2 anos e meio, quando pediu ao Papai Noel um instrumento. Hoje, o que o piano representa para você?
Acho que tudo! É meu instrumento de trabalho e também minha paixão. Desde muito nova nunca imaginei minha vida sem o piano.

Erudito ou popular?

Não tenho preferência! Gosto dos dois e acredito que são tradições importantes e complementares na formação de um bom músico. Apesar de atualmente trabalhar mais com música popular, vejo a influência do meu estudo da música erudita a todo momento na maneira como toco e vejo a música. E acredito também que essa “barreira” entre as duas está cada dia mais fraca, o que, a meu ver, é ótimo, pois só enriquece a experiência musical de todos.

Como será a apresentação, que marca a entrega do prêmio, no próximo domingo, no Sesiminas?
Faremos um pocket show no qual tocaremos quatro músicas do disco Oferenda, com a formação original que gravou o disco. Será um momento muito especial, pois estivemos com esse mesmo grupo no ano passado, concorrendo ao BDMG Instrumental. E voltar àquele palco para receber o prêmio Marco Antonio Araújo será muito emocionante.

Quais serão seus próximos projetos com o Toca de Tatu?
O Toca de Tatu é um grupo muito especial. Temos uma relação musical e de amizade muito forte, algo difícil de acontecer. E estamos cheios de projetos. Em junho próximo, teremos um show muito especial aqui em BH. Convido-os a seguir nossas redes para acompanhar os shows. E para o segundo semestre estamos preparando um disco novo com músicas autorais.

Quem são os músicos preferidos e o que representam em sua formação?

Minha maior influência são os pianistas da música brasileira, com certeza. São músicos que sempre ouvi em casa, tirei coisas de ouvido para tocar e estão no meu repertório sempre. Para citar somente três, acho que seriam Egberto Gismonti, César Camargo Mariano e Cristóvão Bastos. Este último foi, inclusive,  tema da minha dissertação de mestrado.


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