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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Carências afetiva e parental, e dinheiro e poder explicam o bolsonarismo

Entenda bolsonarismo como terraplanismo, antivacinismo e outras formas de negacionismo e ignorância extrema


16/01/2022 12:53 - atualizado 17/01/2022 18:56

Bolsonaro em fundo azul com as estrelas da bandeira do Brasil
(foto: Evaristo Sá/ AFP )
Realizar a insignificância da vida terrena, a finitude de tudo aquilo que amamos, a certeza do fim inexorável e o tanto que nós - a maioria esmagadora das pessoas, ao menos - (não) representamos para a humanidade, ou seja, absolutamente nada!, conduz o homem comum - homem, aqui, como espécie e não gênero - a um estado permanente de profunda angústia, capaz de ser suportada apenas com doses cavalares de distração (lazer, trabalho, vida social, etc.), relacionamentos afetivos positivos, autoestima elevada ou, de forma negativa, alienação, negacionismo, violência (inclusive na internet), uso de drogas e álcool e, alternativamente, através de psicotrópicos poderosos.

Cada indivíduo é único, por certo o substantivo que o justifica, e cada um reage às dores e aos desafios mundanos a seu gosto e modo. Abraçar causas nobres, como filantropia e cuidado de animais, ou aderir a movimentos humanitários e ecológicos, ajudam o tempo passar mais rápido ao mesmo tempo em que se preenche o vazio existencial. Por outro lado, aderir a grupos que vivem - e sobrevivem, financeiramente falando - às custas de teorias da conspiração, negacionismo científico, manipulação religiosa e política e outras porcarias do gênero, não só não cura as feridas d’alma como aprisiona o indivíduo em bolhas nocivas a si mesmo e ao mundo.

SOCIOPATAS GLOBAIS


Os Antivacinas, por exemplo, organizam-se de modo a criar e acreditar em teses sem quaisquer fundamentos médicos ou reais (no sentido de realidade), desesperadamente em busca de atenção, companhia e algum sentimento de unidade - ou pertencimento -, que preencham a profunda solidão que sentem. Notem: estar acompanhado não impede ninguém de se sentir só. Geralmente, o que é ainda pior, essas pessoas se tornam presas fáceis para charlatães de toda sorte, e não raro doam dinheiro, apoderam (através de voto ou fama) ‘mitos’ e ‘gurus’, e passam a ser agentes do que há de pior em um planeta cada vez mais conectado e necessitado de cooperação global.

Essas bolhas gigantescas estão presentes no mundo todo, e nos últimos anos, infelizmente, a partir do poder de organização advindo das redes sociais e internet de um modo geral, adquiriram força, poder (político e econômico) e hoje são uma das maiores ameaças à democracia, à saúde pública e ao pacto civilizatório, leia-se, combate às iniquidades sociais, raciais, religiosas, de gênero, etc. tão arduamente conquistado durante os últimos séculos, à custa de guerras e conflitos sociais e políticos sangrentos. Não se enganem, inclusive, aqueles que pensam que igrejas poderosas (cristã, judaica, islâmica, evangélica…) não fazem parte do problema.

AMEAÇA HUMANITÁRIA


Quaisquer movimentos (bolhas) que ameacem os valores universais de direitos humanos e invistam contra a civilização, através de intolerância, preconceito, discriminação, ameaças de quaisquer tipo (física, emocional, moral, sanitária, etc.) constituem-se de gente, conforme dito acima, em busca de conforto afetivo e sentimento de pertencimento. Precisam não apenas de companhia, mas de um guia, que geralmente cobra caro e transforma a manada de carentes, e crentes!, em fonte de renda e poder. Exemplos? Pastores, padres, rabinos, xamãs, políticos e governantes extremistas (sejam de direita ou de esquerda), gurus de internet, influencers e youtubers da moda.

BOLHAS ASSASSINAS

O bolsonarismo, no Brasil, é a face mais aparente desses movimentos, e engloba não apenas antivacinas, terraplanistas e outras aberrações. É a fonte, ao lado do esquerdismo radical, da cisão social inaugurada pelo odiento lulopetismo, que hoje aprisiona o País numa disputa política entre o desastre moral e sanitário de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e a cleptocracia populista de Lula da Silva, o meliante de São Bernardo. O bolsonarismo não difere de outras seitas políticas, religiosas e raciais. Ao contrário. Reza a mesma cartilha, prega as mesmas barbaridades e, muitas vezes, utiliza os mesmos modos. Aliás, o mesmo ‘modus’ - o ‘operandi’.

Extirpar o câncer social que representa Jair Bolsonaro é tão fundamental e imprescindível quanto foi extirpar o câncer de 2018 - o lulopetismo. O Brasil, infelizmente, errou na dose e no remédio, e produziu um tipo de metástase ainda mais violenta. A cura para os carentes, com baixa autoestima e necessidade de amor paterno não depende do meu ou do seu voto. A cura para os antivacinas e afins, idem. Mas a cura, ou melhor, o início da cura de nossos males políticos está em nossas mãos, na ponta do nosso dedo indicador. Em 2022, portanto, diga ‘não’ aos selvagens - sejam de esquerda ou de direita. Diga ‘sim’ à civilização e à vida. Em frente! Prevaleceremos.      


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