
Munido do habitual besteirol, mas deixando as polêmicas de fora da artilharia, Danilo Gentili volta à telona. A aposta da vez são criaturas sobrenaturais, com referências diretas ao blockbuster norte-americano Os caça-fantasmas, de 1984. Misto de comédia e terror, Os exterminadores do além contra a Loira do Banheiro, com direção de Fabrício Bittar, estreia nesta quinta-feira, em BH.
Três youtubers buscam a fama publicando vídeos de expedições de combate a forças sobrenaturais. Diante da baixa qualidade das produções, o trio é alvo frequente de haters e vê sua popularidade cair vertiginosamente. Junto de Jack (Gentili), Fred (Léo Lins) e Caroline (Dani Calabresa) está o cinegrafista Túlio (Murilo Couto).
A chance de faturar algum dinheiro surge quando um diretor de escola (Sikêra Jr.) contrata o serviço dos influenciadores digitais para acabar com a boataria que ronda o colégio. Dois alunos invocaram a Loira do Banheiro, chamando-a por seu verdadeiro nome, Catarina. Enquanto um dos meninos é internado depois do ataque da fantasma, Daniel (Matheus Ueta) tenta ajudar a pôr fim à maldição. Em participação especial, o apresentador Ratinho está irreconhecível como o tio de Túlio, que cede os fundos de seu açougue para os youtubers.
PIOR ALUNO O diretor Fabrício Bittar foi responsável por Como se tornar o pior aluno da escola (2017), a mais recente incursão de Gentili no cinema. O longa gerou controvérsias por brincar com temas polêmicos, como bullying e pedofilia.
Diversos elementos presentes naquela produção voltam à tela: piadas chulas e de cunho sexual, escatologia e cenas que descambam para o politicamente incorreto. Em Os exterminadores..., Bittar e Gentili, que também assinam o roteiro, atenuaram pontos polêmicos.
“Em nenhum dos filmes tivemos a preocupação de evitar ou incitar polêmica. Escrevemos as histórias que quisemos contar com muito humor, mas nunca com a intenção de unicamente polemizar”, diz Fabrício Bittar. “Uma das vantagens do cinema é gerar discussões. Os filmes estão abertos à interpretação do público”, afirma.
O cineasta aponta a principal diferença entre os longas. “O pior aluno... tinha seu ponto forte nos diálogos e situações do roteiro. Em Exterminadores..., nosso grande desafio foi conseguir descobrir e trabalhar os elementos técnicos para compôr o clima de terror, que requer tantos efeitos especiais”, compara.
CLÁSSICOS Fã de filmes de terror, o cineasta buscou inspiração em clássicos das décadas de 1980 e 1990 protagonizados por crianças e adolescentes, como A hora do pesadelo (1986) e It: Uma obra-prima do medo (1990). O roteiro brinca também com a série Stranger things.
No set, as crianças do elenco foram poupadas de cenas “para maiores”, que incluem assassinato e simulação de sexo. Para o diretor, o conteúdo não inviabiliza que o filme tenha como alvo principal a audiência infantojuvenil. “Está muito claro que a violência da história, atenuada pela comédia, é extremamente lúdica, ligada à fantasia”, defende Bittar. “Fizemos um filme para adolescentes. De certa maneira, o que apresentamos está muito próximo de boa parte do conteúdo que esse público já consome, seja no cinema, em games ou em programas de TV”, conclui. (WF)
