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Ato de amor

Escritores, editores e livreiros se unem em campanhas em defesa do livro, ameaçado pela crise econômica


postado em 08/12/2018 05:08

Alencar Perdigão, dono da mineira Quixote, sai em defesa das pequenas livrarias (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Alencar Perdigão, dono da mineira Quixote, sai em defesa das pequenas livrarias (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


“Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro.”

Essas palavras de Luiz Schwarcz, presidente da Companhia das Letras, encerram sua Carta de Amor aos Livros, publicada no blog da empresa. Ele relata as dificuldades do mercado editoral neste momento de crise, em que as duas maiores redes de livrarias do país – Saraiva e Cultura – solicitaram recuperação judicial.

Diante desse impasse, editoras, livrarias, profissionais do setor e escritores se mobilizam em campanhas com o objetivo de convencer o brasileiro a dar livros de presente neste Natal.

“A venda cresceu em 2018, mas o prejuízo em anos anteriores deixou algumas livrarias endividadas. O panorama prejudica as editoras, principais credoras das grandes lojas, que deixam de receber boa parte de seu faturamento”, explica Marcus Teles, presidente da rede mineira Leitura. A empresa apoia a campanha #VemPraLivraria, que mobiliza lojas e a Associação Nacional de Livrarias (ANL). Nas unidades da Leitura dos shoppings Cidade e Boulevard, o cliente é convidado a declarar seu amor pelos livros em um painel de post-its. No Facebook, é possível aplicar a hashtag na foto de perfil.

Por sua vez, a campanha #LivroDePresente ganhou o apoio de vários escritores. Já a #LivroÉNaLivraria quer atrair leitores para as lojas físicas, diante da concorrência on-line. “Ir à livraria é um ato de lazer, um momento prazeroso para o público infantil. Com frequência, vemos crianças puxando os pais para dentro das lojas”, diz Marcus Teles, da rede Leitura.

A criançada, aliás, foi importante para o faturamento em 2018. “Nas últimas duas décadas, com a ‘geração Harry Potter’, houve crescimento contínuo na formação de leitores. Antes, crianças e adolescentes liam apenas obrigados pela escola. Hoje, seguem indicações recebidas pela internet”, analisa Teles. Na seara infantojuvenil, ele destaca dois fenômenos: a série norte-americana Diário de um banana, de Jeff Kinney, e As aventuras na Netoland, do youtuber brasileiro Luccas Neto.

“A área que mais cresceu foi a de não ficção, enquanto os anos anteriores eram puxados pela literatura estrangeira”, observa o dono da Leitura. Poesia que transforma, de Bráulio Bessa – conhecido por suas participações no Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo – , é sucesso de vendas, observa. Publicações de autoajuda, negócios, história e biografias também tiveram destaque nos últimos meses.

O período eleitoral impulsionou a venda de títulos. Há procura de livros de Olavo de Carvalho, apoiador do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), autor de O imbecil coletivo (1996) e O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota (2013). Filósofos também figuram entre os mais lidos do ano – Mário Sérgio Cortella, Leandro Karnal e Luiz Felipe Pondé, entre eles. “Esses autores conseguiram expor seu pensamento com uma linguagem fácil. Foi uma surpresa que a filosofia tenha se tornado best-seller este ano”, comenta Teles.

DELICADO


“É um momento delicado, de crise das duas maiores redes de livrarias, que representam um percentual expressivo de nossas vendas”, afirma Judith de Almeida, gerente de varejo do grupo editorial Autêntica, criado em BH. A companhia busca oferecer vantagens às lojas revendedoras, realocando parte do que era fornecido à Cultura e à Saraiva.

De acordo com Judith, a crise atinge determinadas empresas, mas não se configura como problema relativo à venda de livros. Do catálogo da Autêntica, ela destaca dois lançamentos que podem agradar no Natal: Um banquete para Hitler, de V. S. Alexander, e o primeiro volume da série Ousadas, que reúne perfis de mulheres revolucionárias quando ainda não se falava de feminismo.

DISPARIDADES


Pequenas livrarias foram afetadas pelos problemas das gigantes do mercado. “Grandes editoras já anunciaram que vão segurar livros com vendas mais demoradas, que não são best-sellers. Essas publicações são justamente o nosso foco”, diz Alencar Perdigão, dono da Livraria Quixote, instalada na Savassi. “É hora de as editoras enxergarem que precisam das livrarias menores, de rua. Elas não podem dar atenção apenas às grandes redes”, defende.

Alencar critica a “concorrência desleal” das editoras na internet, oferecendo títulos com descontos de até 40%. “É preciso respeitar a cadeia do livro, que passa por autor, editora, distribuidora e livraria até chegar ao leitor. Ao oferecer descontos em seus sites, as editoras matam esse sistema”, reclama.

A Quixote investe em suas próprias publicações. Em 2018, as principais apostas foram bem-sucedidas. As horas esquecidas, do jornalista mineiro Chico Mendonça, concorreu ao Jabuti. O romance Tudo é rio, de Carla Madeira, foi bem recebido, lembra Alencar.

Maíra Nassif, proprietária da editora mineira Relicário, ressalta a importância do livreiro, profissional negligenciado por grandes redes. “Talvez este seja o momento para uma reflexão necessária. O leitor mais exigente sempre procura por uma livraria que lhe dê maior suporte e não priorize outros produtos em detrimento do livro”, diz Maíra.

A dona da Relicário recomenda livros de poesia para este Natal. “É um gênero que tira a linguagem de sua função utilitária e meramente comunicativa e revela o caráter criativo. São leituras que fruem bem e nos fazem desacelerar”, defende.



Contos a R$ 1,99

De olho nos leitores acostumados ao mundo digital, a Amazon se associou às três agentes literárias mais importantes do país para criar uma coleção de contos, que serão vendidos a R$ 1,99. Lúcia Riff, Luciana Villas Boas e Mariana Teixeira Soares trabalharam como curadoras na escolha dos 30 convidados para o projeto. Os contos podem ser adquiridos individualmente ou em forma de antologia com 10 autores, a R$ 9,99. Todos foram publicados por meio do Kindle Direct Publishing (KDP), a plataforma de autopublicação da Amazon, sob o selo da Coleção Identidade . Entre os autores, há jovens talentos – Luiza Mussnich e Giovana Madalosso – e autoras premiadas, como Vanessa Bárbara e Miriam Leitão, vencedoras do Prêmio Jabuti.




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