Atriz e também diretora, Valeria Golino tem dado mostras de sensibilidade e inteligência. É a alma de Emma e as cores da vida, o longa de Silvio Soldini, diretor de Pão e tulipas, que inaugura a nova distribuidora Arteplex e está em cartaz em Belo Horizonte, no Cine Belas Artes (sessões às 14h e às 19h). Valeria faz a personagem-título, uma osteopata cega com quem se envolve o personagem de Adriano Giannini. Homem não presta – ele é o exemplo perfeito. Mas não pense que ela vai ser a vítima perfeita para a cafajestagem dele.
Sob múltiplos aspectos, Emma é muito bem-sucedida – na profissão, na cama, com os homens de sua vida. Já Adriano, filho do ator Giancarlo Giannini – dos filmes de Lina Wertmüller –, pode até ser bom como profissional de publicidade, mas, com as mulheres e a família, deixa muito a desejar. Não admira que o tempo todo nós, o público, estejamos do lado de Emma. Ocorre que Giannini e ela têm química. E é a química deles que movimenta o filme.
Soldini é autor de um elogiado documentário sobre cegos – Per altri occhi. Ele disse que o que aprendeu com eles inspirou sua ficção. Cegos, e especialmente cegas, pela vulnerabilidade, prestam-se a vítimas em policiais e relatos de suspense – Audrey Hepburn em Um clarão nas trevas, Mia Farrow em Terror cego, Madeleine Stowe em Blink - Num piscar de olhos, etc.
Já os homens têm ganhado papéis mais complexos – Vittorio Gassman e Al Pacino nas duas versões de Perfume de mulher, o primeiro, premiado em Cannes, o segundo, com o Oscar. Independentemente de prêmio, Valeria sai-se muito bem. O próprio Soldini acerta – a tela preta, no começo e no fim, é um recurso muito interessante. (Estadão Conteúdo)