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Filhos do Terceiro Milênio

Os filhos do Terceiro Milênio são uma caixinha de surpresas. Ou melhor dizendo, um daqueles baús do tesouro dos games, cheios de gemas, orbs e ícones


16/05/2021 04:00 - atualizado 28/05/2021 13:26



O dia oficial das mães já passou, mas preciso contar algumas passagens curiosas sobre como é ter filhos do Terceiro Milênio. Há alguns dias, venho anotando as peculiaridades dessa geração pós-internet, hiperconectada nas telas e, muitas vezes, desligada da vida real. E que, sem dúvida, merece um amor ainda maior, pois é a primeira do século a atravessar uma pandemia.

– Minha agenda ficou lotada de observações sobre eles. Não convém deixar à vista, mas o risco de espionarem o conteúdo é zero. O problema é pagar o mico de usar um artefato de museu, de capa lilás e bolinhas rosas. Quando eles querem anotar algo, vão digitar no bloco de notas do celular ou do computador. O caderno da escola também está ameaçado de extinção.

– Outra armadilha é infringir, sem perceber, as regras ambientais perto deles. Imagine que você saiu com os filhos para andar de bicicleta e deixou cair na rua a garrafinha de Gatorade, pela metade. Em vez de deixar pra lá, siga o exemplo do seu filho. Ele vai interromper o trânsito, entrar no meio dos carros e resgatar o artefato de plástico. Salvará o planeta.

– Doem suas enciclopédias de papel. Nenhum deles irá fuçar os livrões da casa da avó explorando tópicos diversos por horas e horas. No entanto, podem te dar aulas de conhecimentos gerais. Falam sobre a aranha mais mortal do mundo, a constelação de Órion e os travas-línguas mais legais da língua portuguesa. Quer ver? Tente dizer papibaquígrafo três vezes, rápido. É difícil.

– Eles raramente usam o telefone para falar. Se quiser conversar com o representante da nova geração, envie mensagens de texto pelo celular. Evite ao máximo usar emojis, que são datados. “Coisa de gente mais velha”, ouvi isso outro dia. Fiquei ‘passada’, como eles dizem.

– É bastante difícil argumentar com os serzinhos da nova geração. Para começar, eles não têm tantos preconceitos nem opiniões formadas sobre tudo. De repente, o mais velho poderá sentir vontade de comer banana amassada. Desnecessário dizer que ele já é rapaz e deveria comer banana raiz. “E daí? Assim fica bem mais gostoso”,  compara ele, terminando de preparar a mistura com açúcar e canela. Não é que ele tem razão?

– Pode ter certeza. Eles nunca vão contar a você piadinhas politicamente incorretas. Nem de brincadeira. São contra aquela mania antiga de inventar apelidos maldosos para os colegas. Isso é bullying! – protestam. Podem se sentir ofendidos se você chamar pelo diminutivo o colega mais baixo da turma.

– Por falar no termo em inglês bullying, a maioria aprende a se virar nesse idioma, naturalmente, sem fazer cursos extras. Desde cedo, assistem a vídeos sem legenda no YouTube, aprendem as regras dos jogos em inglês e trocam comentários com gamers nativos. Podem disputar uma partida contra adversários do Japão, Canadá e até brasileiros.

– Você terá acesso aos maiores segredos do filho na hora de dormir, quando ele irá esticar a conversa até o momento de dar boa-noite. Pedem água, vão ao banheiro, contam casos. Preste atenção. Você poderá descobrir, por exemplo, que o sonho dele é morar em Júpiter (!). Afinal, cabem cerca de mil Terras no maior planeta do Sistema Solar. Impressionante.

– Não se assuste se você ganhar de presente uma fase de joguinho, totalmente criada pelo filho, com o nome de Mamana. É a maior honraria ser a inspiração de algo tão trabalhoso e psicodélico, cheio de cores e efeitos especiais. Você nunca vai conseguir passar da sua própria fase, mas não esquenta. Isso será a maior fonte de orgulho para ele.

– Enfim, os filhos do Terceiro Milênio são uma caixinha de surpresas. Ou melhor dizendo, um daqueles baús do tesouro dos games, cheios de gemas, orbs (criptomoedas) e ícones.

Saiba mais sobre xamanismo no canal Chá Com Leveza (https://youtu.be/-Rr0i8i8_KM)

*Sandra Kiefer assina esta coluna quinzenalmente

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