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Estado de Minas

Café tem grãos com aroma e preços especiais

Produção de cafés especiais amplia participação nas exportações brasileiras em 2018, mas ainda encontra desafios quando o assunto é política pública de incentivo ao setor


postado em 07/01/2019 06:00 / atualizado em 07/01/2019 08:20

Vendas internacionais de cafés diferenciados atingiram 5,637 milhões de sacas de janeiro a novembro do ano passado. Alta de 27,16%(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press %u2013 14/12/16)
Vendas internacionais de cafés diferenciados atingiram 5,637 milhões de sacas de janeiro a novembro do ano passado. Alta de 27,16% (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press %u2013 14/12/16)
Por vezes desculpa para encontros e testemunha de muitas histórias, o café é o que se pode dizer de uma paixão para muitas pessoas. E esse relacionamento que já é consolidado no Brasil, tem cada vez mais extrapolado as fronteiras do país, com contornos diferenciados com os chamados cafés especiais.

O produto tem encorpado as possibilidades da bebida, ganhando em sabor e valor de mercado. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que as exportações brasileiras de cafés diferenciados alcançaram 5,637 milhões de sacas, entre janeiro e novembro de 2018. Um crescimento de 27,16%, comparado com o mesmo período do ano passado, quando foi apurado 4,433 milhões de sacas. No entanto, especialistas da área afirmam que os resultados poderiam ser ainda maiores, se os produtores tivessem melhores políticas para o setor.


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A boa performance das exportações geraram receita de US$ 1,009 bilhão, com preço médio de US$ 178,98 a saca. Esse valor foi 33,9% superior ao preço médio dos cafés verdes (natural), comercializado a US$ 133,70. Os números mostram que o produto com características especiais tem aumento de 23,3% sobre o preço médio dos naturais. O volume total das exportações de café no período analisado foi de 31,376 milhões de sacas, ao valor médio de US$ 145,13 por saca, perfazendo receita total de US$ 4,554 bilhões.


O ganho nas exportações é fruto da intenção e necessidade dos produtores de café de se profissionalizarem cada vez mais e melhorarem as condições de cultivo. Segundo a presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Campo Belo e vice-presidente da comissão técnica de café da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Denise Garcia, o padrão do café tem ficado, de forma geral, cada vez melhor. Principalmente devido à percepção da necessidade de investir em tecnologia, o que tem resultado em produtos melhores. “A produção está cada vez maior por hectare, com mais investimento na colheita, no que sai do pé de café. O produtor também tem buscado mais conhecimento, tecnologia. Tem tido mais acesso à informação e isso acaba sendo usado em favor do seu produto e agregando valor”, afirma.

PRESTÍGIO
Para ser classificado como café especial, é necessário que uma série de critérios sejam verificados. De acordo com a Metodologia de Avaliação Sensorial da Speciality Coffe Association (SCA), adotada na maioria dos países, são observados nove pontos: Fragrância ou aroma, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização e harmonia. O café deve atingir pelo menos 80 pontos de uma escala que vai até 100 e que observa os atributos citados.

Ainda sobre a produção, Denise afirma que a boa produção de 2018, além de se justificar pela melhora das condições técnicas, ainda se ancora na dualidade da safra, que é sempre melhor a cada dois anos. Isso porque, segundo ela, no ano seguinte a uma boa safra a colheita tende a ser menor, pois está no período em que os pé de café se prepararam para nova safra. Para este ano, a tendência é que o volume seja menor devido a essas características.


DIFICULDADE
A produção apesar de fazer vista aos olhos poderia ter números ainda mais vultosos, segundo Denise Garcia. Ela lamenta que não haja uma política mais eficiente por parte do poder público para garantir que o produtor não tenha tantas perdas. Denise afirma que o preço ainda está aquém do que poderia. Mas as questões a serem melhoradas vão além do valor de comercialização. “Falta política de governo e expertise para negociar, liberar financiamento em época certa. Além conseguir que o financiamento chegue a mão do produtor”, enumera. Denise considera que a boa fase da produção não alcança o produtor. “O produto está melhor, mas a vida do produtor está pior”, conta.


O Brasil é o maior produtor de café do mundo, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) com produção de 60.200 sacas de 60kg, com participação de 35,2% no mercado mundial. Já Minas Gerais é a maior contribuinte desse montante já que o maior estado produtor do país (veja arte). A vice-presidente da comissão técnica de café da Faemg destaca que, apesar da liderança, os custos por aqui são maiores. “Em sua maioria são pequenos produtores. A topografia no Sul de Minas, área mais produtiva, dificulta a mecanização e isso impacta na produção”, explica. Ela lembra que é preciso que faça o controle do estoque para evitar que o preço caia muito e o preço mínimo corresponda a realidade. “Da porteira pra dentro temos muita expertise, mas da porteira para fora, o produtor não tem controle”.

Receitas subiram 17,8% em 13 anos


A receita total das lavouras de café no Brasil, medida pelo Valor Bruto da Produção, alcançou R$ 25,05 bilhões, segundo estimativa da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O café arábica respondeu por 80% desse valor, tendo movimentado R$ 20,10 bilhões no ano passado, enquanto a variedade conilon proporcionou faturamento de R$ 4,95 bilhões. Os números constam de relatório divulgado pelo Observatório do Café, grupo que resultou de consórcio de pesquisas sobre o setor coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Café).


Estudo comparativo da série do Valor Bruto da Produção desde 2005 mostra que a receita dos cafezais brasileiros evoluiu apenas 17,8% nos 13 anos comparados, ao passo que a produção cresceu 87,5%. Em 2005, o valor apurado nas lavouras foi de R$ 21,26 bilhões, para 32,9 milhões de sacas de 60 quilos produzidas. No ano passado, a produção estimada atingiu 61,7 milhões de sacas.


A safra de 2018 consistiu no melhor desempenho da história do café brasileiro. Ainda de acordo com o Observatório do Café, o país registrou avanço significativo da produtividade e da qualidade do produto. Foram colhidas 33,07 sacas por hectare em área de cultivo estimada em 1,86 milhão de hectares. A conclusão é de pesquisa feita junto a 280 cafeicultores dos principais estados produtores: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia e Paraná.


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