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Viagem ao paladar

O ato de comer pode ser uma experiência mais rica, principalmente ao compartilhar afetos e a companhia de familiares e amigos, resgatando hábitos de saborear o alimento


postado em 16/06/2019 04:05

Para a psicóloga Fernanda Berni, o ato de se alimentar, enquanto rotina, foi desprezando algumas qualidades sensoriais e tornando-se um ato mecânico(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press )
Para a psicóloga Fernanda Berni, o ato de se alimentar, enquanto rotina, foi desprezando algumas qualidades sensoriais e tornando-se um ato mecânico (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press )







Na música Não é proibido, Marisa Monte solta a voz enumerando delícias que fazem parte do imaginário e do paladar de muitos: “Jujuba, bananada, pipoca. Cocada, queijadinha, sorvete. Chiclete, sundae de chocolate. Paçoca, mariola, quindim, Frumelo, doce de abóbora com coco, bala Juquinha, algodão-doce, manjar”. Guloseimas que podem ser apontadas como comfort food, ainda que, como destaca a psicóloga Fernanda Berni, ela entenda o termo “como um novo nome para algo que já existe, ou existiu e que deixou saudade: comida caseira, comida de mãe, de avó, aquela comida simples que cheirava pela casa, numa época em que a rotina era almoçar em casa com a família... e com tempo suficiente. Tudo muito diferente do que se observa hoje no dia a dia das pessoas. Sem falar do excesso de ‘gourmetização’ dos pratos, que está na moda. No entanto, o que se vê durante a semana é a pressa determinar a escolha dos pratos. Quanto mais rápido o preparo e o consumo, melhor! Mais adequado à correria em que temos vivido”.

Por isso, para Fernanda Berni, o ato de se alimentar, enquanto rotina, foi desprezando algumas qualidades sensoriais e tornando-se um ato mecânico, algo que simplesmente atende a uma necessidade fisiológica. “E assim foi perdendo, literalmente, o gosto! Não só o gosto, mas também o cheiro, o prazer. E tornando-se uma experiência pobre de significados.”

Então, destaca a psicóloga, vem o comfort food para tentar nos lembrar que o ato de comer pode ser uma experiência mais rica, com mais conteúdos agradáveis, com mais emoção, com mais “sentido”. Não estamos falando de produtos empacotados com prazo de validade. Estamos falando de resgate de memórias sensoriais e emocionais, de um tempo em que, apesar de menos acesso à informação, havia mais cuidado consigo mesmo. “Parece contraditório, não é? Hoje temos tantos recursos novos, tanta facilidade, e tão pouco tempo para vivenciar as próprias experiências. Quase não temos tempo nem para comer.”

GATILHOS

E se o comfort food está ligado a memória, enfatiza Fernanda Berni, ele fala de algo extremamente individual. “Fala da vivência de cada pessoa e com todos os elementos que podem estar associados àquela experiência passada, além da degustação em si. O gosto ou o cheiro da comida podem ser apenas gatilhos para recordações de momentos inteiros, incluindo ambientes, pessoas, afetos e tudo o que a recordação daquela cena possa representar para cada um. Enfim, o comfort food, assim como o slow living e outros movimentos do mesmo tipo que têm surgido recentemente, parece expor que alguma coisa no nosso ritmo de vida precisa ser repensada. Aliás, precisa e pode ser repensada.”



Categorias de
comfort food
e seus principais conceitos

»  Comidas nostálgicas: aquelas identificadas a um período e/ou lugar significativo na história individual do sujeito

» Comidas de indulgência: aquelas capazes
de despertar um sentimento de
indulgência no sujeito

»  Comidas de conveniência: aquelas fáceis
de ser obtidas ou preparadas

»  Comidas de conforto físico: aquelas cuja composição físico-química é capaz de gerar uma sensação de bem-estar

* Fonte: Baseado em Locher et al (2005)/Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes-Minasse


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