(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Conversa séria

Bullying, intolerância e escola são temas da peça do Grupo XIX de Teatro que estreia hoje em BH. Inspirada em livro de Amós Oz, é a primeira montagem da companhia para crianças


postado em 30/11/2018 05:17

Atores interpretam fábula que estimula o diálogo entre as crianças e os adultos (foto: Jonatas Marques/divulgação)
Atores interpretam fábula que estimula o diálogo entre as crianças e os adultos (foto: Jonatas Marques/divulgação)


Respaldado por 17 anos de carreira e premiados espetáculos para adultos – como é o caso de Hysteria (2015) –, o paulistano Grupo XIX de Teatro mostra que peças infantis podem transcender – e muito – os contos de fadas e super-heróis. Hoje o escuro vai atrasar para que possamos conversar, que ficará em cartaz no CCBB até dezembro, comprova isso. Embora se apresente como uma narrativa lúdica para a criançada, o espetáculo está centrado em temas sérios e urgentes ligados à infância, como o bullying e o respeito às diferenças.

Com dramaturgia de Ronaldo Serruya e direção de Luiz Fernando Marques e Rodolfo Amorim, a história se passa em uma aldeia triste, onde os animais deixaram de existir. Sem respostas, mas curiosas a respeito do fenômeno, crianças iniciam sua própria busca. Por causa de sua inquietação, uma delas também some, vítima de bullying dos colegas.

Remetendo a temas delicados tanto para crianças quanto para adultos, a fábula se inspira no livro De repente, nas profundezas do bosque, do escritor israelense Amós Oz.

Pela primeira vez, o dramaturgo Ronaldo Serruya e o Grupo XIX se voltam para a garotada. “Assisti a muitas peças infantis antes de fazer essa. Fiquei impressionado com o quanto elas subestimam as crianças, partindo do princípio de que são incapazes de operar dentro de uma linguagem artística ou entender metáforas e outras linguagens poéticas”, diz Serruya.

Para apresentar uma trama com diferentes camadas de entendimento, o dramaturgo se valeu do próprio livro que inspirou a peça. “A referência do Amós Oz é bastante metafórica. Queria preservar isso, e o resultado é uma conversa dos adultos com as crianças. Elas vivem numa aldeia onde os adultos não conseguem conversar sobre os acontecimentos, o que faz com que busquem respostas por elas mesmas”, explica o dramaturgo.

OFENSA Em meio à estrutura fabular da vila, com seus animais desaparecidos, a peça discute o preconceito e o respeito às diferenças. “Nosso foco é o bullying e a tentativa de deslegitimar e ofender o outro por uma identidade que ele porta involuntariamente, mas que o define enquanto identidade. Queremos falar disso, dos processos opressores que acontecem na escola. Normalmente, não temos uma arena de discussão sobre esse tema. A criança sofre calada, não acha espaço para conversar sobre o assunto com ninguém, nem com os pais”, destaca Serruya.

O dramaturgo e ator observa que esse tipo de questionamento vem sendo atacado atualmente. “De um tempo pra cá, com discussões identitárias ganhando relevância, percebemos que há vontade de falar sobre isso. Porém, com a mesma força, uma onda conservadora quer calar essas vozes, tachando qualquer tentativa de ensinamento na escola como ideologia. Na verdade, o ensino do respeito não é ideológico, mas uma forma de explicar a importância da empatia”, argumenta.

A proposta do Grupo XIX não se limita ao palco, onde atores adultos interpretam crianças. A plateia é convidada a se tornar parte do espetáculo. Trata-se de uma experiência interativa, pois público e atores transitarão pelo espaço físico do CCBB, um prédio histórico na Praça da Liberdade.

“Como a peça trabalha a questão da autoridade e do bullying, a gente quis brincar com a dinâmica do outro lugar, de você se colocar no lugar do outro. Isso vai da itinerância, de você caminhar no CCBB, a sentar-se no palco, enquanto os atores vão para a plateia, invertendo o ponto de vista”, explica o diretor Luiz Fernando Marques.

Para ele, Hoje o escuro... é “uma fábula fácil de entender sobre assuntos que às vezes são difíceis de se conversar”. Marques ressalta que a oportunidade de reflexão também vale para os pais.

ESCOLA
Outro ponto sensível do espetáculo, sobretudo nestes dias de intolerância, é o ambiente escolar. “Uma coisa legal é a peça se passar dentro do universo da escola. Questionamos o lugar do professor e dos alunos. Às vezes, é colocado que só em casa podemos ser acolhidos, mas o professor também pode ser próximo do aluno nesse sentido. Ficamos muito felizes de apresentar a peça neste momento no Brasil. Acabamos de fazer em Campinas e recebemos muitos elogios de pais que estavam na plateia”, revela Marques.

Até 23 de dezembro, o Grupo XIX de Teatro ficará em cartaz de sexta a segunda-feira, no CCBB. Nos fins de semana, haverá duas sessões, às 11h e às 16h. A peça estreou em março, em São Paulo.

Além do dramaturgo Ronaldo Serruya, o elenco conta com o diretor Rodolfo Amorim, a diretora de som Tarita de Souza, a figurinista Juliana Sanches e a atriz Janaina Leite. A instalação-cenário se inspira na obra da artista plástica mineira Lygia Clark.

HOJE O ESCURO VAI
ATRASAR PARA QUE
POSSAMOS CONVERSAR

Dramaturgia: Ronaldo Serruya. Direção: Luiz Fernando Marques e Rodolfo Amorim. Com Grupo XIX de Teatro. Sexta e segunda-feira, às 16h. Sábado e domingo, às 11h e às 16h. Até 23 de dezembro. Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9503. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Duração: 60 minutos. Classificação: livre. Vendas on-line no site Eventim.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)