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Que possamos resistir à COVID e também aos perversos

Real insuportável é lidar com o assassinato de uma criança de 4 anos pelo padrasto, o vereador e médico Dr. Jairinho


18/04/2021 04:00



Não bastasse a COVID-19 – uma guerra biológica que assola o mundo há mais de um ano com tantas mortes próximas nos esgotando, entristecendo, horrorizando –, ainda temos de ter sanidade mental para enfrentar a realidade com seus impossíveis de suportar.

O desamparo a que fomos lançados desde a pandemia pela crise política, pois o governo foi contradizendo e discordando de tudo que as maiores autoridades sanitárias, científicas, médicas no assunto indicam como a possível defesa contra o contágio: uso de máscaras e o distanciamento.

Esta atitude do governo federal dividiu a população pela politização da crise e isto é muito danoso, porque para vencer esta guerra não precisamos de exércitos armados em batalha sangrenta (seria mais fácil?), mas de um pacto solidário, o que nos parece impossível porque o próprio presidente resiste. A Pfizer veio oferecer vacinas no ano passado e o seu representante passou o dia sentado esperando e sequer foi recebido (testemunho do deputado Kajuru).

O que chamei real insuportável é lidar com o assassinato de uma criança de 4 anos pelo padrasto, o vereador e médico Dr. Jairinho, que estava em seu quinto mandato pelo Solidariedade, acredite se quiser! E recebeu cadeira na Comissão de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro três dias depois do assassinato. Difícil...

Ele também já cometeu outros crimes contra crianças, conforme informam as reportagens em diversos jornais. No “El País” e “Piauí”, reportagens apontam que ele atuava na milícia do Batan, foi identificado como um dos torturadores de um cinegrafista, repórter e motorista sequestrados em 2008 depois de ficarem infiltrados por 14 dias na comunidade, delatados por alguém do jornal para o qual trabalhavam.

Ao pai da criança que chorava no hospital, disse o vereador: “Vamos virar a página, faz outro filho”. Por aí vemos a quantas anda a política brasileira... Aquele menino lindinho, desprotegido, torturado, machucado pela omissão da mãe.

A mãe que não cedeu aos apelos da babá, nem se opôs a seu marido entregando o filho como objeto de gozo sádico de um torturador covarde, que coagiu as empregadas para que mentissem ao depor.

A psicanalista Colette Soler em um seminário disse bem: “Não há limites às concessões que a mulher está pronta para fazer pelo seu homem, sua alma, seus bens, seu corpo. Claro não se pode dizer isso de todas as mulheres, há as que concedem sua alma, seus bens, talvez; mas seu corpo nunca”, entre outras variações possíveis.

De fato, o amor é esmagador – como a melancolia que é o esmagamento do sujeito pelo objeto, o verdadeiro amor, segundo Lacan ironicamente dizia, é suicídio, o aniquilamento máximo.

Neste caso, a mãe estava absolutamente submetida, negando o perigo, alienada àquele homem, sem tomar a atitude que abalaria sua relação. Postergando posicionar-se, entregou seu filho a um perverso, um escravo do gozo. O perverso é escravo da pulsão.

O autor do crime perverso é nosso conhecido. Ele busca oportunidade para realizar a vontade de gozo, o ápice orgástico da crueldade. Está sempre na mídia, no cotidiano das pessoas de bem. Ele não quer ir ao analista falar de sua fantasia perigosa. De sua vontade de bater, abusar, tomar o indefeso como objeto. E Henry é um. São muitos.

Deste ser abjeto cuja ética passou ao largo, respiramos o mesmo ar contaminado, não só pelo vírus, mas pelo mal que exala dos perversos. Que o menino Henry descanse em paz. Que a Justiça seja feita. Que possamos resistir à COVID e também aos perversos.

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