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Diante da velocidade da tecnologia da informação, é preciso ter discernimento e clareza para ser capaz de filtrar dados reais dos falsos e saber escolher aqueles que são realmente confiáveis


postado em 09/12/2018 05:06

(foto: Washington Elói Francisco/Divulgação])
(foto: Washington Elói Francisco/Divulgação])

 

 

 

 






"A busca insaciável
pela informação começou pelo trabalho, mas se
tornou um hobby
e não me incomoda. Aliás, o que me incomoda e me desafia é quando alguém me diz: ‘Você sabia?’”
. Vanessa Stehling, publicitária e viciada em informação




A velocidade da tecnologia da informação e a revolução provocada pela internet, em que qualquer pessoa pode publicar qualquer coisa na web, sem que isso seja necessariamente verdade, afetam todos nós, já que se exige um grau de informação praticamente impossível de acompanhar no mundo atual. Patologia moderna, provocada pela compulsão em acessar notícias veiculadas em jornais, rádios, revistas, TVs, blogs, redes sociais, invasão de publicidade nas caixas de correio, enxurrada de spams que atacam os e-mails, a TV a cabo, que oferece centenas de canais e tudo isso de fácil acesso, ao alcance das mãos, seja via laptop e tablet, seja via smartphones e até relógio.

A asfixia provocada pelo excesso de informação fragmentada tem imobilizado milhões de pessoas. Para piorar, elas ainda precisam saber filtrar dados reais dos falsos. Grande parte entra num círculo vicioso e busca pela informação, que é tratada como ativo, como um diferencial. Em tempos de alta competitividade em todas as áreas da vida, fica fácil de entender o grau de adoecimento desta sociedade da era da tecnologia da informação. Muitos já não conseguem conviver com a sensação de que estão desatualizados. Sofrem e sentem-se até culpados.

Segundo especialistas da Universidade de Berna, na Suíça, que participaram da Mostra da Comunicação de Berna, em 2012, um ser humano tem a capacidade máxima de ler 350 páginas por dia. Entretanto, o volume de informações que recebemos diariamente por meio da internet, redes sociais, WhatsApp, e-mails, revistas, jornais, rádio e televisão é de cerca de 7.355 gigas, que é o equivalente a bilhões de livros. Como lidar com isso? Quem tenta absorver tanta informação, além de não conseguir, acabará com problemas de saúde. Tudo na vida pede equilíbrio.

Infoxicação foi o termo criado, nos idos de 1996, pelo físico espanhol Alfons Cornellá para determinar a relação entre informação e intoxicação, um neologismo que explica a dificuldade para administrar a avalanche de informação com que somos bombardeados diariamente, um mal da era digital. Outro conceito relacionado com esse excesso é a síndrome da fadiga informativa, identificada pelo psicólogo britânico David Lewis, que acomete pessoas que têm de lidar com toneladas de informação e acabam se sentindo paralisadas em sua capacidade analítica, ansiosas, cheias de dúvidas, com danos nas relações pessoais, mau humor, angústia, tristeza, instabilidade e baixa satisfação no trabalho.

CRITÉRIOS

 A possível saída é apontada por Alfons Cornellá, “desaprendo, logo existo”. O que não quer dizer deixar de se informar, mas ter clareza e discernimento para escolher que tipo de informação buscar. Cada um tem de criar um filtro, capaz de fazê-lo manejar a informação da melhor maneira possível, com critérios definidos diante de um novo modelo de civilização.

Com tanto ruído de informação, fica cada vez mais difícil parar para refletir, elaborar pensamentos e desenvolver ideias. Cornellá diz que é fundamental que as pessoas aprendam a diferenciar “exaustividade (balaio onde cabe tudo) de “relevância” (o que é importante e mais interessante). Isso é fundamental para que não ocorra uma ruptura entre aqueles que enxergam a tecnologia como “solução para vida” e outros que vão “se revoltar contra a conectividade e buscar um mundo que não seja Big brother”. O físico espanhol diz que é importante definir em que mundo se quer viver: o real ou se submeter ao virtual. A imunização, conforme Cornellá, está na decisão de “ler menos e com mais profundidade. Não ficar dentro de uma caverna em que só se escuta o que quer escutar, mas ter acesso a fontes contrastantes e, assim, criar tempo para entender o que se está lendo.”

A publicitária Vanessa Stehling, responsável pela criação e ilustração na agência de publicidade on-line Conta Mais, é caçadora de informação e garante que mantém essa busca sob controle. “A profissão tem enfoque na informação. E, como lido com cliente das mais distintas áreas, sou levada a estudar sobre cada uma. Jamais chegaria diante de um sem saber conversar sobre seu segmento de atuação, me dá aflição e, certamente, geraria insegurança. Então, no momento, preciso saber sobre cimento, TI, floral de Bach, cosmético vegano e cerveja! A publicidade me transformou em uma pessoa em busca de informação.”

Vanessa conta que, como estudou comunicação, gosta de chegar em qualquer lugar, “perguntar e, de preferência, já estar bem informada. Tenho uma curiosidade absurda, e com tudo. Tenho amigos médicos e estou sempre a questionar: ‘Como assim?’”. Em tempos de informação líquida, a publicitária explica que o vício em informação tem vários lados. “A profissão requer, sou comunicativa e, de fato, a curiosidade se tornou um hábito na minha vida. É gostoso ler sobre assuntos diferentes. Faço pesquisas e não só sobre a questão profissional, em qualquer rodinha, de amigos, conhecidos, colegas, tenho prazer em falar de várias coisas. A busca insaciável pela informação começou pelo trabalho, mas se tornou um hobby e não me incomoda. Aliás, o que me incomoda e me desafia é quando alguém me diz: ‘Você sabia?’”.

Sempre antenada, Vanessa confessa que toma cuidado para não ser a “chata” da turma, por estar por dentro de tudo. “Às vezes, mesmo sabendo, digo que não sei e lanço frases do tipo ‘não acredito!’, ‘é mesmo?’. Fico me policiando até para não correr o risco de alguém me achar que é mentira ou ficar me testando. Em alguns momentos preciso ser um pouco atriz”, revela.

Mas Vanessa concorda que, com o excesso de informação circulando por aí, é impossível saber de tudo. “É absurdo! Na política, então, é ainda pior, porque há opinião polarizada e não unilateral, tem a pluralidade pelo volume de opinião e ainda as fake news. A tarefa fica mais complicada.” No entanto, Vanessa Stehling lembra que, “como Minas não tem mar, vamos para o bar. E existe melhor lugar para expor opiniões e divulgar informações? Acredito que todo mineiro tem esse perfil, gosta de conversar, de trocar informação. É a nossa prosa. Chega a ser uma necessidade. Não gosto de me sentir por fora. Se tenho uma brecha, vou atrás da informação. Aliás, mais por questão de segurança, não quero ter o celular roubado, meu único momento off-line no ano é no carnaval”.

 

 


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