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Estado de Minas

Plantação de cana-de-açúcar ajuda a diminuir prejuízos com fogo

Produtores do Triângulo Mineiro colhem resultados de investimento em sistema pioneiro de monitoramento, para agilizar combate a incêndios. Experiência tem chamado a atenção


postado em 01/10/2018 06:00 / atualizado em 01/10/2018 08:19

Ao custo de R$ 1 milhão, seis câmeras de alta resolução instaladas sobre postes monitoram área de 100 mil hectares em Campo Florido(foto: Leandro Nascimento/Divulgação )
Ao custo de R$ 1 milhão, seis câmeras de alta resolução instaladas sobre postes monitoram área de 100 mil hectares em Campo Florido (foto: Leandro Nascimento/Divulgação )

A primavera teve início há pouco mais de uma semana, promete temperaturas elevadas e chuva escassa. A combinação desses dois fatores é um prato cheio para as queimadas, principalmente nos canaviais, nos quais a colheita mecanizada deixa a palha sobre a terra, para que a matéria orgânica enriqueça o solo.

Experiência pioneira em Minas Gerais de monitoramento das plantações de cana-de-açúcar ajuda a minimizar os prejuízos decorrentes do fogo. O sistema adotado no município de Campo Florido, no Triângulo Mineiro, pela associação de fornecedores de cana da região, a Canacampo, já colhe resultados de investimento realizado há um ano.


Seis câmeras de alta resolução, capazes de girar 360 graus, foram instaladas sobre postes a 30 metros de altura, fornecendo imagens para monitorar área de 100 mil hectares de lavoura. Além da simples imagem, o cruzamento das informações obtidas das câmeras consegue determinar a coordenada geográfica do foco de incêndio, agilizando o combate às chamas.

Todo o equipamento é gerenciado por central de monitoramento, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. Assim que algum incêndio é detectado, os funcionários responsáveis pela operação das máquinas acionam as brigadas, que se deslocam para o local com caminhões-pipa.


“Sabemos que o sistema não resolve o problema do incêndio, que, na maioria das vezes, é criminoso, mas é mais uma ferramenta que auxilia muito bem no controle”, explica o engenheiro-agrônomo Rodrigo Piau, coordenador agrícola da Canacampo.

Ele observa que a redução dos focos de queimada não era esperada, porém a agilidade que o sistema oferece para o combate às chamas reduziu a dimensão dos incêndios. O retorno da iniciativa é tão satisfatório que a associação tem recebido a visita de diversas usinas, tanto de Minas Gerais, quanto de Goiás e São Paulo, em busca de informações.


Rodrigo Piau lembra que o incêndio não é ruim apenas para o meio ambiente, atingindo as reservas e destruindo a fauna. Para o produtor de cana, o fogo é prejudicial porque a palha é de suma importância para o manejo da cultura, sem contar as perdas de áreas já adubadas e até mesmo das próprias máquinas utilizadas na colheita. “É um prejuízo coletivo ao meio ambiente e ao sistema produtivo”, resume.

Além do sistema de câmeras e monitoramento, fazem parte do investimento – superior a R$ 1 milhão – o treinamento das brigadas contra incêndio, a compra de caminhões-pipa, ações de conscientização junto à sociedade, a construção de aceiros e trabalhos em conjunto com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Polícia Ambiental e a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.

Campanha

Um incêndio na Estação Ecológica de Ribeirão Preto (SP), mais conhecida como Mata de Santa Tereza, em 2014, levou a Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (Abag/RP) a lançar uma campanha anual de combate ao fogo nas lavouras canavieiras. A mata, a mais importante reserva ambiental da cidade, teve 90 dos seus 154 hectares atingidos pelo fogo, provocado por velas acesas acesas no meio da vegetação num momento de baixa umidade do ar.

Intensificada no início do período seco em Ribeirão Preto, a campanha visa a cobrir uma região que responde por 44% da área de cultivo da cana-de-açúcar em São Paulo. O slogan escolhido foi “Incêndio é diferente de queima controlada”, e pretende conscientizar a população para atitudes que evitam incêndios, criar uma rede de comunicação entre os agentes produtivos e ampliar a comunicação com a sociedade.


Monika Bergamaschi, presidente do Conselho da Abag/RP, afirma que “os incêndios, acidentais, criminosos ou de origem desconhecida, não são novidades na zona rural. Tanto é assim que as usinas e os produtores estão preparados para o combate ao fogo, com brigadas cada vez mais treinadas e equipadas”.

O objetivo da campanha é somar esforços, envolvendo o poder público, o setor produtivo e a sociedade para evitar as consequências danosas para a economia, o meio ambiente e as pessoas..


A Abag/RP encomendou anúncios para rádio, TV, jornais e revistas. Placas de alerta foram colocadas nas estradas informando os números de telefones das usinas mais próximas, com o intuito de garantir que o combate aos incêndios ocorra no menor tempo possível.

Cartilhas foram distribuídas nas comunidades do entorno das unidades produtivas e em escolas da região. As empresas disponibilizaram técnicos para fazer palestras de esclarecimento e dar treinamento às brigadas municipais. A ação tem apoio de um grupo de usinas e de associações de produtores, com custo total de R$ 120 mil.

  

Prevenção é intensificada

 A elevada incidência de incêndios em lavouras e florestas na região de Uberaba, também no Triângulo Mineiro, levou a regional mineira do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) a intensificar a formação de brigadistas de emergência na região já no início do período seco. De acordo com Ana Paula Mello, coordenadora da Assessoria de Meio Ambiente do Sistema Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), o curso capacita pessoas do meio rural para a prevenção e o combate ao fogo, além de ensinar técnicas de primeiros socorros.


Em paralelo, a Faemg tem feito campanhas informativas junto a sindicatos, associações e produtores rurais no sentido de prevenir e reduzir o risco de incêndios, explicando as causas e os danos do fogo. A meta é também esclarecer a diferença entre incêndio e queima controlada. Segundo Ana Paula, é preciso deixar claro que nos locais em que é permitida a prática da queima controlada, ela está condicionada a autorização do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Não existe permissão no período seco.


Os cuidados exigidos pelo IEF envolvem a construção de aceiros (espaço sem vegetação para que o fogo não ultrapasse a área delimitada), horários específicos para a queima e vigilância por equipe de controle. Entretanto, nos períodos secos não há autorização porque a baixa umidade e os ventos tornam difícil o controle do fogo, aumentando o risco de incêndios florestais.


Para a coordenadora de meio ambiente da Faemg, o manejo agrícola utilizando a queima controlada pode ser dispensado por meio da adoção de sistemas agropecuários sustentáveis, que não provocam o esgotamento do solo, da água e do ar.A campanha esclarece que o fogo contribui para a degradação e redução da capacidade produtiva do solo, pois provoca alteração de suas características químicas, físicas e biológicas, além de reduzir a infiltração da água, resultando em perda de produtividade.


Já o incêndio em mata ou floresta é considerado crime ambiental, com pena de reclusão de dois a quatro anos e multa. O incêndio florestal é o fogo que atinge as matas e demais formas de vegetação de forma descontrolada. Ainda que possam ocorrer naturalmente – seja pela combustão a partir de raios solares, descargas elétricas ou outro fator –, grande parte desses episódios é provocada pela perda de controle sobre alguma prática do uso do fogo originados do descarte de objetos ou lixo às margens de estradas (guimbas de cigarros, garrafas de vidro ou qualquer material que concentre os raios solares), de forma intencional ou inconsequente, como soltar fogos de artifício ou balões. 


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