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Estado de Minas

O poder de manipulação e desgraça das fake news

No espaço cibernético fala-se o se quer sem arcar com as consequências. As recentes divulgações de cunho político e ideológico têm por objetivo manipular opiniões e não apenas manipular, mas confundir, gerar caos


postado em 08/09/2019 04:00



''As mentiras virtuais difamam, jogam na desgraça honrados e inocentes''



Quem diz que nunca mentiu, mente. Ou pode ser um ingênuo ou um ignorante. O ser humano gosta muito de se enganar. É um grande negador. Quer saber apenas o que lhe dá prazer e gozo. O incômodo manda para debaixo do tapete ou para o inconsciente e recalca, esquece.

É uma defesa e tanto que encobre verdades que seriam insuportáveis caso surgissem na consciência e das quais queremos nos distanciar. Nem percebemos este movimento psíquico.

Por isso, é importante saber que não somos donos de nossa própria casa. Não temos o controle pleno sobre nós. Somos parte consciência e outra, sujeito do inconsciente.

E pouco sabemos sobre este sujeito. Por isso, quem diz que nunca mente é ignorante, não no sentido pejorativo do termo, mas porque ignora que dentro de si, de sua casa-corpo, mora um estranho. Nós proclamamos o autoconhecimento e quem sabe não seria justamente o contrário do que de fato somos, sem saber.

Uma outra cena oculta-se em véus encobridores de conteúdos que são guardados a chaves e vigiados pela censura para que, tendo caído no esquecido, não retorne para nos importunar.

Então, “mentimos” por nos equivocarmos a respeito de nós mesmos. Por não nos conhecermos completamente e grande parte do que somos, apenas supomos ser. A verdade é sempre não toda. Dela sabemos um ponto e aumentamos com um conto. Não se trata de uma mentira planejada.

Criamos uma ficção imaginarizada para forjar nossa consistência, uma ideia do que somos com um relato coerente, por um sentido que nos defina. Sem isto seríamos o quê? Dizia Freud que o paciente que nega alguma coisa veementemente, nega admitir uma verdade, um desejo.

Importante é que nos responsabilizemos com o fato de que não somos donos da verdade toda e nos escapam inverdades não tão raramente. Dizia Fernando Pessoa e é mais ou menos por aí nossa ficção: “O poeta é um fingidor/ Finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente”.

Mas tudo isso é para realçar outro tipo de mentira, apontar a mentira de má fé. Todos mentimos em algum nível, mas as fake news são de outra natureza.

A internet nos trouxe a um mundo novo. E vamos navegando nesta virtualidade, mundos inexplorados. No espaço cibernético fala-se o se quer sem arcar com as consequências. Atribui-se autorias, roubam-se ideias, produzem notícias falsas para confundir as pessoas que duvidam a cada notícia se não é uma mentira. Forja-se uma mentira planejada.

Não são poucas as mentiras que rolam anônimas ou não. As recentes divulgações de cunho político e ideológico têm por objetivo manipular opiniões e não apenas manipular, mas confundir, gerar caos. E, finalmente, usar este caos para abusar do poder e da fragilidade das pessoas que não conseguem se defender ao ver seu nome jogado na lama.

As fake news usadas nos jogos de poder têm o intuito sinistro de difamar e jogar na desgraça pessoas honradas e inocentes. Exemplos não faltam. A Universidade Federal Santa Catarina teve seu reitor, acusado, preso, afastado de suas funções. Ele sucumbiu à pressão e se matou. Até hoje ninguém apresentou provas e nem evidencias de que ele fosse corrupto. Exemplos não faltam. São muitos.

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