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Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

Putin, Trump, Bolsonaro, Xi Jinping, Orbán: a culpa é nossa e irá piorar

Se o mundo está à beira do abismo, a culpa é de nossas carências afetivas, que nos levam a conferir divindade a demônios


13/03/2022 06:00 - atualizado 13/03/2022 07:53

Bolsonaro
O Brasil, infelizmente, é citado como um exemplo negativo (foto: EVARISTO SA/AFP)
Os jornalistas americanos Andy Serwer e Max Zahn publicaram um excelente artigo neste sábado (12), demonstrando que Vladimir Putin, ao contrário de ser uma exceção, é uma triste regra do nosso mundo atual.

As cenas de horror vistas na Ucrânia, desde 24 de fevereiro, se repetem diariamente há anos, e até mesmo décadas, em diversas partes do globo terrestre, sobretudo em algumas regiões da África, Ásia e Oriente Médio.

A dupla de colunistas se debruçou em dados históricos, e concluiu que não vivemos tempos anormais, mas a continuidade das sombras mais escuras do século passado, onde Hitler e Mussolini eram expoentes.  

DEMOCRACIA EM QUEDA

Segundo pesquisa do V-Dem Institute, da Suécia, cerca de 70% da população mundial, algo como 5.5 bilhões de pessoas, vivem sob regimes autocráticos como o russo e o chinês, ou ditaduras teocráticas como o Irã.

Dos dez maiores países do mundo em população, apenas quatro (Estados Unidos, Brasil, México e Indonésia), ainda segundo o V-DEM, se mantêm acima da ‘linha de corte’ que permite classificá-los como democracias.

A outra má notícia é que o número de autocratas e autocracias - ou ditadores e ditaduras - vem aumentando ano a ano, desde 2011, quando então ‘apenas’ 49% da população mundial se encontrava subjugada por tais regimes.

BRASIL VAI MAL

Atualmente, ainda de acordo com os jornalistas e o instituto, somente quinze países (cerca de 3% da população mundial) apresentam dados considerados positivos em relação à democracia; o menor número desde 1978.

O Brasil, infelizmente, é citado como um exemplo negativo, e um país que apresentou forte retrocesso democrático nos últimos dez anos, especialmente após a eleição, em 2018, de Jair Bolsonaro, um autocrata assumido.

As investidas constantes e  ferozes do presidente brasileiro sobre a imprensa, os partidos políticos de oposição e os demais Poderes da República (legislativo e judiciário), constituem uma grave ameaça à liberdade do País.

MODUS OPERANDI

Outro dado relevante - e bastante assustador - é a sanha dos autocratas modernos em constituir partidos políticos próprios, como fizeram tiranos históricos ao longo dos séculos, e, mais uma vez, Jair Bolsonaro é exemplo.

Por alguma razão intrínseca, cultural, primitiva, sei lá, uma grande parte da humanidade se identifica e clama por líderes e lideranças aparentemente fortes, e personagens como Putin, Trump e Bolsonaro despontam.

As pessoas, via de regra, confundem brutalidade com autoridade e violência com respeito, e se deixam enganar por discursos violentos e disruptivos. Se, internamente, isso já não funciona, imaginem externamente.

MUNDO EM GUERRA

Políticos autocratas tendem a ser, ou melhor, são agressivos, intempestivos, intolerantes e trancafiados em seus próprios valores e crenças, daí sua extrema dificuldade nas relações geopolíticas e comerciais globais.    

Gente como Putin está acostumada a socar a mesa e a mandar; jamais debater e negociar. Dentro de seus países, com fortunas e armas à disposição, ditadores e autocratas contam com poder ilimitado, conferido pelo povo.

O diabo é quando querem - e eles sempre querem! - ultrapassar as próprias fronteiras. Um chinês, um russo e um iraniano não se sentem tolhidos e subjugados por seus feitores, mas outros povos vizinhos, podem se sentir.

VAI PIORAR

É isso que Putin não compreende. É isso que Xi Jinping não aceita. É isso que qualquer ditador ou autocrata não admite. E todos eles só chegaram ao poder pela reciprocidade, autoridade e confiança de seus povos. 

A humanidade, como o homem (indivíduo), é o lobo de si mesma. É a única espécie capaz de autofagismo consciente e injustificado. Pouco mais de meio século depois, cá estamos em busca de mais morte e destruição. 

Se o mundo está à beira do abismo, a culpa é nossa (ser humano), de nossas carências afetivas e fissuras emocionais por masculinidade e paternidade, que nos levam a conferir divindade a demônios machões. E querem saber? Vai piorar antes de melhorar.  

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