![Em 1938, público ouvia os jogos pelo rádio em frente à Casa Paul J Christoph Co., na Rua Tupinambás (foto: Arquivo EM) Em 1938, público ouvia os jogos pelo rádio em frente à Casa Paul J Christoph Co., na Rua Tupinambás (foto: Arquivo EM)](https://i.em.com.br/kHh7mj5dV9H5jOuQbyeXpMyrGLQ=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2018/04/07/949215/20180405165542552157i.jpg)
Com cerca de 7 milhões de habitantes, Minas Gerais era o estado mais populoso do país naquele julho de 1930, quando a bola rolou para a primeira edição da Copa do Mundo, em Montevidéu, no Uruguai. Dos 37 milhões de brasileiros, 70% viviam na zona rural. Belo Horizonte havia acabado de quebrar a barreira dos 100 mil habitantes e se preparava para uma década de importantes transformações, com o processo de verticalização da região central. Mesmo jovem e pacata, a capital mineira não escapou da euforia do primeiro Mundial, que reuniu 13 seleções no Uruguai – sendo sete sul-americanas.
O campeonato foi anunciado com entusiasmo na edição do Estado de Minas de 13/7/1930: “Inicia-se hoje, em Montevidéo, o Campeonato Mundial de Foot-Ball” dizia a manchete, rivalizando o espaço nobre da capa com a guerra ao cangaço no Nordeste e a viagem da então miss Minas Gerais ao Rio de Janeiro.
Fundado dois anos antes, em 7/3/1928, o jornal dos Diários Associados trazia detalhes de como seria a cobertura da estreia do Brasil diante da Iugoslávia, no dia seguinte: dois placares seriam afixados em frente à redação, na Avenida João Pinheiro, e as informações passadas em tempo real com a “descripção minuciosa de todas as phases da lucta”.
Foi assim que, na tarde de segunda-feira, 14/7/1930, cerca de 3 mil pessoas se posicionaram em frente à sede do jornal para ouvir a estreia da Seleção Brasileira, que perdeu para os iugoslavos por 2 a 1, no Parque Central.
![Capa do EM de 15/6/1930 mostrava público em frente ao jornal(foto: Reprodução) Capa do EM de 15/6/1930 mostrava público em frente ao jornal(foto: Reprodução)](https://i.em.com.br/yE5e7vA1OeIh-DBE5Rz2dtnxTno=/332x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2018/04/07/949215/20180405165308564039e.jpg)
Naquela tarde, o Estado de Minas se tornava o primeiro jornal do estado a usar telefone para receber e transmitir informações. “Bello Horizonte teve hontem conhecimento de todas as peripécias do embate sensacional realizado em Montevidéo, a medida que as mesmas se desenrolavam, graças ao serviço de informações do Estado de Minas que esteve, toda a tarde, em communicação com a sua sucursal no Rio que, por sua vez, se estendia directamente com o estádio do Nacional, em Montevidéo, onde se realizou o grande jogo”, estampava a capa da edição de 15/7/1930.
Para que desse conta de repassar as informações recebidas por telefone, os jornalistas precisaram recorrer a um possante megafone para narrar os pormenores da partida. Ainda coube aos jornalistas desmentir um suposto segundo gol brasileiro, que chegou a ser anunciado pelos jornais do Rio, segundo o relato.
![Mais de 3 mil pessoas se reuniram em frente à redação do EM para saber o placar da esteria no Uruguai(foto: Arte: Lelis) Mais de 3 mil pessoas se reuniram em frente à redação do EM para saber o placar da esteria no Uruguai(foto: Arte: Lelis)](https://i.em.com.br/TXz3rzkq5c7T-aI5TrEolrXpco8=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2018/04/07/949215/20180405164724666637u.jpg)
Formada por 23 jogadores do futebol carioca, mais o atacante Araken, que estava brigado com o Santos e jogou como atleta da CBD, o Brasil voltou do Uruguai com uma derrota e goleada sobre a Bolívia por 4 a 0, em jogo de eliminados que teve apenas 1,2 mil torcedores no Centenário. O médio Fausto, o Maravilha Negra, foi eleito para a Seleção da Copa, e Preguinho, atacante do Fluminense, foi artilheiro do Brasil, com três gols.