(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Exportação de manga é resposta para a seca no Norte de Minas

Produção irrigada da fruta, que exige menos água no cultivo, avança e das 20 mil toneladas colhidas por ano, 20% vão para Europa, Oriente Médio e Canadá


postado em 11/09/2017 06:00 / atualizado em 13/09/2017 00:53

O produtor Dalton Londi destina 30% da produção do tipo palmer para o exterior(foto: Luiz Ribeiro/DA Press)
O produtor Dalton Londi destina 30% da produção do tipo palmer para o exterior (foto: Luiz Ribeiro/DA Press)

O sol é de rachar. A falta de chuvas – um problema histórico – se intensificou mais ainda nos últimos cinco anos na região. Mas esses fatores não enfraquecem a produção de manga no Norte de Minas, onde o cultivo irrigado da fruta virou uma alternativa para a superação da seca. Uma das vantagens da manga é que ela exige uma quantidade de água relativamente baixa, se adaptando muito bem ao clima semiárido. Nessas condições, a fruta, que antes era apenas meio de subsistência – com o “costume” das famílias da zona rural de terem um pé de manga no quintal de casa –, agora virou sinônimo de lucros para os agricultores, que, além do mercado nacional, estão exportando para a Europa, Oriente Médio e Canadá.


Atualmente, o Norte do estado tem cerca de 6 mil hectares de manga plantados, com uma produção anual de cerca de 20 mil toneladas. Mas, a perspectiva é de chegar a 7 mil hectares cultivados até o início de 2018. “Existe uma tendência de crescimento do plantio na região, por causa da economia obtida com o uso eficiente da água. Para se ter uma idéia dessa economia, a quantidade de água gasta na irrigação da manga equivale a 40% do consumo de água nas lavouras de banana, a cultura tradicional da região”, afirma Moacir Brito, consultor de mangicultura e coordenador da câmara setorial da manga da Associação dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte).

Ele salienta que, com o uso eficiente do recurso hídrico o agricultor pode manter a cultura com água retirada do poço tubular. Pode também fazer a irrigação complementar das plantas somente nos períodos que a chuva faltar. “Mas, o produtor precisa ter em mente que, mesmo exigindo pouca água, a planta sempre precisa ser molhada” observa Brito, salientando que a mangueira precisa ser s irrigada na fase de desenvolvimento dos frutos.

Os pomares avançam em vários municípios norte-mineiros. A maior concentração está nos perímetros irrigados do Jaíba (abastecido com água do Rio São Francisco), projeto sediado no município homônimo e que também alcança a cidade de Matias Cardoso) e do Gorutuba (abastecido pela Barragem do Bico da Pedra, entre os municípios de Janaúba e Nova Porteirinha). Nos dois projetos de irrigação, os agricultores enfrentam a restrição hídrica por causa da seca. Somente o Projeto Jaíba tem uma área plantada de 1,78 mil hectares de manga em produção, de acordo com a Abanorte.

A variedade mais cultivada nos plantios irrigados do sertão norte-mineiro é a palmer (95%). Também estão começando a ser plantadas na região as variedades Kent e Keit. “São variedades voltadas exclusivamente para o mercado europeu”, explica Moacir Brito. Com 75 mil hectares plantados, o Brasil é o sétimo maior produtor mundial de manga. O maior produtor mundial é a Tailândia (340 mil hectares).

Conforme o consultor, atualmente, 20% da manga norte-mineira é destinada a Exportação, com o produto chegando a países europeus como Portugal (um dos maiores compradores), Inglaterra, França, Alemanha ,Espanha, Bélgica e Holanda, além do Canadá (América do Norte) e do Oriente Médio. Como a fruta é perecível, o transporte é feito de avião, com a saída pelos aeroportos de Cumbica (Guarulhos/SP) e Viracopos (Campinas/SP).

OFERTA O Norte de Minas é a região com maior regularidade na oferta de manga no Brasil em comparação com outros pólos produtores do país. É o que apontou pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq), unidade da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba. “Isso é resultado do trabalho de indução floral, feito graças ao excelente planejamento e escalonamento por parte de técnicos, pesquisadores e produtores da região”, observa Brito, citando a eficiência da gestão da atividade pela Abanorte e o trabalho de pesquisa desenvolvido por professores e acadêmicos do curso de Agronomia do Campus da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) em Janaúba.

Com a técnica de indução floral, a espécie produz praticamente o ano inteiro. Com emprego de novas tecnologias, os produtores conseguiram também antecipar o início da produção da manga. Outro ponto observado foi o aumento do adensamento dos pomares, com um maior número de plantas por hectare – antes, eram 250, média. Agora, são plantadas 1.200 pés de manga por hectare.

Hoje, os pomares irrigados do Norte de Minas já começam a produzir com apenas 20 meses depois de plantados. A produtividade também aumentou e, hoje, oscila entre 25 e 30 toneladas por hectare em pomares com quatro ou cinco anos. “As boas técnicas, associadas à boa receptividade das tecnologias pelos produtores, têm permitido a boa qualidade e o avanços da cultura da manga no sertão norte mineiro”, conclui Moacir Brito.



Agricultor satisfeito com os resultados


A satisfação com os bons resultados do cultivo da manga no clima semiárido norte-mineiro é manifestada pelo agricultor Darcy da Silveira Gloria. Ele tem 40 hectares de mangicultura no projeto Jaíba, dos quais 22 hectares em produção. Darcy da Silveira produz 500 toneladas de manga (da variedade Palmer). Ele conta que vende em torno de 35% a 40% da produção para o exterior, enviando a fruta para Portugal, Holanda e outros países europeus, por avião. “Mais do aumentar a quantidade, fizemos um trabalho de busca da qualidade para obter o certificado para exportação”, afirma o agricultor.

A cultura da manga irrigada tem um custo relativamente elevado, em torno de R$ 18 mil . Mas, a rentabilidade compensa, como atesta Darcy. “O custo é alto, mas sempre sobra alguma coisa”, diz o agricultor, que iniciou a atividade há 17 anos.

Outro que vem se dando bem com a mangicultura é Dalton Londi, que já exerceu um cargo na montadora Fiat em Betim; viveu uma experiência de trabalho na China e, depois, decidiu investir na irrigação no Projeto Jaíba. Ele começou a plantar manga há 12 anos no perímetro irrigado e conta com 60 hectares cultivados (da variedade palmer) e tem uma previsão de colher 1.200 toneladas em 2017. Cerca de 30% de sua produção é destinada para a exportação. Além de países europeus (Portugal, Alemanha e Holanda) e do Canadá, envie a fruta para o Oriente Médio. “Estou satisfeito com os resultados e quero investir ainda mais no negócio”, afirma Dalton, que é o presidente do Sindicato Rural de Jaiba e Matias Cardoso.

A atividade também entusiasma Gilberto Alves da Silva, o Nego, que começou a produzir manga no Jaíba há dois anos. Ele já tem 15 hectares em produção e uma área igual em formação. “A manga é a cultura de melhor manejo e melhor lucratividade do projeto”, afirma Gilberto.

Carlito José Ribeiro gerencia uma área de produção de manga no Projeto Jaíba, que conta com o plantio de 35 hectares e alcança uma produtividade de 25 toneladas por hectare. Ele chama atenção para o uso eficiente da irrigação, que garante a economia de água. “A manga é uma cultura que se adapta bem ao clima semiárido. Irrigamos a planta duas horas por noite, com um sistema de rotação dos talhões (lotes). Somente em outubro, quando o sol fica mais forte na região, aumentamos um pouco a irrigação”, informa Carlito. (LR)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)