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Estado de Minas LEISHMANIOSE

Cães de abrigos são mais vulneráveis à leishmaniose, diz estudo da Fiocruz

Entre os animais que moram em abrigos, o percentual de infectados foi de 33,6%, enquanto nos que vivem em casas, essa taxa foi de 10%, em média


19/05/2022 16:48 - atualizado 19/05/2022 18:59

Cães em parte externa do abrigo, com cuidadores em volta
Foram feitos exames sorológicos em 627 animais, que vivem em 17 abrigos espalhados por Minas Gerais (foto: Fiocruz Minas/ Divulgação)

 

Cães que vivem em abrigos, com grande número de animais são mais propícios a contrair leishmaniose, do que aqueles que residem em casas. A conclusão vem de uma pesquisa inédita, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais (Fiocruz Minas), que avaliou o comportamento da infecção em cães abrigados, comparando com resultado de censos anteriores, feitos com cães já adotados. Entre os animais que moram em abrigos, o percentual foi de 33,6% de infectados, enquanto, nos que vivem em casas, essa taxa foi de 10%, em média.

 

 

 

De acordo com a Fiocruz, as leishmanioses são um conjunto de doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania e da família Trypanosomatidae. De modo geral, essas enfermidades se dividem em leishmaniose tegumentar americana, que ataca a pele e as mucosas, e leishmaniose visceral (ou calazar), que ataca órgãos internos. As leishmanioses tegumentares causam lesões na pele, mais comumente ulcerações e, em casos mais graves (leishmaniose mucosa), atacam as mucosas do nariz e da boca. Já a leishmaniose visceral, como o próprio nome indica, afeta as vísceras (ou órgãos internos), sobretudo fígado, baço, gânglios linfáticos e medula óssea, podendo levar à morte quando não tratada.


Foram feitos exames sorológicos em 627 animais, que vivem em 17 abrigos espalhados por Minas Gerais, em regiões com epidemia de leishmaniose. Após a análise das amostras, foram constatados 211 positivos. Ao todo, 93 apresentavam sinais clínicos de leishmaniose visceral. Nos 118 restantes, os exames clínicos foram inconclusivos e, por isso, os pesquisadores coletaram amostras de tecidos dos animais, para a realização de uma análise por PCR-RFLP, visando verificar a espécie do parasito presente.  


Os resultados mostraram que a Leishmania infantum, uma das principais espécies que circulam no Brasil e provoca a leishmaniose visceral, predominou em 66,1% dos animais. Outra descoberta importante foi a detecção de Leishmania amazonensis em oito cães.


Esta variante, Leishmania amazonensis, favorece a infecção por meio do mosquito vetor. Isso significa que ela pode estar "facilitando a vida” dos protozoários, atuando como um reservatório da espécie, que fica no tecido e se dispersa rapidamente pela pele do animal, e pode ser perigosa inclusive para seres humanos.


Os tipos de teste utilizados foram DPP (tipo de teste rápido que testa de 15 a 20min, com amostras soro, plasma ou sangue total venoso) e ELISA (utilizado principalmente para detecção de anticorpos, quando se deseja realizar um levantamento soroepidemiológico prático, menos oneroso e rápido). 


Principais causas

O pesquisador Gustavo Paz, do grupo de Estudos em Leishmanioses, explicou uma das possíveis causas para que os cães de abrigo estejam mais vulneráveis. “Nosso estudo mostrou que os abrigos para cães podem estar funcionando como abrigos para os parasitos também. Hoje, não existe nenhuma regulamentação para esses espaços, em que se define, por exemplo, infraestrutura adequada ou cuidados necessários a serem adotados. Essa falta de orientações facilita a disseminação do parasito entre os cães e também entre os seres humanos, uma vez que a transmissão se dá por um vetor, conhecido como mosquito palha, bastante comum nesses locais.” 


Para Gustavo, as descobertas deste estudo podem contribuir para a elaboração de políticas públicas de saúde, já que no Brasil há uma carência sobre os cuidados específicos para esta população veterinária que vive em abrigos. 


O estudo foi realizado em parceria com a Ceva Saúde Animal e contou com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Todos os procedimentos envolvendo os animais foram realizados de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional de Controle de Experimentação ao Animal (CONCEA) e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa.

 

Como prevenir ? Quais os sintomas ?

A doença é  transmitida  por meio da picada de insetos conhecidos popularmente como "mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui" dentre outros. Estes insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas.

 

A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da leishmaniose visceral. Como ainda não há uma vacina para leishmanioses humanas, os melhores métodos de prevenção são: 

 

  • Controle dos vetores nos ambientes
  • Diagnóstico precoce
  • Tratamento dos doentes e isolamento, se necessário, do restante dos saudáveis
  • Vacinar os cães
  • Uso de repelentes
  • Utilização de mosquiteiros de tela fina e, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas
  • Manter o ambiente de convivência do animal limpo e seguro
  • Não acumular lixo orgânico, que pode ser um chamativo para roedores e pequenos mamíferos, também transmissores da doença
Os principais sintomas, para os dois tipos de leishmanioses, são:  
  • Aumento do fígado e baço
  • Perda de peso
  • Fraqueza
  • Redução da força muscular
  • Anemia
  • Febre de longa duração

 * Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie. 


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