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Estado de Minas EM DIA COM A PSICANÁLISE

A pulsão de morte governa o mundo contemporâneo

Assistir ao jornal diário passou a ser evitado, motivo de insônia. Temos notícias de desmatamento, invasão de terras indígenas, assassinato de ambientalistas


21/08/2022 04:00 - atualizado 19/08/2022 22:23

Fogo consome mata no Brasil
Destruição implacável da natureza é sintoma da crise da civilização contemporânea (foto: Carl de Souza/AFP)

Desde o início da psicanálise, Freud tratou de entender os instintos de vida e de morte nos homens. Chamou-os de pulsões. Segundo ele, as duas são misturadas. Uma aponta para a proliferação da vida – das bactérias às espécies atuais. Outra aponta para o retorno ao inanimado, o repouso total.

O amálgama entre as duas é balanceado na vida, mas, enfim, morremos, as pulsões de morte vencem. Temos de aceitar o fato de sermos mortais. Porém, a civilização é uma obra do homem que sobrevive a este fato. É a nossa herança para os que virão de nós e continuarão a nossa obra. Ela é nossa vitória contra a morte.

Acredito que pessoas de bom senso concordarão que os rumos da humanidade são desanimadores e que essa herança a ser deixada não está condizente com tudo o que construímos desde a invenção de instrumentos na Idade da Pedra, a descoberta do fogo, a roda e tudo mais que foi inventado para nossa comodidade e proteção.

A realidade virtual é o ápice, a meu ver, o coroamento da capacidade inventiva do homem.  Um mundo paralelo no qual transitamos, mas não podemos nos mudar para lá. É no mundo real que temos o ar que respiramos, o verde que o produz, a água que bebemos e a terra onde plantamos, e em se plantando tudo dá.

O difícil é entender claramente que nos perdemos no caminho. Isso dói. O real, em si, é sem sentido, somos nós que lhe damos sentido e rumo, fazendo caminhar a humanidade. Fazemos isso a partir da educação, dos laços sociais e da política que dirige a civilização. Mas agora os sintomas desta civilização criada por nós para nossa sobrevida através dos descendentes mostram que ela está ameaçada. E os sinais são alarmantes.

Assistir ao jornal diário passa a ser atualmente evitado, motivo de insônia. Temos notícias terríveis de desmatamento, invasão de terras indígenas, assassinato de ambientalistas e todo tipo de barbaridade.

Visitei Alter do Chão, um dos balneários mais lindos do Brasil, às margens do Rio Tapajós. Coisa mais linda aquele rio verde com ondas feito mar. Areia branca e fina, matas lindas com pegadas de onças de manhã. Lagos onde filmaram a linda história da índia Tauá. Rio habitado pelo boto-rosa.

A cena daquela beleza toda poluída pelo garimpo foi de cortar o coração. Que insanidade trocar a natureza, que é a nossa vida, pelo vil metal (precisamos dele, mas não a ponto de acabar com tudo para encher os bolsos).

Garimpeiros inescrupulosos e ignorantes alardeiam na internet seu crime. É a tal vantagem dos espertinhos, conhecida como Lei de Gerson aqui no Brasil. Cervejada depois de enganar as autoridades, sem medo.

As queimadas no Pantanal, monoculturas e pecuária de dimensões imensas que avançam contra a natureza já são tema de novela, que, inclusive, traz o viés ecológico explícito para as telas de TV, com o ibope lá nas alturas. Sem falar dos crimes de preconceito, criança estuprada, abusada, discrepância entre fortunas e miséria, que não conseguimos superar. Ainda espero o avanço nesses campos.

Todos esses fatores são indícios de uma sociedade doente e da civilização que vai avançando com muitos equívocos. E seus protetores, apesar da luta incansável, ainda não conseguem reverter o avanço.

Disse Barack Obama que nossa sociedade está doente e a política também. Há muito o que fazer para que, conduzidos alienadamente pela pulsão de morte, não acabemos com toda a vida.


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