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Estado de Minas

Indiferença

A competição entre marido e mulher pode deteriorar o relacionamento a médio ou a longo prazos


postado em 06/01/2019 05:06

 

 

 






“Sou casada há 13 anos. A maior fonte de sofrimento para mim é que meu marido é pouco carinhoso comigo, diferente de quando éramos namorados. Como se explica isso?”


. Maria Inês, de Belo Horizonte

A principal queixa das mulheres no casamento é a falta de atenção e carinho dos maridos. Esse comportamento se manifesta, em geral, como indiferença, distanciamento, irritabilidade, críticas frequentes e, às vezes, brutalidades. Muitas pessoas dizem que o principal inimigo do casamento é a rotina e o tédio. Mas o principal inimigo do casal é a diminuição do afeto, traduzido, sobretudo, pela crítica.

No início de um relacionamento, durante o namoro, o noivado e nos primeiros anos de casado, a relação é preenchida prioritariamente pelo prazer. O casal passeia, brinca, transa e inventa mil formas de tornar o encontro cada vez mais prazeroso. Parece entender o verdadeiro objetivo do casamento, que é administrar a felicidade dos parceiros. Com o tempo, o casal vai-se distanciando da alegria e da cooperação e no seu lugar a tendência competitiva de disputa e de hostilidade. Os parceiros se sentem no direito de corrigir o outro, de mudá-lo e as brigas constantes e a crítica se instalam.

Todo marido se acha no direito e, pior, na obrigação de ensinar à mulher o que é certo ou o que é errado e de acabar com os seus defeitos. Da mesma forma, a mulher com o marido. A relação se torna tensa, desprazerosa, agressiva e insegura. A consequência disso é a indiferença. A competição entre marido e mulher pode deteriorar o relacionamento a médio ou a longo prazos. A relação que era de celebração passa a ser de julgamento e condenação. A conhecida frase “quem ama cuida” mostra a necessidade da alimentação do amor por meio do carinho e, sobretudo, do respeito às diferenças e aos “negativos” do outro.

Pegar os pontos fracos de um ou de outro acaba por abrir feridas profundas e, às vezes, difíceis de cicatrizar. A crítica sistemática, o tratar mal o outro, diminuir a sua autoestima, levando-o a uma posição defensiva e de contra-ataque e a um mútuo desrespeito verbal, na melhor das hipóteses. E, para piorar, é considerado normal esse comportamento nos casais.

Há algum tempo, estava eu e minha mulher em uma loja e brincávamos fazendo cócegas um no outro. Uma vendedora nos perguntou se éramos casados. Ao responder que sim, ela se saiu com essa: “Nem parece, você a trata tão bem!”. Alguns conflitos são naturais no casamento, e é perfeitamente natural a discordância. O que desestrutura, porém, a construção amorosa não são as brigas, mas as críticas, o que é dito nas brigas, a indiferença, e entre todas as hostilidades, a mais grave é quando as pessoas são ofendidas nas suas intimidades, principalmente corporais.

É comum o casal se criticar na imagem e no físico, a gordura, o envelhecimento, os defeitos físicos, as dificuldades sexuais etc. Além de minar a autoestima, cria uma grande insegurança no parceiro. Todos nós temos pavor do desprezo e do abandono. Ao sermos criticados, aumenta o medo de que sejamos abandonados por aquele que nos critica. A falta de respeito ao que o outro é, incluindo seus defeitos, por outro lado, pode levá-lo a se afastar de nós cada vez mais.

O marido que não é afetuoso com a mulher, como nos conta a leitora acima, está, por meio do jogo do desprezo, induzindo-a a se afastar dele. É doloroso e difícil conviver indefinidamente com alguém que corta nossa espontaneidade e não nos aceita como somos. O gostoso de um relacionamento é a folga psicológica diante do outro, é a paz diante do outro. Ninguém gosta de ser julgado negativamente pelo outro, principalmente por alguém que se ama. Homens irritados, hostis e agressivos conseguem por meio do medo certa submissão temporária das esposas, mas com o passar do tempo conseguirão esposas também frias, hostis e distantes. Isso se aplica também à mulher com relação ao marido.

Existem várias maneiras de se perder o casamento. A traição não é a única nem a principal. Há uma forma mais grave e mais sutil, que é perder a admiração, o amor e o coração do parceiro, mesmo estando debaixo do mesmo teto. Se os casais soubessem da importância do carinho, do cuidado para a sobrevivência de um relacionamento, não mediriam esforços nesse sentido. Casar é muito fácil. Renovar o casamento, por meio de pequenos gestos, pequenos cuidados, respeito ao corpo do outro, ao jeito individual e peculiar do outro é que é difícil. Essa dificuldade, porém, não justifica a nossa resistência de declarar ao outro nosso amor e a importância dele para nós.

A construção da aliança, da cumplicidade e da admiração no casamento só se dará por meio de um comportamento de aceitação e de proximidade. As leis que regem a nossa sociedade – luta, hostilidades, jogos, blefes, violências, disputas acirradas, críticas e brutalidades – não são boas para o amor, para a relação mais importante, para o prazer e a alegria: a relação sagrada e gostosa entre homem e mulher.


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