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Estado de Minas MATERNIDADE

A luta dos pequenos heróis

De acordo com dados do Unicef e da OMS, cerca de 30 milhões de bebês nascem prematuros ou com peso abaixo do recomendado, a partir de 2,5 quilos


postado em 24/11/2019 04:00


Filha de Cláudia Fernandes, Valentina, de 5 meses, nasceu com 31 semanas, mas hoje está bem e em casa(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Filha de Cláudia Fernandes, Valentina, de 5 meses, nasceu com 31 semanas, mas hoje está bem e em casa (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)



Este mês de novembro é voltado para o Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade. Um bebê é considerado prematuro quando nasce com menos de 37 semanas de gestação. “Até 36 semanas e seis dias, mais precisamente”, afirma a pediatra neonatologista Tilza Tavares, diretora técnica do NeoCenter Maternidade. Valores menores que isso são classificados assim: “Até 28 semanas, considerado prematuro extremo. De 28 a 32 semanas, considerado muito prematuro. De 32 a 34 semanas, é o prematuro moderado. E de 34 a 36 semanas, prematuro tardio”, explica a pediatra.

A prematuridade pode trazer algumas complicações durante a infância. “Vai depender muito de como foi a evolução da criança na UTI. Se não houver comorbidades, a chance de se desenvolver sem sequelas motora e cognitiva é grande. Mas cada caso é um caso”, revela Tilza Tavares.

Uma pessoa que nasceu antes de completar 37 semanas pode ter uma vida normal. “A criança se desenvolve, vai para a escola e pode ter um cognitivo normal, mas o social pode ser pouco desenvolvido, por exemplo. Também podem ser mais dóceis ou mais agitadas que o considerado normal.”

Um bebê prematuro precisa de atenção redobrada tanto dos médicos quanto da família. “Comparo o prematuro com alguém que está voltando da guerra. Cerca de três meses na UTI neonatal, carícias negativas, mãos diferentes cuidando desse bebê. Quando vai para a casa, visitas, por exemplo, são um momento de alegria, mas o movimento é agressivo para o bebê. Pais recebem as orientações antes de sair do hospital. Inclusive, eles trocam fralda, dão banho. Vivenciam rotinas antes de chegar em casa. Precisamos estar assegurados de que os pais estarão aptos para isso”, afirma a médica.

A amamentação – feita por sucção – é um dos pontos cruciais e o bebê precisa ter, pelo menos, 1,5 quilo ou 32 semanas. O pulmão precisa estar bem formado. Mas o colostro já é dado desde as primeiras horas de vida. Ajudamos no estímulo à produção do colostro e do leite até que o pequeno consiga sugar direto na mãe”, conta Tilza Tavares. Outro ponto importante é a vacinação. “Eles seguem o mesmo calendário. O que pode ocorrer é de as vacinas serem aplicadas em períodos diferentes, até ficarem totalmente regularizadas.”

SUPERAÇÃO DIÁRIA 

Ter um bebê prematuro muda a rotina da família. Foi o que ocorreu com a advogada Fabiana Amaral, quando o filho Thiago Amaral, hoje com 9 anos, nasceu de 25 semanas. Foi um choque, pois a gravidez correu normalmente, sem complicações. “Fiz o acompanhamento pré-natal e estava tudo normal, dentro do esperado para o período gestacional. Para nossa surpresa, Tiago nasceu de 25 semanas, com 630 gramas. A bolsa simplesmente se rompeu! Não foram detectadas causas específicas para o nascimento antecipado. Foi um susto muito grande, cercado de preocupações com a saúde do bebê.”

A mãe lembra como foram os primeiros dias de vida do menino. “Após o nascimento, Tiago ficou 120 dias na UTI neonatal da Maternidade Otaviano Neves, sendo acompanhado por vários profissionais, entre médicos de várias especialidades, enfermeiros e fisioterapeutas. Após a alta hospitalar, Tiago foi pra casa com 3 quilos, mas ainda na ventilação. Em casa, foi assistido por uma equipe home care com pediatras, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas etc. Permaneceu na ventilação por mais 120 dias, até o amadurecimento completo dos seus pulmões. Nos anos seguintes, ainda foi acompanhado de perto com pediatra, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.”

Atualmente, Thiago leva uma vida normal, estuda e pratica esportes. “Ele se desenvolveu normalmente e está dentro da escala peso/altura para sua faixa etária. Frequenta o ensino fundamental e pratica judô”, comemora.

Outro exemplo é o da enfermeira Cláudia Regina Fernandes, cuja filha, Valentina Ribeiro, de 5 meses, nasceu com 31 semanas. Ela conta que teve uma gestação tranquila. “Não imaginava que Valentina poderia nascer prematura. Na hora de escolher o hospital, quando me falaram para eu escolher onde tinha UTI neo, pensei: 'Pra quê?'. Valentina nasceu com 31 semanas, adiantou dois meses. Foi um susto. Fora algumas complicações que ela teve. Ficou 23 dias na UTI”, conta.

O tempo que a filha precisou ficar no hospital foi bastante difícil. “Não consegui fazer resguardo, fui tirar meus pontos após 30 dias. Lembro-me do primeiro dia em que desci para ver minha bebezinha. Ela estava em uma incubadora, no respirador, toda invadida (sonda, soro,) máquinas apitando o tempo inteiro e em fototerapia. E eu ali, parada, completamente assustada com todo aquele cenário, não podia carregar minha bebezinha, só queria abraçá-la e dizer que não precisava ter medo, que a mamãe estava ali.”

“Como queria amamentar, carregar, sentir sua pele quentinha junto da minha”, lembra. Agora, aos 5 meses, Valentina está em casa aos cuidados da família. “Ela está excelente. Superdesenvolvida. Ainda toma os antiarrítmicos, mas fizemos um holter agora e, dando tudo certo, o médico os suspenderá. Algumas vacinas têm que ser particular, pois conferem proteção maior”, finaliza a enfermeira.

* Estagiária sob a supervisão da 
subeditora Elizabeth Colares



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