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Estado de Minas

Horta circular sobrevive à seca no Norte de Minas

Tecnologia testada no Norte de Minas Gerais cria formato inovador, que vem garantindo qualidade à produção e evita desperdícios. Novo sistema faz melhor uso de água e espaço


postado em 23/10/2017 06:00 / atualizado em 23/10/2017 08:20

Estrutura harmoniza canteiros em círculo, que abraçam galinheiro(foto: Emater/Divulgação)
Estrutura harmoniza canteiros em círculo, que abraçam galinheiro (foto: Emater/Divulgação)

Um dos desafios para quem pretende plantar hortaliças em algumas regiões de Minas Gerais é ter acesso à água na quantidade necessária ao desenvolvimento das plantas ou à terra. Há casos em que as duas situações dificultam o investimento. Técnica que vem sendo utilizada no estado, especialmente na Região Norte – que enfrenta problemas graves de seca – tem sido a solução para garantir produção com mais qualidade e sem desperdício. Especialistas e produtores rurais ouvidos pelo Estado de Minas fazem coro, ao afirmar que os resultados obtidos são animadores e ainda permitem combinar o cultivo das verduras com a criação de galinhas no mesmo ambiente, otimizando o espaço.

Trata-se da horta circular agroecológica, que traz formato pouco convencional: a estrutura conta com um galinheiro na área central, três canteiros circulares cobertos com lona e sistemas de irrigação por gotejamento e microaspersão. O mecanismo permite melhor aproveitamento da luz, da água e dos espaços. O sistema ainda é cercado com tela para evitar a entrada de animais. “A vantagem do uso da horta circular agroecológica é que o produtor tem todo o domínio das explorações, sem necessidade de ficar na dependência de importação de insumos para a propriedade rural”, diz Ildeu de Souza, coordenador técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater-MG).

No sistema de horta circular, a fertilização dos canteiros cobertos e com gotejadores é feita por meio da sucção de uma caixa de fertilizantes. Uma outra caixa d’água é usada para higienizar as hortaliças depois de realizada a colheita. Ainda de acordo com Ildeu, as mudas são produzidas em bandejas de isopor dentro de um espaço fechado e com sombra, que pode ficar dentro ou fora da horta circular. O galinheiro é coberto e telado, com diâmetro que pode variar de 3 metros a 5 metros de raio, com capacidade para manter entre 10 e 30 aves.

Na nova estrutura, o alimento dado às galinhas é obtido do resíduo das hortaliças e as fezes servem de adubo(foto: Emater/Divulgação)
Na nova estrutura, o alimento dado às galinhas é obtido do resíduo das hortaliças e as fezes servem de adubo (foto: Emater/Divulgação)

Além do comedouro, bebedouro, poleiro e ninho, ainda existe um acesso para que as aves saiam para a parte externa do sistema. As fezes das aves também servem como adubo para a produção das hortaliças. A alimentação vem dos resíduos das hortaliças, o que garante mais qualidade aos ovos destinados ao mercado. “Com um alimento melhor, você vai ter também uma maior qualidade na comercialização, tanto dos ovos quanto das hortaliças”, comemora Osmar Martins Campos, técnico em agropecuária da Emater-MG.

De fato, a produção excedente do consumo da família pode ser comercializada nas feiras livres e mercados locais, pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). É o caso do produtor rural Dervito Peres Neto, que há sete meses adotou a horta circular em seu terreno em Riacho dos Machados, no Norte mineiro. Segundo ele, o desejo de ter uma horta era antigo, mas faltava oportunidade. Com a ajuda da Emater-MG e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), finalmente Dervito realizou o sonho e hoje planta alface, beterraba, cenoura, maxixe, quiabo, cebolinha e alho.

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Dervito Peres Neto, produtor rural, quem mantém hora circular agroecológica modelo


“Hoje estou me alimentando de comida saudável, sem agrotóxicos”, comemora o produtor rural, que também cria 15 galinhas em sua horta. “Ainda sobra um pouco de ovos e do que planto”, conta. A horta circular de Dervito é modelo na região, e segundo ele, sempre há alguém interessado em visitar o local para adotar sistema semelhante. A quem o procura, o discurso é o mesmo: “Foi a melhor coisa que fiz”.

 

 

ÁGUA O sistema faz parte de um projeto envolvendo a Emater-MG e a Embrapa Milho e Sorgo e já foi implantado em 13 unidades-modelos no Norte de Minas, todas em propriedades de famílias incluídas no programa Brasil Sem Miséria, destinado a agricultores familiares com renda per capita de até R$ 85 mensais e que estejam incluídos no Cadastro Único para Programa Sociais (CadÚnico).

Para a divulgação das hortas circulares agroecológicas, são feitas capacitações técnicas nas comunidades onde elas estão implantadas. Quem quiser aderir ao sistema pdeerá procurar a Emater para ter todas as orientações. De acordo com Ildeu de Souza, o custo de implantação da horta é de cerca de R$ 3 mil, valor que ele considera relativamente baixo, levando-se em conta que boa parte dos materiais vêm da própria fazenda, além da disponibilidade da água. 


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