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Modelos de disposição


postado em 10/03/2019 05:05

Maria Sepúlveda, a Pupê, não se sente com 80 anos e diz que o segredo é cada um viver de acordo com o seu jeito de ser(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Maria Sepúlveda, a Pupê, não se sente com 80 anos e diz que o segredo é cada um viver de acordo com o seu jeito de ser (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Cai por terra o estereótipo da vovó congelada no sofá fazendo tricô. A nova mulher madura, mesmo quando já aposentada, tem rotina ativa, companheiros, vida social e sonhos a realizar
Laura Valente

“Vovozona”, como é chamada por uma das netas, Maria da Purificação Figueiredo Sepúlveda, mais conhecida como Pupê, completou, há pouco, 80 anos, idade que não aparenta – e olhe que nunca fez plástica ou procedimentos estéticos. “Corrigi apenas a pálpebra, por indicação médica”, aponta.

Mãe quatro vezes e viúva ainda jovem, foi ela quem cuidou de criar a família e, hoje, colhe os louros de uma luta bem-sucedida. “Todos estão bem, graças a Deus.” Por onde anda, Pupê recebe elogios pela disposição e jovialidade. “Sou vaidosa e me cuido para viver bem e em paz. Fui professora, já fiz muito artesanato, adoro flores e plantas, pinto e bordo. E sou voluntária do grupo Conviver com um coração, da Paróquia do Coração Eucarístico. Então, doo meu trabalho, o que me enche de disposição e bem-estar.”

Um case para um cirurgião plástico amigo da família, “ele já conferiu meu rosto para garantir que não falo mentira sobre nunca ter feito plástica”, conta ela. Pupê tem namorado e só não tem ido bailar com o companheiro por um incômodo ortopédico recente, “nada grave”. Sem titubear, ela se diz feliz com a existência longeva. “Não me sinto com 80 anos. Não me vejo ou me sinto velha. Hoje, vejo que as mulheres estão mais à vontade e têm tido coragem de falar a idade real.”

SEM SEGREDOS Existe segredo para tanta disposição? A vovozona diz que é estar bem consigo mesma. “Com 80 anos, me vejo como uma mulher vivida, batalhadora e muito corajosa. Firme, independente. Feliz comigo mesma. Apesar das rugas e de toda a batalha que tive. E grata, né, porque todos venceram.”

Pupê tem como premissa não julgar as mulheres. “Não recrimino nada e ninguém; cada um tem seu jeito de ser. O que sei é que todos envelhecemos um dia. Então, se tenho uma festa, faço maquiagem e me arrumo ainda mais. Mas qualquer que seja a situação, penso que o mais importante é a pessoa ser o que é. Sou moderna: dirijo, falo com minha filha que mora no exterior por meio da rede social (Facetime), ando com a sobrancelha delineada, as unhas feitas, o cabelo escovado e adoro usar short e calça comprida justinha, por que não?”, registra, tranquila com as próprias escolhas e com o passar dos anos. “O segredo é viver de acordo com o seu jeito de ser. O meu é esse e é como quero estar no mundo até o fim, com qualidade de vida.”

ETERNA JUVENTUDE Doutora, pesquisadora e autora de diversas obras relacionadas ao universo feminino, Maria Alice Schuch lembra que a mulher madura do século 21 vem se libertando de padrões. “Com o advento da globalização, somos agentes de uma nova mulher que vivencia a própria atemporal feminilidade, aliada ao poder, sofisticação, estilo, business appeal, força e vontade na busca constante do ambicionado projeto vitorioso com competência competitiva.”

Ela afirma que gostaria de fazer as mulheres compreenderem que todo o poder, a beleza e o fascínio nascem do íntimo. E reforça que, nesse sentido, a idade não é o mais importante. “Podemos ter 20, 40 ou 90 anos, porque o poder e a beleza são o resultado do modo pelo qual nos construímos. Como mulher livre, cada uma de nós pode inventar, de tempos em tempos, uma nova tipologia da própria personalidade, uma nova vida, uma nova empresa, um novo mundo, um novo trabalho, um novo interesse, certamente observando os ditames da sociedade econômica, jurídica e política. Criar a si mesmo no mundo, esse é o segredo da eterna juventude.”

INDÚSTRIA ANTENADA Também e cada vez mais a indústria cosmética volta as atenções para as demandas dessa nova mulher. Stephanie Humpert, diretora de marketing da divisão de luxo da L’Oréal, informa que já a partir dos 25 anos a mulher começa a se preocupar com as primeiras linhas de expressão e procura soluções de beleza, começando pela proteção solar e chegando na categoria anti-idade especificamente. Com o avançar da idade, a preocupação com o envelhecimento ganha mais força, já que os sinais se tornam mais visíveis.

Ela aponta recente pesquisa da U&A (i.e., Usage and Attitudes) encomendada pela L’Oréal para o Instituto Reds junto a 1.877 consumidoras: 32% das entrevistadas afirmam que o maior problema que percebem são linhas finas de expressão, seguido por 29% de rugas e 18% de pele flácida. No entanto, a cirurgia plástica tem sido cada vez mais adiada.

“Os hábitos das brasileiras vêm mudando muito rapidamente nos últimos anos, sobretudo, os hábitos de consumo de cosméticos. Um último dado divulgado da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (Isaps) aponta diminuição no número de cirurgias plásticas, que são procedimentos muito invasivos, e aumento no uso de produtos que previnem o envelhecimento da pele, como, por exemplo, o protetor solar”, informa.

E reforça: “Esse comportamento está intimamente ligado ao pensamento da mulher atual, que vem se transformando. Observamos que o discurso de autoestima ganha proporções infinitas quando falamos de rotina de beleza. E é exatamente esse o discurso de Lancôme: valorizamos a felicidade como real ferramenta para a beleza, além de pensar um estilo descolado de padrões, no qual cada mulher procura sua essência e se revela através da sua beleza”.

No Espelho

Dados da Mintel, de 2017, revelam que 36% das brasileiras entre 35 e 44 anos utilizam produtos antienvelhecimento, subindo para 48% entre as mulheres com 45 anos ou mais. O aumento da expectativa de vida no país também é um fator que traz impacto. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil terá 64 milhões de habitantes com mais de 60 anos em 2050, ou seja, 30% da população total.


Fonte: Stephanie Humpert, diretora de marketing da divisão de luxo da L’Oréal

Inspiração para a maturidade empoderada


Filmes
(exemplos de mulheres maduras vencedoras)


O diabo veste Prada – Meryl Streep (foto)
Adorável Júlia – Annette Bening
Chocolat – Juliette Binoche

Leituras

Mulher: aonde vais? Convém?
(Schuch, M. A., 2014)
Contos de Alice – Storytelling para a formação de líderes (Schuch, M. A., 2016, Editora Leader)
Mulheres antes e depois dos 50 (obra escrita por 40 co-autoras dos 28 aos 75 anos de todo o Brasil – coordenação de Maria Alice Schuch e Andreia, Roma – 2018, Editora Leader)
Feminilidade como sexo, poder e graça (Meneghetti, A. 5ª edição – 2013 – Ontopsicológica Editora Universitária)

Personagem da notícia
Maria Alice Schuch
escritora, doutora e pesquisadora

“Vim, vi, venci”


“Observo com alegria que, hoje, já estamos nos olhando no espelho e agrada-nos a imagem refletida. Essas são mulheres felizes em vivenciar o século 21, porque veem diante de si a oportunidade que buscávamos em épocas passadas e pela qual lutaram tantas sérias feministas. Hoje, o jogo é aberto e tem novas regras que podemos aproveitar se soubermos aquilo que nos convém. Minha primeira obra literária é justamente a síntese da minha busca: Mulher: aonde vais? Convém? É muito importante se ver diante do espelho e o faço constantemente. E o que reflete hoje o espelho meu?

A imagem da sétima etapa da minha vida, o meu novo percurso, agora também como escritora e conferencista, com a finalidade de compartilhar experiências vividas por meio dos meus anos de estudo e pesquisa com centenas de mulheres. Eu, mulher, hoje vejo a maravilha do ser humano. Cada vez que o observo, vejo a vida lá, dentro dele, e isso é alegria, é festa. Eu, mulher, hoje, de joelhos, construo a minha obra, porque é dali que auxilio tantas pessoas. Eu, mulher, hoje escolho sempre onde eu sou e cada vez mais profundamente. Eu, mulher, hoje trabalho para o desenvolvimento do universo feminino. Não tem nada mais belo do que isso. O mundo é maravilhoso, a natureza prevê o humano em paz, o belo é possível. E, parafraseando Caio Giulio Cesare, digo também: ‘VIM, VI, VENCI’.”


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