Instalado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), o Projeto Pirapora conta com uma área irrigada de 1,236 mil hectares, concentrando 34 produtores, a grande maioria descendente de japoneses. Os oito participantes do Programa Educampo/ Gestão Avançada representam cerca de 15 produtores, já que em suas áreas também atuam seus familiares. A maior parte das frutas colhidas em Pirapora vai para o entreposto da Central de Abastecimento (Ceasa) na Grande BH.
O programa funciona da seguinte forma: o agrônomo Saulo David Rezende, consultor técnico contratado pelos agricultores, visita mensalmente as áreas de plantio e faz o levantamento relativo aos custos de mão de obra, gastos com irrigação, insumos e depreciação de benfeitorias. Também apura os dados sobre a produtividade das plantações, com uma avaliação separada de cada “talhão” (área) da propriedade. Em seguida, após a análise de custos, as informações são tabuladas e os resultados são repassados para cada irrigante, que, a partir daí, adota as medidas para a melhoria do processo produtivo.
Dono de uma lavoura de 50 hectares de banana-prata anã no perímetro irrigado de Pirapora, o produtor Edson Yuki Sassaki ressalta que a gestão avançada tem proporcionado a melhoria do desempenho da cultura, permitindo a tomada de decisões que incrementam a produção. “Com base nas informações levantadas, particularmente, cada produtor pode tomar uma decisão para diminuir custos. Se um talhão está com uma produtividade média, cabe ao agricultor retirar o plantio e tentar recuperar o cultivo na referida área”, diz Sassaki.
Ele ressalta a importância da discussão e da troca de informações sobre os resultados de custos verificados separadamente em cada lote do perímetro irrigado. “A gente analisa quais propriedades estão dando lucros e quais estão no prejuízo. Com a comparação, podemos adotar as metodologias mais satisfatórias usadas pelos vizinhos”, afirma o fruticultor.
Edson Sassaki chama a atenção para a importância da união dos irrigantes. “A primeira questao é que comunicando melhor a gente tem um melhor foco no negócio, o que permite traçar um planejamento de acordo com a necessidade de cada um. Juntos, alinhamos as nossas demandas e procuramos a solução dos problemas com o apoio do Sebrae. Tentamos sempre a busca de soluções colegiadas para nossas necessidades”, assegura.
Outro irrigante de Pirapora entusiasmado com o programa de gestão avançada é Rubens Shigueru Minane, que planta banana, uva e tangerina em uma área de 180 hectares. “Além de fazer a análise de custos, compartilhamos conhecimento sobre as técnicas de manejo. Assim, podemos melhorar a nossa produtividade”, comenta Rubens Shigueru.
Ele destaca que o modelo possibilita aos produtores uma situação de “pés no chão”, com informações sempre atualizadas a respeito dos seus custos e do desempenho da propriedade. “Com a análise do custo, o agricultor verifica realmente se a propriedade é viável para o negócio. Ele fica sabendo se a cultura está dando retorno ou não”, explica.
Shigueru diz que os agricultores ainda não discutem a comercialização dos produtos. “Por enquanto, discutimos somente questões da porteira para dentro. Mas, quando o processo estiver mais amadurecido, também poderemos tratar do mercado”, informa. Também produtor no Projeto Pirapora, onde tem um cultivo de 35 hectares de banana, Ricardo Takeo Watanabe ressalta que a gestão avançada e a troca de experiências entre os irrigantes facilita a busca e o uso de novas tecnologias para o plantio irrigado de frutas na região. “Com certeza, isso garante melhor produtividade e mais qualidade aos nossos produtos”, avalia.